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Entenda a importância do Canal de Suez e como ele pode aparecer nas provas

O tema foi destaque nos noticiários após um navio ficar encalhado por seis dias e desencadear uma crise para a indústria de navegação

Por Julia Di Spagna
Atualizado em 31 mar 2021, 12h56 - Publicado em 31 mar 2021, 12h32
Canal de Suez
 (getty images/Reprodução)
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Com 400 metros de comprimento e 219 mil toneladas, o navio Evergreen encalhou em um ponto extremamente estratégico para a navegação mundial: o Canal de Suez. Após seis dias, na segunda-feira (29) o navio contou com uma ajudinha dos céus (a lua cheia causou uma maré alta que facilitou a movimentação da embarcação) e foi retirado do local restabelecendo assim o tráfego na rota de navegação mais curta entre Europa e Ásia.

O navio Evergreen encalhado no Canal de Suez gerou muitos memes na internet
O navio Evergreen encalhado no Canal de Suez gerou muitos memes na internet (Twitter/Reprodução)

O ocorrido foi destaque nos noticiários e chamou a atenção do mundo. Mas afinal por que o Canal de Suez é tão importante? E será que isso pode cair nos vestibulares? Para esclarecer essas questões, conversamos com o Alex Perrone, professor de Atualidades do Poliedro Curso, Paulo Inácio Vieira Carvalho, coordenador de Geografia do Colégio Etapa e o professor de Geografia no Colégio Oficina do Estudante, Luis Felipe Valle.

Para começar, é importante saber que estamos falando da principal ligação marítima entre a Ásia e a Europa. Além disso, o fluxo de mercadorias que passa pelo canal, corresponde a cerca de 12% de todo o comércio global. Para se ter uma ideia, em 2019, aproximadamente 50 navios passaram por dia no canal, o que equivale a quase um terço do tráfego mundial de navios de contêineres.

Histórico

O Canal de Suez é uma passagem construída em 1859 e 1869, quando o Egito era colônia inglesa, conectando o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho e, por extensão, o Oceano Atlântico ao Oceano Índico. A rota “economiza” uma enorme volta que seria necessária em um trajeto alternativo pelo Cabo da Boa Esperança, ao sul do continente africano, que levaria no mínimo 10 dias a mais.

Sua história está relacionada à influência das nações imperialistas europeias e seus respectivos interesses comerciais: a iniciativa para a construção foi resultado da colaboração da França e do Reino Unido. A participação francesa foi efetivada por meio do apoio técnico; já a britânica, por meio do apoio financeiro. Além disso, franceses e ingleses controlaram grande parte do comércio realizado no canal ao longo dos anos.

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Segundo Valle, o comércio entre a Ásia e a Europa intensificou-se muito no século 19 e, mais ainda, nos séculos 20 e 21, com o aumento dos fluxos de produtos em uma economia cada vez mais globalizada costurada por rotas interoceânicas em “gigantescos navios lotados de enormes contêineres”, explica o professor.

“Frente à gigantesca competitividade entre empresas transnacionais, economizar com um frete eficiente e um tempo de entrega reduzido é essencial para praticar um preço de mercado que vença a concorrência – e, nesse aspecto, o Canal de Suez é fundamental”, diz.

Em 1956, o Canal de Suez foi nacionalizado pelo Egito, por iniciativa do presidente egípcio, Gamal Abdel Nasser. A França e Reino Unido, com o apoio de Israel, não aceitaram o processo de nacionalização e declaram guerra ao Egito (Crise de Suez). Após uma semana, ocorreu a intervenção da Organização das Nações Unidas (ONU), que exigiu a retirada das tropas inglesas, francesas e israelenses, temendo uma guerra de proporções mundiais.

“Em 1967, o Canal foi tomado por Israel em resposta à derrota árabe na Guerra dos Seis Dias, mas por ser um território importantíssimo para o Egito, o país fez de tudo para reaver o controle sobre a passagem e negociou, inclusive, tréguas com o então inimigo, tamanha a urgência e interesse na rota”, diz Valle. Atualmente o canal pertence e é mantido pela Autoridade do Canal do Suez (SCA), pertencente ao governo do Egito, e é utilizado por empresas privadas e estatais de grande porte do mundo todo, que fazem acordos comerciais e pagam tarifas para atravessá-lo.

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Em 2015, foram inauguradas obras de expansão no Canal, visando melhorar seu tráfego. “A importância desse canal poderá ser diminuída quando a China completar sua ligação terrestre com a Europa, a chamada Nova Rota da Seda, que representará um caminho mais seguro e fluido para o transporte de mercadorias por meio de uma moderna infraestrutura envolvendo diversos modais”, afirma Carvalho.

Bloqueio do Canal

Perrone explica que, após seis dias do navio encalhado no Canal, os danos e custos ainda são difíceis de avaliar, porque terão um impacto em setores diferentes, mas estimativas apontam que as perdas econômicas ligadas de maneira direta ou indireta ao encalhe passem de R$ 300 bilhões, segundo empresas especializadas em comércio marítimo. “Além disso, o bloqueio eleva o custo do frete marítimo e pode prejudicar o abastecimento da cadeia global de suprimentos, fato responsável por um aumento de preços para o consumidor”, diz.

O bloqueio do Canal impediu, por exemplo, o tráfego de cargueiros, com contentores e combustíveis. Isso prejudicou prazos de entrega e gerou desabastecimento de mercados consumidores pelo mundo. Segundo Carvalho, em um momento de crise econômica agravada pela pandemia, isso deverá influenciar uma alta dos preços de diversos produtos.

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Nos vestibulares

Nas provas, esse tema normalmente é abordado a partir de aspectos geográficos (localização) e/ou à importância econômica do Canal. Mas o principal assunto refere-se à questão geopolítica, com o processo de nacionalização e o consequente conflito em 1956, segundo Perrone.

Outra dica do professor é lembrar que após 10 anos do início da Primavera Árabe, que apresentou o Egito como destaque, é importante estudar a situação atual política do país, marcada pelo autoritarismo e pela instabilidade econômica.

“Para os vestibulares, também é fundamental destacar que, apesar de uma economia globalizada cada vez mais veloz e integrada, graças aos avanços notáveis dos meios de transporte e de comunicação, ainda há barreiras físicas e entraves logísticos que podem colocar em risco o abastecimento das cadeias globais de produção e consumo e produzir crises e oscilações no valor do dólar e do petróleo, por exemplo, por conta de acidentes ou imprevistos”, diz Valle.

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Além do Canal de Suez, o professor da Oficina do Estudante destaca que outros pontos estratégicos que merecem sua atenção são os chamados “gargalos logísticos” para o transporte marítimo: o Estreito de Ormuz (entre o Golfo Pérsico e o Golfo de Omã), o Estreito de Malaca (entre Cingapura e Malásia) e o Canal do Panamá (no Panamá, América Central).

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