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“A Onda”: saiba como utilizar o filme no vestibular

Explore diversos elementos do enredo e enriqueça seu repertório

Por Julia Di Spagna
Atualizado em 18 abr 2019, 17h16 - Publicado em 3 Maio 2018, 07h00

A ideia desta série de matérias é permitir que você consiga desenvolver um repertório mais amplo e um pensamento crítico mais aguçado com base nas diversas camadas que a sétima arte pode apresentar. As análises dos filmes que faremos aqui buscam mostrar certas relações entre o enredo e temas contemporâneos que podem ser abordados na redação e em outras questões do Enem e dos principais vestibulares do Brasil.

“A Onda”: saiba como utilizar o filme no vestibular

Rainer Wenger é um professor que, contra sua vontade, fica encarregado de ministrar uma aula sobre autocracia (regime em que o governante exerce um poder absoluto e ilimitado). Sua nova turma, formada por alunos do ensino médio, não acredita que uma ditadura poderia nascer na Alemanha moderna.

O docente decide então provar o quão próxima está essa realidade. A partir de um experimento, ele tenta mostrar o poder da manipulação de massas e os mecanismos do fascismo.

Como líder, Wenger estabelece novas regras. Os jovens devem usar uma espécie de uniforme, anulando as individualidades de cada um, e criam uma saudação, para se cumprimentarem entre si. Na sala de aula, são organizados de acordo com suas notas e precisam ter permissão e se levantar para falar. O professor deve ser chamado de Senhor Wenger e o movimento ganha símbolo e nome: a onda.  

A unidade que constroem com o apagamento de suas identidades faz com que os jovens protejam os outros membros da Onda e sejam hostis com quem não pertence ao grupo.

Em pouco tempo, o movimento que começou como um experimento em sala de aula toma proporções assustadoras – muito além dos muros da escola. Quando o professor percebe o que ocorreu, tenta encerrar a atividade, mas as coisas fogem de seu controle.

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O filme é baseado em uma história real. Em 1967, na Califórnia, um professor realizou o experimento com seus alunos, intitulado de “Third Wave” (a terceira onda), para mostrar aos jovens como funcionava a Alemanha nazista.

“A Onda”: saiba como utilizar o filme no vestibular

É possível explorar “A Onda” a partir de diversos aspectos. Conversamos com Felipe Leal, professor de redação do Anglo Vestibulares, para estabelecermos quais os principais e qual a melhor forma de aplicá-los na hora da prova.

A formação de um regime autoritário

Fica nítido no enredo como regimes autoritários e a manipulação das massas pode ser feita de forma gradual e imperceptível. As ações incorporadas em prol da unidade do grupo são tratadas de forma natural e, com o tempo, tomam grandes proporções.

Mesmo uma sociedade que se considere democrática não está imune ao crescimento do fascismo, que pode ser considerado perigosamente sedutor.  

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Certos regimes, como o nazismo, podem não ressurgir em sua totalidade, mas alguns elementos considerados inofensivos podem, em conjunto, desencadear um efeito devastador.

Um autor muito explorado nos vestibulares por tratar de temas contemporâneos e que é importante nessa discussão é o sociólogo Zygmunt Bauman. Uma das ideias trabalhadas em seu livro “Modernidade e Holocausto”, é o nazismo como algo latente na sociedade contemporânea.

Juventude descrente com o futuro

O filme apresenta uma situação muito comum atualmente: uma juventude descrente com o futuro que, por não enxergar uma identificação com a política, pode se deixar levar por “alternativas de governo”. O filme mostra a imagem de liderança que os jovens constroem em relação ao professor e as consequências dessa legitimação indireta de poder.

Nesse contexto, o sociólogo Theodor Adorno ressalta a importância da educação para que Auschwitz não se repita.

Brasil e distanciamento da classe política

Também é possível estabelecer relações entre o filme e a situação nacional. A descrença e distanciamento de muitos jovens em relação à classe política pode abrir espaço para o crescimento de movimentos autoritários em uma espécie de necessidade de liderança.

