Maria reparou que sua geladeira tem ficado com um cheiro forte que está, inclusive, impregnado nos alimentos. Por mais que ela limpasse o eletrodoméstico por dentro, o odor não era completamente eliminado. Ela leu na internet que uma das técnicas para tentar solucionar a situação é colocar um potinho de carvão ativado na prateleira. Qual interação molecular permite a remoção de compostos aromáticos da geladeira? É assim que as forças intermoleculares podem aparecer na prova do Enem, como explica o professor de Química do Colégio Radial, Rodrigo Visquetti de Santana.
“O exame traz sempre o assunto dentro de um aspecto contextualizado, ele coloca alguma situação do cotidiano, que pode misturar compostos orgânicos e inorgânicos. Por isso, é essencial que o aluno observe os fenômenos do dia a dia, entenda o que ocorre e saiba os tipos de interação possíveis”, afirma.
O Enem cobra do estudante o significado das ligações e como as moléculas interagem na natureza. Por isso, conforme o professor, é comum ver questões interdisciplinares, que tratem das forças intermoleculares e a interação com Biologia e Geografia, em temas como solo e agricultura.
Ligações e modelos de questões
As ligações dipolo-dipolo, dipolo-induzido e de hidrogênio podem ser cobradas na prova, mas o candidato deve saber uma série de conceitos de pano de fundo para conseguir chegar à resposta desejada. Se o exame traz uma dissociação de ácido, por exemplo, no enunciado estarão envolvidos vários aspectos de uma reação química, e o enunciado deve pedir a interação de uma das etapas desse processo.
Rodrigo ressalta que o exame não costuma ter enunciados longos, e lembra que os alunos devem saber principalmente quais são as reações intermediárias de uma reação química. “Se eu reagir um ácido com uma base, ele tem que saber quais tipos de compostos se formam e como os produtos interagem entre si. É possível que o Enem peça a reação de um desses produtos com outra substância”, explica.
Ele ainda lembra que o estudante deve saber também as ligações intramoleculares (iônica, covalente, covalente dativa e metálica), ou seja, as que formam uma molécula, porque uma das principais características do exame é relacionar as duas forças nas questões.
Uma das situações que pode aparecer na prova, segundo o professor, é a de moléculas de água na questão ambiental, cobrando características como a tensão superficial da água, que é maior do que a dos compostos semelhantes. Além disso, muitas das questões de forças intermoleculares trazem compostos orgânicos e o aluno pode ser questionado se essa substância é solúvel em água, gasolina e álcool.
Desenho
Para resolver as questões de forças moleculares, o professor destaca que uma técnica importante é construir as moléculas citadas no enunciado para entender o desenho tridimensional delas. “A melhor forma de entender as características de uma molécula é transformá-la em uma figura geométrica, assim, o aluno pode ver se ela tem um lado maior que o outro, se há um pólo, um desequilíbrio”, diz.
Caso a imagem esteja simétrica, sem pólos, já é possível definir se os materiais interagem. Se uma for assimétrica e a outra não, não haverá interação. Por isso, Rodrigo ainda orienta que os candidatos elaborem, para estudo em casa, uma tabela com os tipos de ligações e os desenhos intermoleculares que as substâncias fazem para saber quais compostos interagem e quais não.
Vestibulares tradicionais
Ao contrário do Enem, em que há uma contextualização e o aluno deve deduzir quais as ligações envolvidas, nos demais vestibulares as questões de forças intermoleculares são mais teóricas e o aluno deve explicá-las dentro de um processo industrial, como aponta o professor.
“As outras provas colocam um princípio teórico bem pesado e pedem, por exemplo, para calcular a força da ligação. São exercícios mais quantitativos e o tema não aparece sozinho: ele pode estar misturado misturado com assuntos como forças de ionização e entalpia”, destaca Rodrigo.
Gabarito das questões
Enem 2011 – E
Enem 2013 – E
Enem 2016 (questão 85) – C
Enem 2016 (questão 60) – D
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