O Enem, maior porta de entrada para universidades públicas e particulares do país, cobra dos estudantes conhecimentos em Literatura. Mas, diferentemente de outros vestibulares como a Unicamp e a Fuvest, não estabelece uma lista de leituras obrigatórias para orientar os estudantes em meio a um universo imenso de livros e escritores. E agora, José? Sem pânico! Embora o Inep não divulgue uma lista de autores, ele tem seus queridinhos – e o GUIA DO ESTUDANTE constatou isso revisitando todas as edições da prova.
Ao longo dos últimos 25 anos, o escritor brasileiro que mais protagonizou questões na prova foi o poeta itabirano Carlos Drummond de Andrade, um dos maiores nomes do modernismo brasileiro. Poemas – e até crônicas! – de diferentes fases do autor foram selecionados pela banca, que questionou os estudantes a respeito do movimento literário, contexto histórico, relações semânticas e até intertextualidade com outros escritores.
Para não ser pego de surpreso caso o exame volte a escolher o poeta para a prova deste ano, confira abaixo um resumo de tudo que você precisa saber sobre Drummond, da biografia do autor até materiais de estudo como resumos e análises das obras mais famosas.
A vida de Drummond revelada por seus poemas
Carlos Drummond de Andrade nasceu em 31 de outubro de 1902 na pequena Itabira (MG), filho do fazendeiro Carlos de Paula Andrade e de Julieta Augusta Drummond de Andrade. Durante a infância, adolescência e os primeiros anos da juventude viveu por alguns períodos em Belo Horizonte (MG), Nova Friburgo (RJ) e novamente em Itabira. Por fim, quando já era casado com Dolores Dutra de Morais e pai de Maria Julieta, mudou-se para o Rio de Janeiro em 1934 – e lá viveu até o fim de seus dias.
Essas não são informações vãs para quem pretende compreender, de fato, a obra de Carlos Drummond de Andrade. Isso porque as produções do poeta são atravessadas por suas raízes e pelas diferentes fases que viveu. Em “Alguma Poesia“, seu primeiro livro, conhecemos o jovem Drummond, de vinte e poucos anos, que se deslumbrava com a possibilidade de se tornar um grande escritor modernista – mas era forçado a voltar para a pequena Itabira e administrar a fazendo do pai.
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Mais tarde, em “Sentimento do Mundo“, os temas prosaicos dão lugar a uma poesia mais política. Já ativo na militância (Drummond atuou no Partido Comunista Brasileiro), o poeta expressa no livro suas preocupações sociais. Enaltece a figura do trabalhador no poema “O operário no mar” e chama à ação em “Mãos Dadas”. Mas a fase política do poeta atinge mesmo seu ápice e maturidade anos depois, em 1945, com a publicação da antologia “A Rosa do Povo“.
Mas neste mesmo ano, algo muda na vida de Drummond – e, inevitavelmente, muda sua poesia. O escritor afasta-se de sua posição como editor do Imprensa Popular, diário lançado pelo Partido Comunista Brasileiro, por discordâncias políticas. “Claro Enigma“, antologia publicada em 1951, revela não mais o Drummond idealista, e inaugura a sua chamada “fase do não”, mais introspectiva e filosófica.
Carlos Drummond de Andrade chegou a ser chamado de “poeta público” pelo crítico literário Otto Maria Carpeaux, tamanho o alcance e universalidade de sua obra. Mas, em vida, recusava homenagens e reconhecimentos. Declinou do Prêmio Brasília de Literatura, da Fundação Cultural do Distrito Federal, e do troféu Juca Pato. Recusou-se, também, a ser indicado para uma cadeira de imortal na Academia Brasileira de Letras.
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O modernista mineiro
Ainda que não tenha participado da fundação do movimento, que teve como marco a Semana de Arte Moderna de 1922, Drummond é tido como um dos principais poetas modernistas. Também é, sem dúvidas, o maior representante do Modernismo em Minas Gerais. Mas um impasse dos professores e da crítica literária é em qual fase do movimento situar o poeta.
Isso porque, embora seja comumente classificado como um autor da segunda fase – a mais política e crítica –, algumas obras do itabirano escapam a essa classificação. A começar pelo seu primeiro livro, “Alguma Poesia”, mais experimental, com temas mais cotidianos e voltados primordialmente às experiências humanas. “Claro Enigma”, como já mencionado, também revelou um Drummond mais filosófico e menos social.
Apesar de não caberem exatamente em “caixinhas”, todas as suas obras são inegavelmente modernistas. Algumas características que permite classificá-las como tal são:
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- Recusa do formalismo na escrita;
- Rompimento com os moldes parnasianos de poesia;
- Linguagem simples;
- Temáticas sociais e da realidade brasileira;
- Dilemas da experiência humana;
- Confronto entre o “eu” e o coletivo.
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Resumos e análises das principais obras de Drummond
- Resumo e análise de “Alguma Poesia”
- Resumo de “A rosa do Povo”
- Resumo e análise de “Sentimento do Mundo”
- Podcast e análise de “Claro Enigma”
- Análise de “Antologia Poética”
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