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Discurso de ódio

O radicalismo e a dimensão que determinados ideais podem alcançar com as redes sociais é grande. Discursos de ódio ganham força e têm a possibilidade do anonimato, facilitando os ataques.

A vontade dos jovens de pertencer a um grupo com o qual eles se identifiquem também existe. A internet potencializa essa situação e muitos movimentos extremistas se formam nessa dinâmica. 

Um exemplo recente do quão vivo está o discurso de ódio na nossa sociedade é a marcha em Charlottesville – com ataques de manifestantes contra negros, homossexuais, imigrantes e judeus. Saiba mais aqui.

Símbolos

Os jovens chegam a criar um símbolo para o movimento, que é pichado em muros pela cidade. Isso fortalece a unidade do grupo e ajuda na construção de uma identidade. O nazismo, por exemplo, é representado pela suástica.

“A Onda”: saiba como utilizar o filme no vestibular

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Ficou na dúvida de como esse conteúdo poderia ser aplicado na sua redação? Vamos ajudá-lo nessa missão.

É impossível prever qual será a proposta dos vestibulares. Entretanto, seja qual for o tema, se você estiver munido de diversos exemplos e relações relevantes na hora da prova o resultado será muito melhor do que imagina.

No caso do filme “A Onda”, é importante identificar os principais tópicos, como autocracia, fascismo, fanatismo, “alternativas de poder” e legitimação indireta de um líder, por exemplo, e memorizar algumas cenas que exemplifiquem as situações.

Você não precisa assistir ao filme com um caderno fazendo várias anotações. O importante é você entender o enredo como um todo e refletir sobre determinados acontecimentos que achar adequados. Se quiser, anote alguns tópicos apenas e pesquise mais sobre os temas que achar mais pertinentes ou que tiver alguma dificuldade.  

“A Onda”: saiba como utilizar o filme no vestibular

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Selecionamos algumas propostas de redações de vestibulares de anos anteriores em que você poderia utilizar seus conhecimentos sobre o filme para desenvolver o tema, tanto em termos de relações estabelecidas quanto em forma de exemplos.

Fuvest 2016 – As utopias: indispensáveis, inúteis ou nocivas?

Os excertos apresentados nessa proposta analisam a noção de “utopias” através de vários pontos de vista. Um deles explora o perigo das mesmas: “Ineficazes quando permanecem como sonhos; perigosas quando se quer realizá-las”. É aqui que entra o filme. Uma abordagem possível é: até que ponto vale a pena lutar por uma utopia?

O custo da construção desse suposto mundo ideal pode ultrapassar barreiras e prejudicar os indivíduos que discordem dessa visão de mundo, como apresentado na obra.

Fuvest 2012 – Participação política: indispensável ou superada?

O distanciamento das pessoas em relação à classe política é um dos pontos levantados pela proposta. O filme poderia ser utilizado para analisar a importância dos jovens não se afastarem das discussões e o perigo de se deixarem levar por regimes autoritários.

Fuvest 2010 – Um mundo por imagens

Na proposta de redação da Fuvest 2010, o aluno poderia analisar e questionar a maneira como os jovens enxergam o movimento que criaram como um todo. Ou seja, vale citar a construção que fazem da Onda como uma instituição, do professor como um líder ou até das pequenas situações em que agem a partir de obrigações preestabelecidas pelo grupo.

A própria proposta aponta que constroem-se imagens e “no cotidiano, é comum substituir-se o real imediato por elas”. Tente explorar como os estudantes do filme tratam o movimento criado por eles.

Enem 2007 – O desafio de se conviver com as diferenças

Nessa proposta, o estudante poderia utilizar o filme como exemplo da importância da pluralidade de grupos, sociedades e culturas de maneira geral. Dependendo do caminho que o aluno decidir seguir no texto, é válido contar como as diferenças foram apagadas em prol da unidade dos membros do movimento e todos os problemas que isso pode desencadear, por exemplo.  

Filme: A Onda
Ano: 2008
Direção: Dennis Gansel

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Estudo, Redação
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