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O que é teste in vitro? Saiba mais sobre os experimentos com nitazoxanida

O medicamento "secreto", citado pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, ainda não foi testado em ensaio clínico

Por Juliana Morales
17 abr 2020, 19h39

O ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, anunciou nesta semana o início dos testes clínicos com um medicamento “secreto” que teria sido capaz de reduzir em 94% a carga viral do novo coronavírus em uma pesquisa feita in vitro. 

No mesmo dia, depois do anúncio de Pontes, o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou durante entrevista coletiva que o medicamento citado tratava-se de um vermífugo. Não demorou muito para o nome da substância começar a circular na imprensa e nas mídias sociais: a nitazoxanida (princípio ativo do vermífugo Annita). 

Durante a fala, Mandetta fez questão de ressaltar que um remédio apresentar bom resultado em laboratório não garante que ele terá efetividade em testes realizados em seres humanos. Essa, inclusive, é a principal crítica que a comunidade científica está fazendo ao ministro da Ciência: dar falsas esperanças a respeito de uma droga que ainda não foi testada em ensaio clínico. Entenda a questão!

O que é teste in vitro?

O medicamento citado por Pontes passou por apenas experimentos in vitro. Essa é uma fase muito preliminar de pesquisa, que ainda acontece em ambientes controlados e fechados de um  laboratório, em tubos de ensaio. Para os experimentos, células cultivadas em laboratório foram infectadas com o novo coronavírus. Nos testes, a nitazoxanida agiu bloqueando a produção de novas cópias do vírus.

Mas ele não garante a eficácia do remédio em seres humanos, sem considerar diversos fatores de saúde individuais que podem interferir na atuação da substância. Foi o que aconteceu com a cloroquina, que funcionou muito bem in vitro, e matou uns 95% da carga viral, só que ela não fez isso só com o SARS-CoV-2 (o vírus causador da doença covid-19).

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Nitazoxanida

Com a chegada do novo coronavírus em 2019, pesquisadores chineses de Wuhan, cidade que deu início à pandemia, realizaram testes in vitro com sete substâncias, entre elas, a nitazoxanida. Eles buscavam descobrir a eficácia de cada substância, e também a toxicidade de cada uma delas.

A nitazoxanida teve em torno de 94% de eficácia contra o vírus, porém, com cerca de 50% de toxicidade nas células testadas. Sua eficácia é um pouco menor do que a cloroquina, mas uma toxicidade muito maior. Isso pode indicar possíveis efeitos colaterais mais severos nos seres humanos.

Próximos testes no Brasil

Os testes da nitazoxanida em humanos devem começar nas próximas semanas, até meados de maio. Os testes serão realizados em 500 pacientes, em cinco hospitais militares do Rio, um em São Paulo e um em Brasília. O experimento dura cinco dias, e os pacientes serão observados por mais nove dias.

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Para evitar falsos positivos, o grupo será dividido: parte dos indivíduos receberá o remédio, enquanto a outra parte receberá um placebo (uma espécie de medicamento falso que pode apresentar efeitos terapêuticos porque o indivíduo acredita que aquela substância vai funcionar). Os médicos também não saberão o que estão administrando.

No Brasil, a Nitazoxanida custa em média R$ 25 nas farmácias e tem nome comercial de “Annita”. Apesar de ser popular contra parasitas e vermes, também é usado por médicos no combate de algumas infecções virais no sistema digestivo.

Após a divulgação do ministro Pontes, a Anvisa incluiu o medicamento na lista de substâncias controladas, tornando mais rígidas as regras para venda nas farmácias. Agora, toda prescrição do medicamento à base de nitazoxanida precisa ser feita em receita especial de duas vias.

 

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