Muitos não sabem, mas a Independência do Brasil não se resume à proclamação de Dom Pedro I às margens do Rio Ipiranga em 7 de setembro de 1822. Na verdade, ela teve início com um um conjunto de revoltas pelo Brasil, que abrangeu diversas regiões. Além disso, a declaração de Dom Pedro I não libertou, de pronto, todo o país de Portugal. Algumas regiões passaram por confrontos até que enfim tornaram-se livres do domínio português. É o caso da Independência da Bahia.
No livro 1822, Laurentino Gomes afirma que “nenhum estado do Brasil comemora a Independência do Brasil como a Bahia”. Mas a festa por lá não é só em 7 de setembro: a comemoração maior acontece em 2 de julho e só perde em tamanho para o Carnaval.
Isso porque a Guerra de Independência da Bahia iniciou-se dois meses e meio antes do Grito do Ipiranga e só se encerrou oficialmente em 2 de julho de 1823 – quando o Brasil, em tese, já era livre há meses.
O movimento mobilizou um grande contingente de pessoas, inclusive com a participação de segmentos populares. Foi na província baiana que o território brasileiro correu sério risco de fragmentar-se.
Entenda o que foi a Independência da Bahia, dos seus antecedentes ao estopim.
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As causas da Independência da Bahia
Por muito tempo, a insatisfação com Portugal não era unânime por parte de toda colônia. Não existia uma consciência nacional e muitos colonos ainda não “sentiam-se brasileiros”. Aliado ao descontamento com a metrópole de uma certa parcela, isso insuflou diversos movimentos separatistas, especialmente em Minas Gerais e Bahia, no final do século 19. A Conjuração Baiana foi um deles.
Ocorrida em 1789, a Conjuração foi um movimento separatista de caráter popular. Entre as reivindicações estava, por exemplo, a abolição da escravidão, algo que não era cogitado sequer por outras rebeliões da época, como a Inconfidência Mineira. Castigados pela fome e má gestão de Portugal, setores da população que iam dos alfaiates até as elites revoltaram-se e passaram a distribuir panfletos em Salvador insuflando uma rebelião.
O movimento foi esmagado pelas tropas portuguesas, que decapitaram líderes e expuseram seus corpos em pontos da cidade.
A semente da insatisfação, no entanto, já estava plantada. Apesar de ser uma das regiões mais críticas à Portugal, a Bahia também era um território prioritário para a metrópole. Por isso, conforme a Independência do Brasil aproximava-se de virar realidade, os portugueses passaram a enviar tropas afim de conter qualquer movimentação e reafirmar seu controle.
Com a declaração da Independência do Brasil em setembro de 1822, no entanto, a situação tornou-se incontornável para Portugal.
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O conflito
Alguns personagens foram centrais no conflito da Independência da Bahia. Maria Quitéria, por exemplo, foi reconhecida como heroína da Independência por Dom Pedro I após ingressar vestida como homem nas tropas e mais tarde coordenar um batalhão formado por mulheres, que juntaram-se à Guerra pela Independência diante de seu incentivo.
Um outro nome de destaque é Joaquim D’Ávila Pereira, conhecido como coronel Santinho. Ele foi o responsável por iniciar uma contraofensiva diante das movimentações de Portugal. Santinho mobilizou um exército formado por indígenas armados por arco e flechas, preparados para realizar emboscadas. Em 18 de julho de 1822, o coronel acampou em Pirajá, bloqueando a Estrada das Boiadas.
Na Estrada das Boiadas foram organizadas operações de guerrilha e montado um cerco contra as forças portuguesas. A Batalha de Pirajá foi fundamental porque Portugal tinha que furar aquele cerco para conseguir comida. Com a mata atlântica densa e poucas construções na época, Pirajá era um lugar que tinha peixe em abundância, rios e fonte de água importante para Salvador.
A vitória das tropas baianas veio por meio de uma falha na comunicação. No momento mais tenso da chamada Batalha de Pirajá, houve uma corneta que deveria anunciar o recuo das tropas baianas. Pelo contrário, o sinal foi para atacar, o que fez com que a tropas baianas saíssem vencedoras.
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O fim da guerra
A violência dos confrontos em Salvador fez com que muitas pessoas fugissem para o Recôncavo Baiano e de lá organizassem a resistência para fazer com que a Bahia expulsasse os portugueses. Portugal enviou mais tropas para a Bahia, e o Brasil enviou o general francês Pedro Labatut e suas tropas para reconquistar Salvador.
A Batalha de Pirajá na Bahia foi um dos momentos mais decisivos para a perda definitiva do governo de Portugal sobre as terras colonizadas. A Bahia nasceu, simbolicamente, no dia 8 de novembro de 1822.
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