Hamilton: 5 temas de estudo no musical da Disney+
De Independência dos Estados Unidos até debates sobre inclusão e racismo, a produção é um prato cheio para estudantes
O musical Hamilton: An American Musical, um dos queridinhos da Broadway, já bateu recorde de prêmios e nomeações desde seu lançamento em 2015 – e chegou a ganhar 11 prêmios Tony em 2016.
A trama, contada por meio de canções que variam do hip-hop americano ao R&B, segue a vida de uma figura política real da história dos Estados Unidos: Alexander Hamilton. Ele foi um dos pais-fundadores do país, o primeiro Secretário do Tesouro no governo de George Washington e estabeleceu o Primeiro Banco dos Estados Unidos.
O GUIA traz 5 abordagens para analisar a produção que podem ajudar nos estudos:
Independência dos Estados Unidos
O musical é cheio de referências de fatos e personagens importantes da história dos Estados Unidos na virada do século XVIII para o XIX: a Festa do Chá de 1773, e a batalha de Yorktown, em 1781, quando as tropas inglesas finalmente deixaram a costa dos Estados Unidos estão presentes na trama.
O que pode ajudar na hora de estudar a independência é prestar atenção ao início das músicas: elas têm sempre uma data para contextualizar.
Isso ajuda a criar uma linha do tempo mental e guardar anos importantes em questões mais específicas. Figuras como George Washington, Thomas Jefferson e o Rei George III, que liderava a Inglaterra no período em que os americanos conquistaram a independência, aparecem com destaque no enredo, o que também ajuda a entender seus papéis na história americana.
Racismo
A pauta do racismo aparece em Hamilton em dois aspectos: no enredo e na montagem do musical.
Os personagens estão inseridos em lutas pelo fim da escravidão e representam a força de imigrantes na revolução americana – principalmente nos papéis de Hamilton (que era caribenho) e Lafayette (francês).
A escolha do elenco é simbólica. Na montagem da Broadway é um pré-requisito que sejam selecionados atores negros ou de grupos que buscam mais representatividade. Por isso, figuras centrais do enredo, que são historicamente brancas, são encenadas por atores latinos, imigrantes, asiáticos, negros – dando voz e espaço para a diversidade de artistas.
Criação da Constituição
“Ganhar é fácil, difícil é governar”. É o que fala o personagem de George Washington (Christopher Jackson) no musical quando se iniciam os conflitos internos na construção da Constituição dos Estados Unidos. A divisão do país entre o norte federalista e o sul republicano, que depois incitaria a Guerra de Secessão em 1861, se fortalece nas reuniões de gabinete – que, no musical, viram batalhas de rap.
Um dos debates históricos mais importantes retratados na peça é a criação de um Banco Nacional, que divide os secretários do governo entre os escravistas e os progressistas.
Esse retrato conflituoso da política dos Estados Unidos mostra a dificuldade de conciliar interesses, ponto importante para a formulação das leis de um país.
O papel da mulher
Antes do mundo falar sobre a pauta feminista, a obra representa a busca das personagens mulheres por maior participação.
A esposa de Alexander Hamilton, Eliza Schuyler, e suas irmãs, filhas de um general americano, contestam seus papeis políticos. No período retratado, as mulheres não tinham direito ao voto ou ao trabalho e eram culturalmente criadas para se casarem com homens ricos. A participação das irmãs Schuyler, principalmente da mais velha Angelica, serve como oposição a isso.
Em uma das falas marcantes, Angelica faz referência à Declaração de Independência escrita por Thomas Jefferson em 1776. “Todos os homens são criados iguais”. Angelica afirma que “ao encontrá-lo, vai obrigá-lo a incluir as mulheres no texto”.
A cultura do hip-hop
O processo de criação do musical durou cerca de 7 anos, segundo contou Lin-Manuel Miranda em diversas entrevistas após a estreia.
Além de toda a pesquisa para que o enredo fosse o mais correto historicamente sem ser desinteressante, Miranda escolheu desenvolvê-lo com referências da cultura hip-hop americana.
Estão presentes na obra Notorious BIG, Mobb Deep e Biggie Smalls, símbolos da música dos guetos. Em Hamilton, eles ganham reconhecimento pouco dado pela cultura mainstream. A escolha de dar voz a artistas negros para contar a história de revolucionários brancos é um das propostas principais do musical. Segundo o próprio autor, Hamilton se propõe a “retratar a América de ontem, com os olhos da América de hoje”.
Prepare-se para o Enem sem sair de casa. Assine o Curso Enem do GUIA DO ESTUDANTE e tenha acesso a centenas de videoaulas com professores do Poliedro, que é recordista em aprovações na Medicina da USP Pinheiros.