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Paulo Gustavo e a importância do cinema nacional

Conheça a história do cinema brasileiro e o legado do ator, que morreu esta semana por covid-19

Por Danilo Thomaz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
6 Maio 2021, 18h22 • Atualizado em 25 Maio 2021, 12h46
Paulo Gustavo levou quase 40 milhões ao cinema com filmes de comédia
Paulo Gustavo levou quase 40 milhões ao cinema com filmes de comédia. (Pinterest/Divulgação)
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  • A morte do ator Paulo Gustavo, aos 42 anos, em decorrência da Covid-19, encerra precocemente uma trajetória marcada por sucessos na TV, no teatro e no cinema. Na chamada sétima arte, o ator conseguiu ostentar um feito: a maior bilheteria do cinema nacional desde o início da retomada, nos anos 90.

    Minha mãe é uma peça 3”, filme que encerra a trilogia que conta a história da dona Hermínia, inspirada em sua mãe, levou ao cinema mais de 11 milhões de espectadores no início de 2020. O recorde se faz notar ainda mais pelo fato de a exibição do filme ter sido interrompida pelo fechamento dos cinemas em março de 2020, em decorrência da pandemia de Covid-19.

    O sucesso popular de “Minha Mãe é uma peça 3”, que superou os dois filmes anteriores da série, coroa um dos momentos mais criativos da história do cinema brasileiro, na qual o país bateu recordes sucessivos de produções, segundo a Ancine, saltando de 74 em 2010 para 167 em 2019 e prêmios.

    Paulo Gustavo marcou o cinema no Brasil
    Paulo Gustavo é recordista de bilheteria no cinema no Brasil (Twitter/Reprodução)

    Nosso cinema teve também uma expressiva melhora na avaliação média da crítica internacional ao longo dos anos. A média de público, em decorrência de questões históricas do cinema independente, como a competição com os filmes de Hollywood e históricos problemas de distribuição, variou de ano a ano nesse período, mas tem-se mantido estável, entre 12% e 15% entre 2014 e 2019 – a exceção é 2017, único ano da década passada em que esteve abaixo de 10%. Os dados são da Ancine e referem-se ao ano de 2019, última ocasião em que foi publicado o “Anuário Estatístico do Cinema Brasileiro” 

    Vamos entender melhor a história do nosso cinema e a importância das leis de incentivo para uma produção audiovisual vigorosa e diversa? 

    Assim era a Atlântida 

    Os comediantes Grande Otelo e Oscarito foram astros da Atlântida Cinematográfica
    Os comediantes Grande Otelo e Oscarito foram astros da Atlântida Cinematográfica. (Pinterest/Reprodução)
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    A primeira forma popular de sucesso do cinema brasileiro são as chanchadas, filmes de comédia, calcados em tipos brasileiros e estrelados por figuras populares do nosso humor, como Grande OteloOscarito e Dercy Gonçalves. Era tamanha a popularidade desses filmes que um dos títulos estrelados por Dercy, “Cala a boca, Etelvina” (1958), tornou-se um bordão pelo Brasil. A principal produtora das chanchadas era a Atlântida Cinematográfica, que existiu durante mais de vinte anos – entre 1941 e 1962 – e foi responsável por sucessos como “Nem Sansão nem Dalila” (1954), de Carlos Manga. 

     

    Cinema Novo: uma câmera na mão – e uma ideia na cabeça

    Glauber Rocha foi o principal cineasta do Cinema Novo
    Glauber Rocha foi o principal cineasta do Cinema Novo (Pinterest/Divulgação)

     

    O caldo cultural dos anos 1960 buscava renovar as estéticas brasileiras e inserir em nossa dramaturgia a questão do “homem brasileiro”. Na chamada sétima arte nada expressou melhor este momento do que o “Cinema Novo”, que buscava uma estética fora dos padrões hollywoodianos para discutir questões existenciais e sociais do povo brasileiro. Neste período, Glauber Rocha, principal cineasta do período, filmou clássicos como “Terra em Transe” (1967). Foi nesta também que o Brasil ganhou sua primeira e única de Palma de Ouro em Cannes com “O Pagador de Promessas” (1962), de Anselmo Duarte. 

