Recentemente, uma imagem curiosa chamou a atenção do twitteiros de plantão – tanto os que adoram um assunto de biologia, quanto os que só se interessam por casos “bizarros” envolvendo a saúde humana. Uma radiografia de tórax de um paciente de Victor Borin de Souza, médico residente, mostrava toda a musculatura do corpo do paciente repleta de ovos de tênia!
Pouco depois, a postagem foi excluída das redes de Victor, mas o que interessa é que o diagnóstico foi de cisticercose disseminada, causado por ovos deste parasita que é comumente conhecido como tênia. Mas calma, o paciente está bem: na imagem, os ovos estão calcificados e por isso não apresentam nenhum risco.
Fato é que a imagem viral chama a atenção para um assunto da biologia que vira e mexe aparece nos vestibulares: as parasitoses.
O que são parasitas
Parasitismo é qualquer relação entre seres vivos de diferentes espécies em que um deles (o parasita) se beneficia de outro (o hospedeiro), prejudicando o segundo.
Existem parasitas tanto no reino vegetal quanto no dos fungos, das bactérias, dos protistas e dos animais. Entre os invertebrados, os parasitas podem ser artrópodes, como pulgas, ácaros e piolhos; anelídeos, como sanguessugas; e vermes, como solitárias e lombrigas. Entre os vertebrados, são exemplos de parasitas os morcegos-vampiros e as lampreias.
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As parasitoses humanas podem ser divididas entre verminoses, viroses, protozooses e bacterioses – a tênia, parasita responsável pela imagem chocante que viralizou, é do tipo verminose.
O corpo humano pode oferecer uma hospedagem confortável a vários parasitas causadores de doenças. Alguns habitam apenas o organismo dos seres humanos. Outros passam nele apenas parte de seu ciclo de vida, ocupando também outro organismo ou transferindo-se para o meio o ambiente.
Seja como for, a ocorrência de parasitoses está, muitas vezes, relacionada às más condições de saneamento e à falta de informação. Daí a maior incidência em populações mais pobres.
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Verminoses
As doenças causadas por vermes, na maioria das vezes, dependem do contato, direto ou indireto, com fezes contaminadas por estes seres – que são invertebrados de corpo mole, comprido, sem esqueleto nem apêndices (patas, asas ou antenas). Os principais vermes que parasitam o homem são platelmintos e os nematelmintos. Algumas das principais verminoses são:
Teníase – Causada pela tênia. Aquelas que têm o porco como seu hospedeiro intermediário são conhecidas como Taenia solium, e, as que se hospedam em bovinos, são conhecidas como Taenia saginata. Pertencem a família Taenidae e da classe Cestoda.
São platelmintos hermafroditas, que se reproduzem sexuadamente. Se um parasita adulto se reproduz no intestino de uma pessoa, seus ovos saem nas fezes humanas e podem dar início ao ciclo da tênia, que passará por um porco ou boi. O contágio pela tênia adulta transforma a pessoa num hospedeiro definitivo e ela desenvolve a doença chamada teníase.
A profilaxia, isto é, os cuidados preventivos para não ter a doença, é evitar carne suína ou bovina mal passada.
Cisticercose – Essa doença também é causada pela T. solium e T. saginata. Mas a diferença é que, na cisticercose, o ser humano é o hospedeiro intermediário, pois faz a ingestão dos ovos da tênia, chamados cisticercos. A contaminação por ovos é mais séria: ingeridos em vegetais ou água, os ovos liberam as larvas, que fazem do corpo do homem o hospedeiro intermediário. As larvas podem se instalar em diferentes partes, como músculos, pele e inclusive no cérebro, causando a chamada neurocisticercose.
Esquistossomose – Conhecida popularmente como “barriga d’água”, esse platelminto, de nome científico Schistosoma mansoni, precisa de um caramujo aquático como hospedeiro intermediário. Liberados na água em fezes de uma pessoa contaminada, os ovos do esquistossoma eclodem e liberam larvas chamadas miracídios, que contaminam o caramujo. Dentro do caramujo, os miracídios se reproduzem assexuadamente em milhares de larvas contaminantes, as cercárias, que voltam à água e nadam até encontrar outro organismo humano, no qual penetram através da pele.
As larvas nadam pelo sangue e terminam nas veias intestinais, nas quais um casal bota até 300 ovos por dia. Esses ovos podem seguir para o intestino, e daí contaminar o ambiente, novamente, pelas fezes. O combate a esse mal depende da eliminação do hospedeiro intermediário – o caramujo –, o que exige, fundamentalmente, o tratamento da água e do esgoto.
Ascaridíase – O nematelminto Ascaris lumbricoides, a lombriga, causa a ascaridíase. Esse verme não precisa de hospedeiro intermediário. Passa direto de uma pessoa para outra, num ciclo que também envolve a contaminação da água e do solo. As lombrigas alimentam-se do bolo alimentar e, quando em grande quantidade, podem causar desnutrição ou até obstruir o intestino.
