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“Olga”: saiba como utilizar o filme no vestibular

Explore o enredo e enriqueça seu repertório

Por Julia Di Spagna
Atualizado em 23 abr 2019, 18h06 - Publicado em 5 jul 2018, 15h07

A ideia desta série de matérias é permitir que você consiga desenvolver um repertório mais amplo e um pensamento crítico mais aguçado com base nas diversas camadas que a sétima arte pode apresentar. As análises dos filmes que faremos aqui buscam mostrar certas relações entre o enredo e temas contemporâneos que podem ser abordados na redação e em outras questões do Enem e dos principais vestibulares do Brasil.

“Olga”: saiba como utilizar o filme no vestibular

Baseado em fatos reais, o filme retrata a vida de Olga Benário (1908-1942), uma jovem alemã, judia e militante do movimento comunista. A história tem como pano de fundo as atrocidades cometidas pelo nazifascismo, além do contexto mundial de tensão entre os ideais defendidos pelo comunismo e pelo capitalismo.

Criada em Munique, Olga começa a se envolver com o comunismo na década de 20. Seus pais, que pertenciam à classe média, eram contrários às ideias revolucionárias da filha. Perseguida pela polícia, decide fugir para Moscou, onde recebe treinamento militar.

Em 1928, ela é encarregada de proteger e acompanhar Luís Carlos Prestes, que vive exilado na Europa, de volta ao Brasil para liderar a Intentona Comunista de 1935 contra o então presidente Getúlio Vargas. Na viagem, enquanto fingem ser um casal em lua-de-mel, os dois se apaixonam.

Após o fracasso da revolução, derrotada pelas forças repressoras do governo, os comunistas sofrem perseguições e o casal acaba preso em 1936. Esta seria a última vez em que se veriam.

Neste contexto, Olga descobre que está grávida, fato que não impede que Vargas ordene sua deportação para a Alemanha nazista e que seja entregue à Gestapo, polícia política nazista, aos sete meses de gestação.

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Olga dá a luz à sua filha, Anita Leocádia, em uma prisão feminina alemã, mesmo depois de relutar no Brasil e denunciar à imprensa a sua gravidez, reivindicando os seus direitos de permanecer com a criança.

Quando não podia mais amamentar sua filha, na época com 14 meses, esta é levada pelos nazistas e entregue à avó paterna, Dona Leocádia.

Anita cresce sob os cuidados da avó sem nunca ter conhecido a mãe. Com a Lei de Anistia, Prestes é solto em 1945. Olga, entretanto, em 1942, é morta com cerca de 200 pessoas em uma câmara de gás em um campo de concentração alemão. Um dia antes de morrer escreve uma carta ao marido e à filha, lida tempos depois.

“Olga”: saiba como utilizar o filme no vestibular

É possível explorar o filme “Olga” a partir de diversos aspectos. Conversamos com Michele Marcelino, professora de redação do Anglo, para estabelecermos os principais e qual a melhor forma de aplicá-los na hora da prova.

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Nazismo

Após a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha enfrentou uma profunda crise econômica, sobretudo em função do Tratado de Versalhes, que declarava oficialmente a nação como derrotada na guerra e que impunha duras sanções ao país, como perda de territórios e proibição de qualquer produção de armas pesadas, além de obrigar a Alemanha a pagar uma indenização aos países vitoriosos.

Esse cenário criou nos alemães um sentimento de revanchismo em relação a outros países, que fortaleceu o extremismo nacionalista no país.

Toda essa situação abriu espaço para o crescimento do partido nazista. Hitler foi indicado a chanceler e posteriormente assumiu o cargo de presidente, além de se auto nomear “o Führer ”.

Intolerância

A intolerância à diversidade religiosa foi alimentada pelo nazismo nessa época.

As características principais do nazismo são apresentadas na obra Mein Kampf, escrita por Hitler. Uma das suas mais conhecidas medidas foi o antissemitismo, marcado pela visão racista e eugenista da superioridade do homem branco germânico, a chamada raça ariana.

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Essa visão resultou na morte de mais de 6 milhões de pessoas em campos de concentração, a grande maioria formada por judeus.  

Quer saber como funciona a liberdade religiosa no Brasil? Acesse o link.

Getúlio Vargas

Getúlio Vargas assumiu o governo em 1930 e conduziu o país durante um período caracterizado pelo desenvolvimento industrial e pela ampliação dos direitos trabalhistas.

Seu governo, que durou até 1945, foi marcado ainda pelo Estado Novo, período de forte autoritarismo, calcado na personificação quase mítica da figura do presidente, que ficou conhecido como o “pai dos pobres”.

A justificativa dada por Vargas para a instituição do regime foi a necessidade de impedir um “complô comunista”, que ameaçava tomar conta do país, o chamado Plano Cohen, que foi depois desmascarado como uma fraude.

