Como interpretar as obras de arte nos vestibulares?
Conversamos com um professor de História da Arte e reunimos dicas para quem quer se sair bem nas questões sobre o assunto
É cada vez mais comum nos vestibulares o uso de obras de arte para contextualizar questões das provas, principalmente depois que a interdisciplinaridade caiu nas graças das bancas organizadoras. Um grande exemplo disso é o quadro “Rosa e Azul”, do pintor impressionista Renoir, que (pasmem!) apareceu em uma questão de química da Fuvest 2023. A pergunta pedia para que o candidato assinalasse quais produtos poderiam ser usados nas produções de tintas azul e rosa a partir do repolho roxo.
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Pensando na competência leitora exigida pelos exames, é importante que todo estudante saiba, minimamente, interpretar obras de artes. Afinal, não só os textos escritos devem ser bem lidos e interpretados, mas também mapas, gráficos e imagens.
“A leitura da obra avalia, também, que informações o aluno consegue retirar [da imagem] e como ele combina essas informações com aquelas que vem no enunciado e no texto verbal”, explica Maurício Soares, professor de Literatura do Anglo e especialista em História da Arte.
Aprenda, neste texto, a analisar as obras de arte nos vestibulares.
Olhar atento
A primeira dica do professor Maurício é sempre verificar os registros das imagens. Ou seja, o nome da obra de arte, a data de sua realização, o artista e outras possíveis informações. Associando estes dados à imagem da obra em si os estudantes reúnem os primeiros elementos para resolver a questão.
O estudante pode, ele próprio, se orientar por algumas perguntas na hora de fazer essa análise. Por que essa obra está aqui? De que época ela é? Qual é o tema principal? De que cores o artista se utilizou? Essas cores representam elementos que eu conheço? Nos lembram bandeiras de países?
Em seguida, quando já tiver coletado informações sobre a imagem e seu contexto na questão, será a hora de observar a obra com olhar mais analítico. O professor Mauricio afirma que esse é um momento de diálogo, em que o estudante vai estabelecer conexões entre o que está vendo e os dados reunidos. E acredite: é uma experiência que pode ser bastante interessante!
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Saiba distinguir as obras
Para responder às questões relacionadas às obras de arte nos vestibulares, o estudante não precisa saber detalhadamente sobre as correntes artísticas, e nem conhecer todos os detalhes da História da Arte. O que o professor do Anglo recomenda é que o candidato seja capaz de distinguir uma pintura acadêmica de uma pintura do Modernismo, por exemplo, e também entender alguns traços principais que compõem essa ideia do moderno.
Esse conhecimento é muito mais um vocabulário, um ferramenta para que o aluno consiga identificar elementos e analisar a obra de arte.” Existem alguns elementos basilares na hora de se lidar com obras de arte: pintura acadêmica, a ruptura das vanguardas, o salto do moderno pro contemporâneo. Então, é esse olhar geral que me parece mais útil e mais interessante no caso da resolução das questões. Nesse caso, as correntes artísticas, especificamente, acabam ficando dispensáveis”, explica Maurício.
Utilize seu repertório
Repertório é tudo. Seja ele acadêmico, literário, audiovisual – e artístico, é claro. Utilize seu repertório para tentar analisar as imagens de arte e relacioná-las com o que se pede na questão. Quanto mais vasta for sua bagagem, mais rápido você conseguirá inserir a obra de arte no contexto que a prova te dá.
E isso não necessariamente significa que o candidato deve ter informações sobre livros, filmes e pinturas na ponta da língua! “Não deve ser enciclopédico, no sentido de saber o nome do autor, a data, saber relacionar a um movimento… Não é disso que se trata”, afirma o professor de Literatura. Segundo ele, no caso de arte, ter repertório significa estar habituado a ler essas obras. Um candidato que costuma ir a museus ou mesmo pesquisa sobre pinturas na internet, por exemplo, sabe quais perguntas devem ser feitas e quais são as informações necessárias para compreender uma obra.
Coletar informações e referências faz com que esse repertório cresça e, com certeza, faz toda a diferença quando o candidato esbarra com uma obra de arte no vestibular. Esses processos de interpretação e leitura vêm à tona!
“A partir do momento que eu tenho o hábito de interpretar obras, e que eu tenho um nível médio de repertório geral, eu tenho mais condições de olhar para uma obra individualmente e ver mais coisas nela”, completa Maurício.
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