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“Iracema” – Leia trechos comentados do livro de José de Alencar

Veja em um trecho a linguagem imagética do autor e, em outro, como ele usou diferentes mitos para construir seu romance

Por Redação do Guia do Estudante Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 11 abr 2018, 18h07 - Publicado em 1 set 2016, 14h51

Escrito em prosa poética, esse romance é um dos principais representantes da vertente indianista do movimento romântico e traça uma espécie de mito de fundação da identidade brasileira

>> “Iracema” – Conheça os personagens do livro de José Alencar
>> “Iracema” – Resumo e análise do livro de José de Alencar

Trecho 1

“- Neste momento, Tupã não é contigo! replicou o chefe. O Pajé riu; e seu riso sinistro reboou pelo espaço como o regougo da ariranha. – Ouve seu trovão e treme em teu seio, guerreiro, como a terra em sua profundeza. Araquém proferindo essa palavra terrível, avançou até o meio da cabana; ali ergueu a grande pedra e calcou o pé com força no chão; súbito, abriu-se a terra. Do antro profundo saiu um medonho gemido, que parecia arrancado das entranhas do rochedo. Irapuã não tremeu, nem enfiou de susto; mas sentiu estremecer a luz nos olhos, e a voz nos lábios. – O senhor do trovão é por ti; o senhor da guerra será por Irapuã: disse o chefe. O torvo guerreiro deixou a cabana (…)”.

Comentário
O pajé Araquém salva Martim das garras do impiedoso Irapuã graças a um interessante estratagema. A cabana do pajé era construída sobre uma galeria subterrânea, cuja entrada, secreta, ficava fechada com uma pedra. Quando Araquém quis provar que Tupã, o deus do trovão, estava com ele, retirou a pedra enquanto batia com o pé no chão. Ao ver o grande buraco e ouvir o som do ar que saía da galeria, Irapuã julgou ser aquele um poder sobrenatural, o poder de um deus que ele – mero mortal, apesar de valoroso guerreiro – não poderia enfrentar.

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Trecho 2
“Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturba-se. Diante dela e todo a contemplá-la, está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo. Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na face do desconhecido. De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da espada; mas logo sorriu.”

Comentário
Na descrição do primeiro encontro entre Martim e Iracema, a índia está dormindo após ter se banhado e acorda com um ruído que o deslumbrado Martim produzira. O amor do colonizador e da índia está sempre perto do sono – como na cena da perda da virgindade – e, nesse caso, duplamente próximo do sono, uma vez que Martim é flechado por Iracema e fica à beira da morte, entregue aos braços protetores da amada. Iracema é como a deusa Diana, que, ao ser flagrada nua por Ácteon, castiga violentamente o furtivo visitante. Mas é ainda uma Diana às avessas, uma vez que o castigo de Martim é também uma bênção. Um amor tão intenso só poderia nascer de forma equivalente. O platonismo da situação é evidente, e a flecha de Iracema é como a flecha de Cupido, símbolo de um amor fatal.

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“Iracema” – Leia trechos comentados do livro de José de Alencar
Veja em um trecho a linguagem imagética do autor e, em outro, como ele usou diferentes mitos para construir seu romance

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