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    A Embrafilme 

    Sônia Braga, José Wilker e Mauro Mendonça em uma cena do filme 'Dona Flor e seus dois maridos' (1976), de Bruno Barreto.
    Sônia Braga, José Wilker e Mauro Mendonça em uma cena do filme ‘Dona Flor e seus dois maridos’ (1976), adaptação da obra de Jorge Amado. (Pinterest/Divulgação)

    Em 1969, é criada a Embrafilme, uma empresa estatal de fomento e distribuição de filmes brasileiros. Apesar de ter sido criada pela ditadura civil-militar (1964-85), a Embrafilme foi responsável por um dos períodos mais diversos e criativos do nosso cinema. Uma fase em que os filmes brasileiros conseguiam, ao mesmo tempo, ter respeito da crítica e sucesso de público. É deste período, por exemplo, a adaptação de “Dona Flor e seus dois maridos” (1976), de Bruno Barreto, que levou mais de 10 milhões de pessoas aos cinemas.  

     

    A retomada

    Central do Brasil (1998), de Walter Salles. O filme quase rendeu um Oscar para a atriz Fernanda Montenegro
    Central do Brasil (1998), de Walter Salles. O filme quase rendeu um Oscar para a atriz Fernanda Montenegro. (Pinterest/Divulgação)
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    Com o fim da Embrafilme em 1990 – uma represália do ex-presidente Fernando Collor ao setor artístico, que se opôs à sua candidatura –, o cinema nacional entrou em uma profunda crise, que só começou a ser revertida em 1993, com o advento da Lei do Audiovisual. É desta primeira fase da retomada filmes como “Central do Brasil” (1998), de Walter Salles Jr., que concorreu ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e levou à indicação de Fernanda Montenegro como Melhor Atriz pelo papel de Dora. Até hoje “Fernandona” é a única atriz latino-americana a concorrer na categoria. 

     

    Os anos Ancine 

    Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles, Kátia Lund
    Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles, Kátia Lund. (Pinterest/Divulgação)

    Em 2001, é criada a Agência Nacional do Cinema (Ancine), que passou a centralizar as políticas públicas voltadas ao desenvolvimento do audiovisual brasileiro. É a partir deste período que a produção nacional começa a se diversificar, crescendo em qualidade e quantidade. São desses anos filmes tão diferentes entre si como “Cidade de Deus” (2002), de Fernando Meirelles, “O Céu de Suely” (2006), de Karim Aïnouz, e “Se eu fosse você” (2006), de Daniel Filho.  

    Em 2006, é criado o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), regulamentado no ano seguinte. Em 2011, o FSA ganha nova envergadura, com a cota de conteúdo nacional e regional para a TV paga e o fortalecimento do CONDECINE, a contribuição do próprio setor, das empresas de telefonia e dos games para o FSA. É nesta década que tem o salto da produção brasileira, em filmes e séries de TV. 

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    Mas você deve estar se perguntando… 

     

    …Por que incentivar a produção cultural e audiovisual? 

    Políticas públicas de incentivo a setores econômicos e culturais são parte de qualquer país do mundo. A sua função, do ponto de vista econômico é desenvolver determinados setores que geram empregos qualificados, receitas ou tecnologia; tornar determinadas empresas ou ramos competitivos no exterior e contribuir para a criação da imagem do país no exterior, o chamado soft power 

    No caso do setor cultural e da economia criativa – que gera postos de trabalho e receitas em impostos e corresponde a 2,64% do PIB brasileiro – há também a questão do desenvolvimento das chamadas “abstrações” da sociedade, que vêm a ser as criações artísticas e intelectuais, fundamentais para o prazer e a formação dos indivíduos e da sociedade como um todo.  

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    Políticas de incentivo ao setor cultural e audiovisual existem no mundo inteiro, de maneira direta ou indireta. Os filmes de Hollywood contam com a defesa do Estado americano em seu portfólio de exportações – e foram fundamentais para a hegemonia americana no mundo. O setor audiovisual conta com incentivos nos países europeus – como a França e a Espanha – e em outros países, como a Argentina, que tem uma das produções mais criativas do mundo.  

     

    De que maneira funcionam esses incentivos aqui no Brasil 

    O Brasil tem políticas de incentivo à produção cultural como um todo, como a Lei Rouanet, a Lei Aldir Blanc e as políticas estaduais e municipais. No caso do setor audiovisual, que correspondia a cerca de 0,4% do PIB em 2018, o incentivo é feito por meio da Ancine, que se encontra paralisada, trazendo sérios dados ao setor; de empresas como a SP-Cine, da prefeitura de São Paulo e editais locais. O incentivo, na maioria dos casos, é feito de maneira direita. No caso do FSA, como dito acima, a maior parte das verbas vêm do próprio setor, das empresas de telefonia e de games. 

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