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Quadrinhos para entender o Oriente Médio sem estereótipos

HQ´s especiais para ter um olhar mais aproximado de uma cultura diferente

Por Letícia Albuquerque
Atualizado em 14 nov 2020, 12h38 - Publicado em 14 nov 2020, 06h00
Persepólis de Marjane Satrapi,  (Pinterest/Reprodução)
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Uma região cercada por conflitos políticos e estereótipos. Não é fácil entender o Oriente Médio. Por meio das lentes do mundo Ocidental, talvez você acompanhe com alguma estranheza o cotidiano da região que compreende o Afeganistão, Arábia Saudita, Bahrain, Catar, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Irã, Iraque, Israel, Jordânia, Kuwait, Líbano, Omã, Síria e Turquia. 

Nesta lista, GUIA apresenta 6 quadrinhos e graphic novels que contam sobre a vida de quem mora na região e conhece de forma mais aprofundada o contexto histórico.

Persépolis, de Marjane Satrapi (2000-2003)

Essa HQ autobiográfica de quatro partes é contada por Marjane Satrapi. Em persépolis, sabemos um pouco mais sobre as grandes mudanças que aconteceram no Irã a partir 1980. Enquanto Marjane está com 11 anos de idade, o país enfrenta as consequências da Revolução Iraniana (1979).

As guerras com os EUA, a nova ditadura, as ameaças de bombardeio e a tensão militar e religiosa cercam a vida da garota. É importante notar, também, que Marjane cresceu em uma família progressista e ocidentalizada.

Persépolis é um filme francês de animação de 2007, baseado na autobiografia homônima em HQ de Marjane Satrapi
(Pinterest/Reprodução)

Além de ter vivido na Europa dos 14 aos 18 anos, onde descobriu um “universo” novo, dos punk, das festas e das drogas. A visão da protagonista, então, viaja por entre esses dois mundos com humor e ironia questionando a tradição e a liberdade. A obra ainda venceu a premiação francesa mais importante do gênero, o Prêmio Revelação do Festival Internacional de Quadrinhos de Angoulême.

O Árabe do Futuro, de Riad Sattouf (2015)

Já nessa autobiografia, acompanhamos a história o francês Riad Sattouf. Aos três anos, quando seu pai foi convidado a voltar para o seu país de origem para lecionar, Riad foi apresentado a uma cultura completamente diferente. A partir de seu olhar infantil, ele nos mostra os embates entre sua vivência no Ocidente e nos regimes autoritários da Líbia e, posteriormente, da Síria, onde também viveu. 

Essa graphic novel, publicada em 2015 no Brasil, também venceu o Festival Internacional de Quadrinhos de Angoulême. Ela já conta com 4 edições, sendo que a última foi lançada em julho desse ano e aborda o começo da adolescência de Riad e os conflitos dos anos 1990.

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Crônicas de Jerusalém, de Guy Delisle (2011)

Diferente dos anteriores, o quadrinista Guy Delisle não vem de nenhuma parte do Oriente Médio. Ele deixou o Canadá por um ano para acompanhar a esposa, que trabalha para o Médico Sem Fronteiras. A cidade há muito está no centro de conflitos políticos e religiosos por ser considerada um local sagrado para cristãos, muçulmanos e judeus, que vivem sob disputa.

Porém Guy se distancia desses contextos para explorar os acontecimentos que acontecem ao seu redor. Na obra, ele fala sobre o cotidiano, o relacionamento humano e sobre comprar sorvete durante a páscoa judaica – quando não se come nada com fermento! Com bom humor, Guy traz críticas para pensarmos sobre a vida nessa cidade que ocupa tantos lugares nas manchetes.

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 O Mundo de Aisha, de Ugo Bertotti e Agnes Montanari (2015)

O véu negro, ou niqab, é talvez um dos temas mais controversos quando se fala de liberdade das mulheres no Oriente Médio, especialmente em nações muçulmanas. Durante uma viagem ao Iêmen, a fotojornalista Agnes reunindo a história de três mulheres do país que lutam por sua emancipação. Caminhando pelo cotidiano dessas personagens da vida real, mostra quais são os obstáculos enfrentados por elas.

Aisha, que dá nome à obra, por exemplo, sofre pressões no trabalho, onde é rodeada por homens, e é cobrada para se tornar esposa de alguém. O livro ainda traz questões como violência doméstica e independência financeira feminina, temas comumente discutidos por aqui. Além disso, o livro traz perspectivas novas sobre a ideia de liberdade das mulheres apresentada pelo Ocidente. 

Palestina – Uma nação ocupada, de Joe Sacco (1993)

Na década de 1990, o jornalista Joe Sacco decidiu fazer uma expedição para um novo projeto na Palestina. Foi assim que surgiu uma das maiores referências de jornalismo nesse formato. Com uma obra documentária, Joe conta a história de pessoas reais que vivem sob a guerra de judeus e árabes. Longe de escolher um lado, o autor mostra as dificuldades de viver sob o perigo constante e como ambos os lados utilizam da violência durante o conflito.

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Como a obra funciona como um diário, Joe está presente o tempo todo, tanto como personagem como autor. Por isso, o relato é marcado por suas impressões, opiniões e a expectativa constante de relatar algum acontecimento grandioso.

O Paraíso de Zahra, de Amir e Khalil (2012)

Para contar sobre os levantes populares de 2009, no Irã, esse graphic novel usa a ficção como recurso. A obra traz à tona a reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, que aconteceu naquele ano, e a chamada “Revolução Verde”. E que, depois, transformou o país em palco para a censura e a violência contra a população que acusava o processo eleitoral de fraude. 

O autor, então, cria uma família fictícia que perde um filho durante o caos. A trajetória da mãe e do irmão de Mehdi nos leva a questionar o cenário político do país e a brutalidade das autoridades. Além disso, expõe a indignação de uma população que anseia por mudanças. 

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