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JÜRGEN HABERMAS

O filósofo e sociólogo alemão é conhecido por sua "ética da discussão", na qual o diálogo em si é mais importante do que o convencimento do interlocutor

por Guia do Estudante Atualizado em 18 ago 2017, 16h14 - Publicado em
16 ago 2017
13h07

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Jürgen Habermas

ORIGEM

Düsseldorf (Alemanha) (1929 – )

CORRENTE FILOSÓFICA

Escola de Frankfurt

PRINCIPAIS OBRAS

Mudança Estrutural da Esfera Pública; Conhecimento e Interesse; Teoria do Agir Comunicativo; O Discurso Filosófico da Modernidade; A Ética da Discussão e a Questão da Verdade; Direito e Democracia

FRASE-SÍNTESE

“O agir comunicativo fundamenta-se na força sem violência do discurso argumentativo.”


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BIOGRAFIA

Jürgen Habermas nasceu em 18 de junho de 1929, em Düsseldorf, na Alemanha. Após obter um doutorado em filosofia na Universidade de Bonn, em 1954, Habermas trabalhou como assistente de Theodor Adorno, entre 1956 e 1959, no Instituto de Pesquisas Sociais, da Universidade de Frankfurt. Habermas emergiu como um dos principais expoentes da segunda geração da Escola de Frankfurt – à época, uma nova corrente influenciada pelo marxismo, que se dedicava a reflexões e críticas sobre a razão, a ciência e o avanço do capitalismo. Sua meteórica carreira universitária foi acompanhada por uma intensa participação nos movimentos sociais de sua época. Na carreira universitária, além de Frankfurt, trabalhou em Heidelberg, Starnberg (Instituto Max Planck) e na Nova Escola de Pesquisa Social de Nova York, a partir de 1968. Sempre denunciou o que via como “elitismo” do movimento estudantil, que acabava fazendo o jogo do conservadorismo tecnocrático.

“Não é a relação de um sujeito solitário com algo no mundo objetivo que pode ser representada e manipulada, mas a relação intersubjetiva, que sujeitos que falam e atuam assumem quando buscam o entendimento entre si, sobre algo. Ao fazerem isso, os atores comunicativos movem-se por meio de uma linguagem natural, valendo-se de interpretações culturalmente transmitidas, e referem-se a algo simultaneamente em um mundo objetivo, em seu mundo social comum e em seu próprio mundo subjetivo.”

A FILOSOFIA DE HABERMAS

Em sua Dialética do Esclarecimento, os filósofos Adorno e Horkheimer, fundadores da chamada Escola de Frankfurt, criticaram a razão oriunda do Iluminismo, a qual, na época utilizada como meio de libertação, converteu-se em instrumento de dominação, uma vez que o mundo passou a ser administrado em nome da técnica: é o que chamavam razão instrumental, dirigida a fins.

Para esses filósofos, a razão instrumental teria, inclusive, atingido as obras de arte. A produção artística, longe de preservar sua “aura” e sua autonomia, passou a ser produzida e condicionada de acordo com uma lógica de mercado. A Indústria Cultural, nome usado por Adorno e Horkheimer, portanto, tornou as produções artísticas mercadorias como quaisquer outras.

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Para Habermas, Adorno e Horkheimer, confundiram um tipo particular de racionalização com a própria razão. A razão, assim, não pode ser reduzida à sua perversidade utilitária, uma vez que ela possui uma função comunicativa. Na estrutura da linguagem cotidiana, assim, já está embutida uma exigência de racionalidade. A linguagem é uma verdadeira forma de ação: o simples fato de falar implica, além de uma exigência de compreensão mútua, um ideal de exatidão e veracidade e uma sinceridade. A interação com a linguagem, assim, sustenta que os indivíduos partilhem um mundo objetivo, um mundo social e um mundo subjetivo – essa é a base de sua teoria da ação comunicativa.

Assim, Habermas reconcilia-se com a razão ocidental e propõe um verdadeiro salto paradigmático, buscando um conceito de racionalidade que seja ancorado nos processos de comunicação. Se existe uma racionalidade instrumental mediada pela economia e pelo poder, existe todo um agir comunicativo, que busca o entendimento e o assentimento entre sujeitos, tendo em vista uma ação comum, baseado na forma sem violência do discurso argumentativo. No diálogo – quando ninguém é “trapaceiro, nem um psicótico, nem um bêbado” –, cada ser se investe numa troca em que só contam os valores de razão, como reconhecimento, respeito e sinceridade.

Habermas visa a fundar uma “ética da discussão”: em vez de um sujeito buscar fazer valer uma lei universal, é preciso buscar uma discussão na qual as questões morais sejam objeto de debates, dando lugar a acordos. Uma norma ética, para ele, só é válida quando for objeto de uma livre discussão. Só o agir comunicativo, que tende ao entendimento entre os atores, pode ser a base ética de uma sociedade. Habermas foi acusado, por muitos, de “reformista”, pois, em vez de desesperar-se diante da democracia burguesa, levou a sério suas potencialidades.

Em suma, como diz Habermas, a ação comunicativa ocorre “sempre que as ações dos agentes envolvidos são coordenadas, não através de cálculos egocêntricos de sucesso, mas através de atos de alcançar o entendimento. Na ação comunicativa, os participantes não estão orientados primeiramente para o sucesso individual, eles buscam seus objetivos individuais respeitando a condição de que podem harmonizar seus planos de ação sobre as bases de uma definição comum de situação. Assim, a negociação da definição de situação é um elemento essencial do complemento interpretativo requerido pela ação comunicativa”.

Habermas hoje

Habermas é hoje um dos maiores pensadores das ciências humanas. Na educação, sua noção de ação comunicativa é utilizada para defender, na escola e na universidade, a interdisciplinaridade, contra a ideia positivista de separar as disciplinas em compartimentos estanques. O diálogo e a busca de estruturas racionais subjacentes às disciplinas são atitudes que podem enriquecer todos os campos do conhecimento. Na política, sua teoria é base para alternativas à democracia representativa, modelo que passa a ser cada vez mais contestado por eleitores que não se sentem representados pelos políticos e governantes. A defesa de outras formas de participação política, como comitês e audiências públicas, resgata, ainda que parcialmente, aspectos da democracia direta e dos plebiscitos, comuns na Antiguidade.

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