Você pode não conhecer Santiago Ramón y Cajal por nome, mas saiba que esse cientista e médico fez descobertas que afetaram diretamente a forma como entendemos a biologia do cérebro e a estrutura do sistema nervoso atualmente.
Conhecido como pai da neurociência moderna, ele usou técnicas de coloração para demonstrar que o tecido nervoso consiste em células individuais, os neurônios. Isso foi fundamental para o desenvolvimento da teoria neuronal, que contraria a crença anterior de que o sistema nervoso era formado por uma rede contínua de tecido. Os detalhados desenhos de Cajal das células cerebrais e suas conexões são até hoje considerados clássicos na área da neuroanatomia.
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Quem lê esse histórico pode pensar que Cajal foi um aluno exemplar durante toda sua vida acadêmica, não é? Mas não foi bem assim. Antes de se tornar um renomado médico e ganhar um Nobel por suas contribuições, Ramón y Cajal foi um adolescente rebelde que chegou a ser preso.
Conheça mais a trajetória do cientista que pode inspirar aqueles que querem dar uma reviravolta nos estudos e na vida profissional.
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Infância
Nascido em 1852 em Petilla de Aragón, na Espanha, Cajal era o filho de Justo Ramón Casasús e Antonia Cajal. Desde cedo, mostrou um comportamento rebelde e pouco interesse pela educação tradicional e disciplina rígida da escola, o que gerava uma queda em seu desempenho acadêmico.
No entanto, ele tinha um forte interesse por artes e pela natureza, passando boa parte do seu tempo ao ar livre, desenhando plantas e animais – uma habilidade que mais tarde se tornaria essencial para suas investigações científicas e em suas detalhadas ilustrações neuroanatômicas.
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Sua juventude também foi bastante tumultuada. Frequentemente, ele entrava em conflito com autoridades, incluindo professores e seu próprio pai. Para você ter uma ideia, quando era adolescente, Cajal foi preso após destruir um portão da cidade com um canhão caseiro que ele mesmo construiu. Mas a atitude não foi motivada por uma rebeldia sem causa: a ideia era testar limites e explorar questões de engenharia e mecânica de forma prática.
Assim, esse incidente é um exemplo das dificuldades para tentar discipliná-lo – e também mostra a energia e a curiosidade que Cajal possuía, características que, quando direcionadas para a ciência, fizeram a diferença para suas futuras conquistas como neurocientista.
Seu pai, que era médico, reconhecendo o potencial do filho mas preocupado com sua indisciplina, o encorajou para seguir na mesma carreira que ele, com esperança de que o rigor da área o disciplinasse.
Apesar de inicialmente relutar, Cajal aceitou o conselho do pai e ingressou na Escola de Medicina da Universidade de Zaragoza.
Carreira acadêmica e descobertas científicas
Cajal se graduou em 1873. Foi na universidade, durante seus estudos em medicina, que ele começou a desenvolver um interesse profundo por ciências e anatomia humana, campos nos quais ele faria contribuições revolucionárias.
Após trabalhar como médico no exército, ele retornou à academia para estudar histologia, a ciência dos tecidos biológicos. Foi durante esse período que Cajal começou a usar o microscópio, ferramenta que se tornaria central em sua carreira científica.
Utilizando técnicas de coloração aperfeiçoadas pelo histologista Camillo Golgi, ele foi capaz de visualizar melhor as células nervosas, o que o levou à sua mais famosa descoberta: os neurônios são células discretas e não uma rede contínua, como se acreditava na época.
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Contribuições para a neurociência e legado
Cajal ganhou o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1906, compartilhado com Golgi, por seus estudos pioneiros sobre a estrutura do sistema nervoso. Suas ilustrações detalhadas dos neurônios e suas conexões são usadas até hoje para ensino devido à sua precisão e beleza artística.
Ele é reconhecido não apenas por suas descobertas, mas também por seu método, que combinava habilidades de observação minuciosa com uma técnica precisa para expressar seus conhecimentos por meio de desenhos. Cajal também foi um defensor da ciência como um meio de melhorar a sociedade, e incentivou muitos jovens cientistas a seguir carreiras em pesquisa.
Aquele mesmo jovem que não seguia as regras da escola, ficou conhecido por seu trabalho árduo, dedicando longas horas ao microscópio com um rigor científico meticuloso. Ele também chegou a se interessar por filosofia, literatura e até mesmo pela prática de esportes, o que refletia sua forma de enxergar a vida e o conhecimento como algo mais global.
Suas descobertas foram a base de muitas das práticas e teorias modernas na neurociência, e seu legado influencia a ciência até hoje. Além disso, a trajetória do cientista é um exemplo de como a curiosidade e a vontade de fazer descobertas podem levar a avanços significativos seja qual for a área de interesse.
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