Será que você tem tirado o melhor proveito das suas leituras ou tem lido cada vez mais rápido e com menos atenção? Estamos nos tornando leitores apressados, e os motivos são muitos e variados. Tem a famosa correria do dia a dia, que faz com que você só tenha tempo de ler no metrô; o excesso de informações e notificações que chegam no seu celular interrompendo a leitura a cada 10 minutos; ou mesmo as metas de livros por ano, que torna o ímpeto de terminá-los logo mais importante do que o prazer da leitura em si.
A verdade é que, considerando esse contexto, está cada vez mais difícil ler devagar e com o aprofundamento que o conteúdo merece. E é isso que é abordado no “Slow Reading” de John Miedema.
Segundo o autor, especialista em tecnologia da informação, o número de pessoas frustradas com toda essa sobrecarga de informações, sejam elas impressas ou digitais, é cada vez maior e isso estaria impulsionado a ideia de uma leitura sem pressa.
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A prática do “slow reading”
Para começar, é importante entender que quando o autor se refere a uma leitura mais lenta, a questão não está apenas em ler mais devagar, mas encontrar o seu próprio ritmo para aprofundar a compreensão e a apreciação do texto.
Em vez de devorar livros e artigos em busca de informações superficiais, o autor defende uma postura mais contemplativa, buscando aproveitar ao máximo o prazer da leitura e criando espaço para a reflexão – o que, muitas vezes, é negligenciado na era digital.
Segundo ele, ainda há vários benefícios associados à leitura lenta, incluindo maior entendimento e retenção do conteúdo, desenvolvimento de pensamento crítico e uma conexão mais profunda com o material lido.
“A leitura demorada de um livro leva a uma relação mais profunda com as suas histórias e ideias. Quando leio um livro lentamente, ele continua me influenciando mesmo depois de passados anos”, afirma Miedema.
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De onde vem essa ideia?
A origem do conceito vem do movimento Slow, que começou com o Slow Food. Criado por Carlo Petrini na Itália dos anos de 1980, ele foi uma resposta ao crescimento dos fast foods e à homogeneização da culinária global, incentivando as pessoas a valorizarem e desfrutarem alimentos de alta qualidade, locais e tradicionais.
Juntando os conceitos, é como se Miedema estivesse instigando as pessoas a saborearem a leitura, assim como fariam com uma boa refeição.
Os efeitos da tecnologia
O autor também destaca o quanto a leitura em dispositivos tecnológicos acabou impactando a forma como encaramos esse momento que era para ser de maior contemplação.
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Mas vale ressaltar que a crítica de Miedema não está na tecnologia em si, mas em como as pessoas são bombardeadas de informações e notificações ao tentarem ler em tablets, ou mesmo como não conseguem deixar o celular de lado durante a leitura de um livro físico. Sabe aquela checada nas mensagens ou no feed das redes sociais a cada três páginas lidas que acaba se tornando uma pausa de 20 minutos? Isso interrompe o fluxo da leitura e tira você da imersão naquele conteúdo.
Leitura seletiva
Por mais que você devore livros desde a infância, há um limite do que você efetivamente vai conseguir consumir. O especialista estipula uma média de 5 mil livros ao longo da vida. Não parece muito considerando a quantidade de material que já foi produzido ao longo da história, não é?
Por isso, ele também reforça a importância de fazer uma boa curadoria do que merece sua atenção. Selecionar cuidadosamente os livros que vão tomar o seu tempo e serem absorvidos com profundidade é fundamental, afinal, são eles que vão definir os seus conhecimentos, sua forma de enxergar o mundo e até o seu caráter.
“Essa limitação pode levar alguns leitores a acelerarem seu ritmo de leitura para aumentar o número de livros lidos. Essa reação transforma o leitor num turista, que passa de experiência para experiência, observando apenas os pontos principais, ficando apto a dizer que realizou, embora sem estar inteiramente certo do que realizou. Outra reação é apenas reconhecer que na verdade a vida é curta e que nossa seleção reduzida de livros representa uma expressão única do nosso caráter. Essa segunda escolha retira da leitura a pressão desnecessária e a faz voltar a ser um grande prazer.”
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Mas como é essa leitura na prática?
Segundo Miedema, o slow reading pode ser feito de muitos modos. Para ele, a prática envolve principalmente a leitura em um ritmo moderado, normalmente por períodos curtos, parando assim que percebe que está começando a pular palavras. Além disso, ele também costuma fazer anotações que, depois, vai formar as resenhas que produz sobre as obras que lê.
“Para mim, o ato de escrever uma resenha é útil por si mesmo: é um modo de aprofundar a compreensão de um livro, registrando-o na minha memória e dando-lhe um arremate.”
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