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Dia Mundial do Meio Ambiente: conheça algumas causas da poluição do ar

Quem pensa que apenas as indústrias e carros poluem o ar está muito enganado. No Brasil, o setor recordista é a agropecuária

Por Taís Ilhéu
5 jun 2019, 15h12

Todos os anos, a ONU elege um tema central para ser debatido no Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado no dia 5 de junho. Em 2019, o escolhido é “poluição do ar”. Além de lançar um desafio nas redes sociais para conscientizar sobre as formas de combate à poluição do ar, a organização também lançou um site interativo, onde aponta as cinco principais causas da poluição do ar e as formas de combatê-las. Entenda de que forma esses tipos de poluição se dão e como o Brasil destaca-se de maneira preocupante em alguns casos.

Poluição doméstica

Segundo a ONU, a poluição doméstica se dá principalmente por meio da “queima interna de combustíveis fósseis, como querosene, carvão mineral e gás natural, além da madeira e outros combustíveis de biomassa”. No Brasil, o cenário desse tipo de poluição tem se tornado cada vez mais alarmante.

Segundo reportagem publicada pelo jornal O Globo no mês passado, um quinto das famílias brasileiras usa, hoje, carvão ou lenha para cozinhar. Entre 2016 e 2018, o aumento da taxa nacional foi de 27% e, no sudeste, de 60%. O aumento é relacionado, principalmente, a alta taxa de desemprego e ao preço elevado do botijão de gás.

Indústria

A ONU aponta que, no setor da indústria, a queima de carvão para produção de energia, além do uso de solventes nas indústrias de químicos e minerais são os principais responsáveis pela poluição do ar. Embora o Brasil tenha instituído até um “Dia Nacional do Controle da Poluição Industrial”, celebrado no dia 14 de agosto, o cenário não é tão positivo — principalmente por conta da falta de vigilância.

Há 30 anos, foi criado o Programa Nacional de Monitoramento da Qualidade do Ar (Pronar), que deveria monitorar os níveis de poluição de todos os estados brasileiros. Ainda hoje, apenas 10 estados contam com esse controle (Bahia, Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás e o Distrito Federal). Na região Norte, por exemplo, não há nenhuma estação de monitoramento.

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Transporte

A queima do diesel é a maior vilã nesse caso — quase metade das mortes decorrentes da poluição do ar por veículos são por conta disso. Em níveis mundiais, a ONU afirma que cerca de 400 mil mortes ao ano decorrem da poluição do ar pelo setor de transportes.

Segundo relatório realizado pelo Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) e publicado no ano passado pelo Observatório do Clima, o transporte é o principal consumidor de combustíveis fósseis no Brasil e suas emissões praticamente não variaram entre 2015 e 2016. A pesquisa afirma que o segmento é o maior emissor de gás carbônico do setor de energia, com 204 milhões de toneladas emitidas em 2016 (48% do total). Uma das causas dos altos níveis de emissão é o fato do modal predominante no Brasil ser o rodoviário, por onde é feita a maior parte do transporte de cargas.

Agropecuária

Por mais que surpreenda, o maior causador da poluição em nosso país não são os carros ou as indústrias, mas o setor agropecuário. Pois é, o agro não é tão pop assim. Já os dois maiores responsáveis pela poluição dentro desse setor são os gases poluentes emitidos na pecuária (metano e amônia) e a queima de restos da produção agrícola.

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Segundo o relatório “Emissões do Setor Agropecuário”, da SEEG, o Brasil é o terceiro maior emissor global por agropecuária e, entre 1970 e 2016, essas emissões aumentaram em 165% por aqui. Em 2016, foram 499,3 milhões de toneladas de CO2 liberadas na atmosfera.

Embora alguns avanços tenham sido comprovados nos últimos anos, como a redução de poluentes no plantio de cana-de-açúcar e arroz, trata-se de melhorias pontuais e regionais, que precisam ser expandidas por todo o território nacional. Segundo o relatório da SEEG, o Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC), lançado em 2010, apresenta um caminho a ser seguido. Contudo, “o orçamento apertado do Plano Safra destinado ao Programa ABC (cerca de 1,1%), a falta de monitoramento dos recursos disponibilizados, a dinâmica reduzida de alocação em áreas prioritárias, o excesso de burocracia e a falta de contabilização do balanço dos estoques de carbono nos solos agropecuários ” ainda colocam o Brasil muito atrás de suas metas apresentadas no Acordo de Paris.

Resíduos

A poluição por resíduos (ou seja, por lixo queimado a céu aberto ou simplesmente acumulado inadequadamente) emitem, entre outros gases poluentes, metano e carbono negro. Em níveis mundiais, estima-se que 40% dos resíduos sejam queimados a céu aberto.

No Brasil, as emissões desse setor totalizaram 91,9 milhões de toneladas de gás carbônico — 4% da emissão total do gás. Embora em níveis nacionais o número seja pequeno quando comparado à agropecuária, por exemplo, ele pode ser mais expressivo em algumas grandes cidades, atingindo de 10 a 20% da emissão de poluentes de um município. São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná foram os estados que registraram maior poluição por resíduos.

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