Para alunos de Medicina da USP, não há 'desrespeito' com cadáver
Estudantes ouvidos pelo GUIA se queixam de estado de conservação e de falta de órgãos em aulas de anatomia
por Bruno Aragaki
A notícia de que o Ministério Público paulista investiga a conduta da USP (Universidade de São Paulo) com cadáveres usados nas aulas de anatomia foi recebida com estranheza pelos alunos de Medicina ouvidos pelo GUIA. Para eles, não falta “respeito” com os corpos, mas infraestrutura na universidade.
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“Infelizmente a USP tem limitação de recursos”, diz o estudante Arthur Danila, no 5º ano de Medicina. “Mas não acho que tenha desrespeito”, defendeu.
“Depois de um certo tempo de uso, os órgãos são enterrados. Sempre houve respeito em relação aos corpos usados”, disse Flávio Taniguchi. Para ele, a notícia foi tratada com certo “exagero”.
“Tem o problema de falta de corpos e de equipamentos. O sistema burocrático atrapalha a universidade. Conseguir um corpo para a gente estudar custa caro”, disse Taniguchi.
Um estudante do segundo ano de Medicina que preferiu não se identificar criticou o manuseio dos técnicos. “Eles pegam as peças de qualquer jeito, às vezes deixam lá na pia escorrendo formol no ralo”, disse.
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“Faltam peças, e as que têm estão antigas. Mas não vou dizer que não dá para aprender. Estudei anatomia e passei”, disse.
Professor diretor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), Rui Curi, reclamou da divulgação das fotos e disse que teve problemas com tanques de aço comprados para armazenar os corpos. “Quebraram e ainda não foram consertados”, afirmou.
Sobre a falta de cadáveres, o professor afirmou que esse é um problema “generalizado”. “Mas a pró-reitoria está ajudando e vamos repor as peças em breve”, disse.
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