Quando estava no 9º ano do ensino fundamental, Lucas Nunes conquistou uma medalha na olimpíada de matemática organizada pelo colégio em que estudava. A dedicação aos estudos se manteve e, no 3º ano do ensino médio, conseguiu um feito muito maior: acertar todas as questões da primeira fase da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
“Eu tomei um susto. Conferi o gabarito várias vezes antes de acreditar que tinha gabaritado”, conta o estudante. Ao acertar as 60 questões do exame de qualificação da Uerj, Lucas se aproximou um pouco mais da sonhada vaga no curso de Engenharia de Produção. No dia da prova, ele já suspeitava que algo “estava estranho”. “Quando terminei as questões, achei que tinha sido muito rápido, só tinha passado uns 10 ou 15 minutos depois da hora permitida para deixar a sala. Passei mais uns 50 minutos conferindo as respostas antes de passar para o cartão de respostas”, revela o estudante. A comemoração oficial veio com a liberação das notas no site da universidade, que confirmou o bom desempenho. “Eu já estava feliz, mas ainda estava achando que poderia ter feito algo errado, como ter passado uma questão errada para o gabarito”, diz.
Os pais de Lucas comemoraram bastante a conquista do filho. Lucas garante que foi o incentivo deles, principalmente o de sua mãe, Roziany Nunes, que possibilitou esse resultado. “Eu sempre gostei de estudar, mas minha mãe me ajudou a criar uma rotina de estudos mais organizada quando era pequeno, pelo menos até eu ter maturidade suficiente para entender essa responsabilidade sozinho”, explica.
Rotina de estudos
A maturidade que Lucas adquiriu ao longo dos anos foi essencial para tirar a nota máxima, segundo o estudante. “Eu procuro organizar o meu horário de forma realista. Muita gente pensa que vai chegar em casa depois da aula e estudar tudo e acaba se perdendo em uma imensidão de matérias”, conta. Seu horário é distribuído entre estudos e descanso, de forma equilibrada. “Você precisa relaxar, senão começa a passar os olhos nos livros e não absorve nada. É preciso fazer uma espécie de digestão do que acabou de ingerir”, acredita.
Para organizar os estudos, Lucas começou a usar a Técnica Pomodoro, que leu em um dos textos de dicas de estudo no site do Guia do Estudante. “Tentei a técnica por um tempo, mas vi que 25 minutos não era um tempo bom para mim. Continuei a usar o esquema de separação em blocos com intervalos de descanso, mas adaptei para um tempo maior”, lembra. Com a ajuda de um professor do Colégio pH, onde estuda no bairro da Tijuca, Lucas conseguiu montar uma tabela de estudos com horários adaptados à sua rotina.
Durante a semana, ele vai ao colégio de manhã e, ao voltar para casa, dedica seu tempo aos estudos só até as 19h para poder descansar depois. “Dormir cedo é importante para aproveitar bem a aula no dia seguinte”, aconselha. Aos fins de semana, o estudante gosta de sair com os amigos, tocar guitarra, assistir a séries e jogar videogame. “Nunca dá para estudar tudo durante a semana, mas faço um esforço para deixar só o mínimo para o sábado ou domingo”, explica Lucas.
Uerj x Enem
Para quem também quer gabaritar a Uerj, Lucas aconselha a refazer muitas provas anteriores. Foi o que deu certo para ele. “Montei uma revisão com as matérias que via que caía mais. A Uerj cobra muitos temas do Rio de Janeiro, de atualidades. Em química, sempre cai orgânica e, em geografia, demografia. Percebi isso porque fiz muitos exercícios”, revela. Para ele, cada banca de vestibular tem um estilo e o estudante precisa conhecer bem a prova para entender o modelo de vestibular.
Lucas pretende dedicar seus estudos agora ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Ele também quer tentar uma vaga de Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com a nota do exame. E, devido à crise financeira que afeta a Uerj, a federal será a sua primeira opção caso passe nas duas. “O curso na Uerj é excelente, mas esta incerteza sobre ter aulas ou não, porque não tem orçamento, faz com que isso seja um futuro incerto”, lamenta Lucas.
A dica final que Lucas dá é se cobrar, mas dentro de um limite “humano” para manter o equilíbrio e não pensar em desistir. “Não tem como se dedicar e, quando chegar perto da prova, dizer que não aguenta mais e que vai deixar de lado. É preciso se esforçar para não ter que pensar nisso novamente no ano que vem”, conta. Ele também diz que não adianta só ler os livros, mas sim pensar além deles. “Se você só lê, só vai ter as conclusões do próprio autor. É preciso treinar o próprio raciocínio com muitos exercícios, porque é o que a prova vai exigir”, orienta.