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O GUIA preparou uma matéria especial para você testar seus conhecimentos sobre a Era Vargas, confira no link.

Direitos humanos

Segundo a definição estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) os direitos humanos são “direitos inerentes a todos os seres humanos, independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição”.

O filme retrata diversos momentos em que os direitos humanos são extremamente desrespeitados. Apesar deles terem sido estabelecidos em 1948, antes dos fatos retratados no longa, é importante fazer essa análise. Seja por causa de ideais políticos ou escolhas religiosas, pessoas foram torturadas e privadas de seus direitos mais básicos nessa época.  

Movimentos revolucionários brasileiros

Antes da Intentona Comunista, Luís Carlos Prestes havia liderado outra empreitada política de caráter antifascista, anti-imperialista e anticapitalista conhecida como Coluna Prestes, durante a qual centenas de militantes andavam pelos sertões do Brasil denunciando as injustiças e desigualdades cometidas pelo governo e pelo modo de produção capitalista.

A Intentona Comunista de novembro de 1935 foi uma tentativa fracassada de golpe contra o governo de Getúlio Vargas feita pelo PCB (na época, Partido Comunista do Brasil) em nome da Aliança Nacional Libertadora.

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Revoltosos e simpatizantes foram perseguidos, presos ou mortos, e o movimento abriu caminho para Vargas endurecer o regime. O levante veio ao encontro dos planos do presidente, que usou o pretexto do perigo comunista para decretar estado de sítio, abolindo as garantias constitucionais. Tudo estava preparado para o golpe que o deixaria no poder por mais oito anos.

Relembre manifestações populares que marcaram a história do Brasil no link.

“Olga”: saiba como utilizar o filme no vestibular

Ficou na dúvida de como esse conteúdo poderia ser aplicado na sua redação? Vamos ajudá-lo nessa missão.

É impossível prever qual será a proposta dos vestibulares. Entretanto, seja qual for o tema, se você estiver munido de diversos exemplos e relações relevantes na hora da prova terá um resultado melhor do que imagina.

No caso do filme “Olga”, é importante identificar os principais tópicos, como a questão do nazismo e movimentos revolucionários brasileiros, por exemplo, e memorizar algumas cenas que exemplifiquem as situações.

Você não precisa assistir ao filme com um caderno fazendo várias anotações. O importante é entender o enredo como um todo e refletir sobre determinados acontecimentos que achar adequados. Se quiser, anote alguns tópicos e pesquise mais sobre os temas que achar mais pertinentes ou nos quais tiver alguma dificuldade.  

“Olga”: saiba como utilizar o filme no vestibular

Selecionamos algumas propostas de redação de vestibulares de anos anteriores em que você poderia utilizar seus conhecimentos sobre o filme para desenvolver o tema, tanto em termos de relações estabelecidas, quanto em exemplos.

Enem 2016 – “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”

Embora o filme esteja em um contexto mundial completamente diferente do atual, algumas preocupações, como a intolerância religiosa, ainda se fazem presentes. Dados apresentados pela banca mostram que pessoas ainda são mortas por causa de suas crenças.

O filme poderia ajudar o candidato a exemplificar, com um caso conhecido, como a perseguição aos judeus afetou o Brasil e dar exemplos das atrocidades cometidas contra a militante judia Olga Benário.

Unesp 2005 – “Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis desumanos ou degradantes”

Os textos apresentados pela proposta colocam sob diferentes pontos de vista e em diferentes lugares e contextos históricos, a questão do emprego da tortura por instituições para obter confissões, adesões ou, mesmo, para punir pessoas resistentes a determinada religião, ideologia ou regime político que se quer impor pela força.

Além disso, o artigo 5º da Declaração Universal dos Direitos do Homem, aprovada e proclamada pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 1948, dá nome à proposta.

Com isso, o candidato poderia apontar como o governo da época fez uso da tortura para tentar conter o avanço do comunismo. Também é válido apontar as torturas promovidas pelo regime nazista para punir os judeus.

Fuvest 2001 – “Neonazismo e o neofascismo”

Os textos da coletânea desta proposta apresentam notícias sobre o crescimento do neonazismo e do neofascismo e, também, alguns pontos de vista sobre o sentido desse fenômeno.

Nesse contexto, o filme ajuda o estudante a entender como o nazismo se deu na sua origem e acontecimentos pontuais que exemplifiquem seus efeitos no Brasil.

Aqui, também seria válido relacionar as ideias defendidas pelos nazistas com a marcha em Charlottesville – com ataques de manifestantes contra negros, homossexuais, imigrantes e judeus. Saiba mais aqui.

Filme: Olga
Ano: 2004
Direção: Jayme Monjardim

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Estudo
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