“O esforço vence o talento”. Não foi Ana Laura Aparecida Gonçalves, 24 anos, quem inventou a frase, mas ela acredita que o ditado resume bem sua jornada até alcançar um feito sonhado por muitos estudantes. Nesta terça-feira (16), Ana soube que está entre os candidatos que tiraram a nota máxima em Matemática no Enem 2023, impressionantes 958,6 pontos. Sua jornada, no entanto, não é a de um prodígio e muito menos milagrosa: demandou nove anos de estudo, somando o Ensino Médio e cursinho, e a mesma quantidade de edições do Enem prestadas.
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A jovem de Patos de Minas (MG), que ingressará no curso de Medicina este ano, conversou com o GUIA DO ESTUDANTE sobre sua história em busca da aprovação. Ela envolve mudanças na escolha de carreira – passando por Jornalismo, Arquitetura e Medicina – penosos anos de cursinho conciliados com trabalho e, claro, muita esperança.
Tempo para pensar
Os anos em que Ana Laura passou concluindo os estudos e se preparando para os vestibulares serviu para aprender muito sobre Matemática, Biologia, Redação e… sobre o que ela quer para o próprio futuro. Quando terminava o Ensino Médio, em 2017, o plano da estudante era cursar Jornalismo na USP (Universidade de São Paulo) – sim, precisava ser, necessariamente, nessa universidade.
Mas bastou mais um ano de cursinho depois de finalizar a escola para colocar a escolha em perspectiva. “Eu parei para pensar: ‘quero mesmo jornalismo ou eu só quero falar?’ Eu gosto dessa parte mais comunicativa, mas aí comecei a perceber que eu não queria fazer o jornalismo, eu só queria falar”.
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Decidida de que não faria mais jornalismo, Ana descobriu uma nova possível paixão: a Arquitetura. E, mais uma vez, precisava ser na USP. No final de 2020, veio o primeiro resultado tentando a nova carreira: havia ficado em sexto lugar na lista de espera da universidade. Apenas cinco foram convocados.
“Ali foi onde eu comecei a ficar pensativa de novo. Eu falei ‘gente eu quero ser arquiteta, ou eu só quero fazer o curso porque acho legal?'”. Bem, era a segunda opção.
Essa é uma reflexão, inclusive, que Ana recomenda a outros estudantes. Na hora de escolher a profissão, não basta imaginar-se no curso e na universidade. É preciso entender se aquela é uma profissão que você se imagina exercendo mais tarde, cotidianamente.
Quando pensava em seu futuro profissional, Ana Laura se enxergava fazendo algo completamente diferente – imaginava-se médica. Essas reflexões tomaram boa parte do seu ano em 2021, quando ela também precisou arrumar um trabalho para ajudar a mãe com as despesas de casa. Começou a estudar sozinha, já com planos de tentar uma vaga em Medicina no final do ano.
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A essa altura, a estudante já fazia a prova do Enem há anos, mas seu foco mesmo era a Fuvest, vestibular que dá acesso à Universidade de São Paulo. Agora, com a ideia fixa de ser médica e disposta a ingressar em outras universidades públicas, passou a dar mais atenção ao exame. Ainda assim, a aprovação não veio de primeira.
Ana Laura define os anos seguintes como “perrengue atrás de perrengue”. Passou a conciliar o cursinho com o trabalho em uma lanchonete, o que tornou as jornadas de estudo bastante desgastantes. “No final de semana eu ia para a lanchonete, chegava virada na segunda-feira de manhã e os dois primeiros horários eram Matemática”, conta, destacando a disciplina que lhe rendeu uma nota máxima nesta edição do Enem.
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Matemática estratégica
Apesar de ter cogitado uma carreira na área de Humanas e agora ter enveredado pelas Biológicas, a estudante mineira sempre teve certa facilidade em Matemática – o que lhe rendia, nos primeiros anos de estudo, uma média de 30 acertos no Enem. Mas estava longe de ser o suficiente para uma aprovação em Medicina.
Quando passou a fazer seriamente o exame e dedicar-se a compreender a prova, uma chave virou. “Eu precisava de estratégia”. A estudante passou a dedicar o tempo correto para a resolução das questões, entendeu como funcionava a correção do Enem e o TRI – o famoso método “anti-chute” que atribui pesos diferentes a cada questão. Então, sua média de acertos passou de 30 para 40.
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A estratégia aliada à resolução de exercícios permitiu que Ana quase gabaritasse a prova de Matemática do Enem 2023: fez 44 acertos, em uma prova de 45 questões. Mesmo com o único erro, a jovem tirou a maior nota possível em Matemática, 958,6 pontos, graças ao método TRI – ela desconfia que a questão errada não valia pontuação, já que era a mais difícil da prova.
Apenas uma vestibulanda
Agora, Ana aguarda o início das inscrições do Sisu, onde tentará vaga em uma universidade mais perto de casa. Mas já sem o peso da reprovação e a possibilidade de mais um ano de cursinho. No início do mês, recebeu a notícia de que foi aprovada no vestibular da UFGD, a Universidade Federal da Grande Dourados.
Acumulando conquistas, ela recusa o rótulo de “gênio”, e faz questão de relembrar o longo caminho que percorreu até aqui. “Sou só uma estudante, uma vestibulanda que está conseguindo chegar onde quer realmente pelo esforço, pela luta. Não fiz cursinhos caros, ganhei desconto, trabalhei, passei perrengue. Chorei bastante e cheguei aqui realmente por ter lutado, por não ter desistido.
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