O ditador norte-coreano Kim Jong-Un em noticiário da Coreia do Sul (Imagem: Getty Images)
Antes de Donald Trump chegar à presidência dos Estados Unidos, a República Popular Democrática de Coreia (mais conhecida como Coreia do Norte) costumava aparecer no noticiário por motivos peculiares, quase sempre ligados às extravagâncias do ditador Kim Jong-un. (Depois, com as trocas constantes de ameaças entre os dois líderes, a gente acabou se acostumando com a presença do pequeno país asiático entre os assuntos do dia). Para se ter uma ideia, execuções, tanto de pessoas comuns quanto de altos funcionários do governo e até de membros da família do ditador, são comuns ali. A tática de Kim Jong-un para se fazer respeitar é impor o terror e tentar controlar os seus cidadãos nos mínimos detalhes.
E o país mais fechado do mundo controla com rigidez absoluta não só a entrada e saída de pessoas e mercadorias, mas também de informações. Imagens de lá, por exemplo, só são conseguidas ou por fontes oficiais – que manipulam muito o que é liberado – ou por meio de gravações clandestinas, que significam um alto risco para quem as produz.
O documentário de 2014 “Secret State of North Korea” (“Estado Secreto da Coreia do Norte”), da rede de TV norte-americana PBS, traz imagens recentes gravadas secretamente por dissidentes que arriscaram sua vida para fugir do país e estão refugiados na Coreia do Sul. As imagens são extremamente tristes: boa parte da população vive na mais absoluta pobreza e muitas ruas são cheias de crianças órfãs que dependem de migalhas para sobreviver.
O filme, por enquanto, não está disponível no Brasil, mas é possível ver um trailer abaixo:
O documentário mostra que é justamente o fluxo de informações a maior ameaça ao governo de Kim Jong-un. Muitos dissidentes trabalham contra o regime introduzindo clandestinamente no país pen drives e CDs com filmes e programas de TV estrangeiros que nem precisam ter conteúdo político: a ideia é mostrar aos norte-coreanos que é possível ter uma vida diferente e que, ao contrário do que o governo prega, os outros países não precisam ser vistos como inimigos.
Também existem programas de rádio e TV produzidos e transmitidos da Coreia do Sul e que, com algumas gambiarras, podem ser sintonizados secretamente por quem ainda está lá. Mas tudo tem que ser feito com absoluto sigilo: se alguém te dedurar, você pode ser preso ou até morto por traição. E pode sobrar até para a sua família, incluindo parentes distantes, que são então acusados de serem cúmplices. É por isso que, com medo de também serem condenados, tem muita gente disposta a fazer o papel de dedo-duro.
Por outro lado, o acesso à informação é algo praticamente impossível de se combater, especialmente depois que os norte-coreanos passaram a ter acesso a celulares, poucos anos atrás. Aqueles que acompanham a situação do país acreditam que a queda do governo ditador é questão de tempo e que o descontentamento, que vem aumentando a cada ano, só deve piorar. É esperar para ver.