Apagão pode inspirar questões de vestibulares no fim do ano
Professor diz que o evento em si não deve cair, mas o assunto energia pode ser abordado
Por Paulo Gama
Em 11 de março de 1999 ocorria o maior blecaute da história do país, até então. Naquela data, entre 60 e 75 milhões de pessoas, em 9 estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, além do Distrito Federal, foram afetadas pela pane. A situação, que, assim como o blecaute que atingiu boa parte do Brasil na noite de ontem, também começou por volta das 22h15, só foi normalizada às 3h39 do dia seguinte.
O governo federal deu explicações 20 dias depois do incidente, responsabilizando um raio que teria atingido uma das torres de transmissão, na cidade de Bauru, interior de São Paulo. As explicações, até hoje, são vistas com desconfiança – técnicos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) afirmaram não haver registros de tempestades na região no dia do apagão.
Nos vestibulares que aconteceram meses depois do evento, o apagão foi usado como pano de fundo em várias questões. A primeira fase do vestibular para a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) abordou a produção de energia em uma usina hidrelétrica em uma questão de física. A prova de geografia, na segunda fase, abordou o assunto de um jeito mais direto: dois gráficos mostravam a mudança na origem da energia elétrica consumida pelo brasileiro em 1970 e 1994 e pedia que o candidato explicasse razões das alterações nesse padrão de consumo.
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) daquele ano usou o tema da energia para quatro questões (35 a 38) – uma delas tratando exatamente da queda de um raio em uma estação de transmissão de energia.
NOVO APAGÃOEmbora não haja tempo hábil para a inclusão de questões nesses dois exames (Enem e Unicamp) os professores ouvidos pelo GUIA DO ESTUDANTE não descartam que questões de outros vestibulares – principalmente das universidades federais – usem o apagão desta terça-feira como ponto de partida para algumas perguntas.
O evento em si não deve ser abordado – é difícil que sua causa seja totalmente esclarecida até a data das provas irem às gráficas. No entanto, os exames podem usar notícias sobre o apagão para introduzir questões a respeito de formas alternativas de energia ou do investimento do país no setor.
“Se alguma banca achar interessante – e ainda houver espaço para isso – ela pode incluir questões que problematizem a dependência energética do Brasil em relação às usinas hidroelétricas”, afirma Paulo Lima, coordenador pedagógico do CPV.
Outra possível abordagem é uma comparação entre o racionamento de energia por conta de uma ameaça de apagão, em 2001 – cujo problema foi a escassez de energia – e o que aconteceu em 10 de novembro, creditado, até então, a problemas em linhas de transmissão que recebem energia da usina de Itaipu.
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