O que você precisa saber sobre as notas de corte do Sisu 2021
Entenda o funcionamento da nota de corte e o que pode interferir na sua queda ou aumento
As inscrições do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do primeiro semestre de 2021 foram prorrogadas até a próxima quarta-feira (14) por decisão do Ministério da Educação. Para participar do programa do governo federal que seleciona estudantes para universidades federais e estaduais é necessário ter realizado o último exame nacional e não ter zerado a redação.
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Durante o período de inscrições, os candidatos podem modificar suas opções quantas vezes quiserem. O sistema irá considerar a última opção preenchida. Nesse período de “apostas” para tentar uma vaga, a atenção dos estudantes se voltam para as notas de corte e muitas dúvidas acabam surgindo.
Vamos esclarecer o funcionamento da nota e o que pode interferir na sua queda ou aumento.
O que é a nota de corte?
A nota de corte é uma referência para auxiliar o candidato no monitoramento de sua inscrição. Todo dia elas mudam, de acordo com a nota dos candidatos que já se inscreveram até aquele momento. Ela é calculada a partir do número de vagas ofertadas do curso. Ou seja, se o candidato quer um curso que esteja oferecendo 10 vagas, a nota de corte será sempre a nota do décimo classificado.
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A nota de corte leva em consideração classificados na primeira e segunda opção?
Durante as inscrições do ano passado, o sistema do Sisu mudou a regra e começou a considerar as notas dos alunos nas duas opções. Assim, pessoas com notas altas estavam sendo aprovadas nas duas escolhas e as notas de corte acabaram subindo.
O professor de matemática Frederico Torres, coordenador do Colégio Pódion e fundador do Mente Matemática, explica que isso acaba resultando em uma classificação fantasma, já que no fim do processo o estudante classificado nas duas opções é considerado, automaticamente, só na primeira posição. Dessa forma, o aluno não conseguia saber quantos dos estudantes que estavam na frente dele na classificação parcial poderiam, potencialmente, sumir ou não quando saísse a chamada regular.
O MEC manteve a regra da classificação dupla na edição 2021. Mas, após muitas críticas, no domingo (11), voltou atrás e mudou novamente o cálculo das notas de corte. Com a decisão, o sistema passa a funcionar como nas edições anteriores às de 2020: classificados na primeira opção não serão considerados na classificação parcial da segunda opção de curso.
De acordo com o MEC, de zero hora até uma hora de terça-feira (13), o sistema fará o processamento e a apresentação do primeiro ranqueamento das inscrições nesse formato; o segundo momento ocorrerá de zero hora até uma hora de quarta-feira (14). Com isso, os candidatos terão os dois últimos dias de inscrição, terça e quarta, para fazer e refazer suas opções.
Com alta abstenção do Enem 2020, as notas de corte podem diminuir?
A edição regular, que aconteceu nos dias 17 e 24 de janeiro de 2021, havia 5.523.029 inscritos, porém, mais de 2,84 milhões de candidatos (51,5%) deixaram de fazer a avaliação de Linguagens, Ciências Humanas e a redação. O número foi ainda maior no segundo dia, 3.052.633 estudantes ausentes (55,3%).
Com 96 mil inscritos em todo país, o exame-piloto do Enem Digital realizado em 31 de janeiro e 7 de fevereiro também apresentou um índice alto de candidatos faltosos, tanto no primeiro quanto segundo dia — 68,1% e 71,3%, respectivamente.
Os números recordes de faltas fizeram com que muitos estudantes questionassem se a abstenção poderia refletir na concorrência. Torres diz que há sim a possibilidade das notas de corte estarem mais baixas, principalmente em cursos que já não têm concorrência tão alta – mas pontua que trata-se de um exercício de futurismo. “Já em cursos muito concorridos, como Medicina e Direito, a diferença na classificação de candidatos aprovados é muito apertada, assim, mesmo com as desistências por conta da pandemia, ainda têm muitos alunos próximos da nota de corte”, explica.
Ao mesmo tempo, o número de vagas ofertadas no Sisu deste primeiro semestre diminuiu em relação ao ano passado. A seleção de 2020/1 preencheu 237.128 vagas em 128 instituições de ensino. Neste ano, com a postergação do Enem e consequentemente do Sisu, o programa está ofertando 209.190 vagas, em 110 universidades. “A abstenção bem alta e menores números de vagas ofertadas acaba gerando, de certa forma, um equilíbrio”, observa o professor de Matemática. Mas, é claro, que cada curso tem sua característica e concorrência – são vários casos a serem levados em conta.
TRI e nota de corte
Torres diz que, analisando numericamente, as quedas e aumentos na nota de corte dependem muito mais de fatores como a TRI do que propriamente da abstenção. Se uma prova tiver uma abstenção muito alta, mas o grau de dificuldade da avaliação for elevado e alguns alunos estarem muito bem preparados para realizá-la, as notas serão altas.
Lembrando que a Teoria de Resposta ao Item (TRI) adotada pelo Enem é conhecida como método “anti-chute”. Ela leva em consideração o grau de dificuldade das questões em vez da quantidade de acertos do candidato. Pode acontecer, por exemplo, de duas pessoas com o mesmo número itens corretos tirarem notas diferentes. Se aluno acertou as mais difíceis e errou as fáceis, a nota será menor.
De acordo com a análise de Torres, a edição de 2020 do exame teve uma boa queda nas notas de Matemática, por conta da TRI e da dificuldade dos itens: “alunos que vinham acertando 35 questões em anos anteriores e repetiram a mesma quantidade de acerto neste ano tiveram notas menores”, afirma.