A única verminose que tem vetor
A elefantíase (filariose) é a única verminose transmitida por um mosquito, que inocula no corpo humano o verme Wuchereria bancrofi. Todas as outras parasitoses transmitidas por mosquitos são causadas por vírus (viroses) ou por protozoários (protozooses).
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Viroses
A maioria das viroses é transmitida pelo contato com secreções da pessoa contaminada. Mas vírus podem ser transmitidos também pela água contaminada (caso das hepatites A e B). O vírus da raiva se transmite pela mordida de animais doentes. Duas das principais viroses são:
AIDS – A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida é uma Doença Sexualmente Transmissível (DST), contraída pela contaminação com o HIV. O vírus infecta os glóbulos brancos, comprometendo o sistema imunológico. O doente corre risco de morte não por causa do parasita, mas em razão de infecções oportunistas, como a pneumonia.
O vírus se transmite por contato sexual, transfusão de sangue ou da mãe para o bebê e pode permanecer silencioso por anos – o que aumenta o risco de transmissão.
As campanhas educativas, o uso de preservativos e os avanços nos medicamentos têm reduzido a incidência no mundo. Ainda assim, essa é uma doença crônica, sem cura e que pode matar.
Dengue – Assim como a febre amarela, a dengue é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti infectado com um vírus da família Flaviviridae, contraído de um ser humano. A transmissão aos humanos se dá pela picada da fêmea do mosquito.
Os sintomas – dor de cabeça e nos músculos, náuseas e febre – passam em uma semana, mas a doença tem algumas formas malignas. A dengue hemorrágica provoca a redução na quantidade de plaquetas no sangue e pode causar a morte por hemorragia interna.
Os pacientes com dengue devem evitar remédios baseados em ácido acetilsalicílico (a substância pode aumentar as hemorragias). Não existe vacina. O único modo de combate é reduzir o número de mosquitos, evitando o acúmulo de água parada.
Protozooses
São doenças causadas por organismos unicelulares pertencentes ao grupo dos protistas heterótrofos (protozoários).
Malária – é causada por protozoários do gênero Plasmodium, transmitidos pela fêmea de mosquitos do gênero Anopheles, mais comuns em zonas rurais e regiões de clima quente e úmido. No Brasil, a maioria dos casos acontece na região amazônica.
O protozoário ataca as células do fígado, no qual se reproduz de maneira assexuada. A nova geração de protozoários invade a corrente sanguínea e volta a se reproduzir, destruindo lentamente as hemácias. Após vários ciclos, formam-se algumas células reprodutivas especializadas, capazes de infectar um pernilongo que pique a pessoa que hospeda o protozoário. Essas células se reproduzem sexuadamente no intestino do inseto e migram para as glândulas salivares, de onde podem invadir um novo hospedeiro humano, numa picada.
A malária causada pelo Plasmodium falciparum pode levar ao choque circulatório, a desmaios, convulsões e até à morte.
Leishmaniose – É causada por um protozoário flagelado do gênero Leishmania e transmitida pelo mosquito-palha (do gênero Phlebotomus). Normalmente, causa problemas sérios de pele. Uma variante da doença, a leishmaniose visceral (LV), demora vários anos para se desenvolver e pode atacar o fígado e o baço, podendo levar à morte.
Uma das dificuldades de lidar com essa doença é que a Leishmania também afeta animais domésticos e silvestres.
Doença de Chagas – É causada pelo protozoário flagelado Trypanosoma cruzi, que se instala no coração ou nos intestinos do hospedeiro. Após anos, os portadores do protozoário podem ter o coração comprometido e sofrer infarto.
O contágio se dá por diversas espécies de barbeiro (insetos do gênero Triatoma), que vivem em frestas de paredes e de telhados e em montes de palha, nas zonas rurais. Os barbeiros transmitem o protozoário ao defecar enquanto sugam o sangue de uma pessoa durante o sono. Ao se coçar, a pessoa arrasta as fezes do inseto para a ferida.
Bacterioses
A contaminação por bactérias pode se dar por vários motivos e também pode afetar diversas partes do corpo. Os exemplos incluem lepra (pele), botulismo (paralisia muscular), tuberculose (pulmões), meningite (meninges) e tétano (sistema nervoso). Algumas doenças bacterianas podem ser prevenidas por meio de vacina, e todas, no geral, combatidas com antibióticos.
Uma das preocupações com o combate das bacterioses é o uso indiscriminado de antibióticos, que pode levar ao surgimento de variedades de bactérias resistentes. Não é raro surgir na imprensa notícias sobre “superbactérias”, capazes de matar milhares de pessoas antes de serem identificadas e combatidas.
Este texto foi elaborado a partir do conteúdo do Passei!, o curso online do Guia do Estudante que prepara para os vestibulares.
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