Veja cinco lugares para viajar sem deixar de estudar
GUIA selecionou exemplos de passeios para estudante conciliar descanso e aprendizado
Em mês de férias ou em feriados prolongados, estudar pode rimar com descansar e até com viajar. O segredo é aproveitar os passeios também para fixar os conteúdos que podem cair nas provas ou no vestibular.
Para isso, uma técnica eficaz é fazer “links” entre as atrações turísticas e a lição da escola. Vai para região de montanhas? Tente achar uma explicação, por exemplo, para as baixas temperaturas em região de altitudes elevadas.
Vale também incluir passeios culturais na programação. Dar uma passadinha no museu da cidade ou numa biblioteca é uma maneira para curtir o tempo livre sem esquecer aquilo que você tanto demorou para aprender.
– Dez dicas para aproveitar as férias sem prejudicar os estudos
– A física por trás da montanha-russa
Parece muito abstrato? O GUIA elencou cinco roteiros com exemplos que mostram que, sim, é possível estudar sem abrir mão das férias. Confira:
SÃO PAULO: metrópole da arte e da ciência
Na maior cidade do país, não faltam opções que reúnem diversão e aprendizado. Assuntos complexos como refração de luzes, atrito e inércia viram brincadeira com as engenhocas do Catavento Cultural, um museu no centro da cidade dividido em quatro seções: Universo, Vida, Engenho e Meio Ambiente. Uma visita equivale a muitas aulas de física e biologia!
Para quem gosta de história, o Museu da Imigração ajuda a entender o que japoneses, italianos, São Paulo e café têm em comum. Dá para fazer fotos bonitas e ainda revisar vários capítulos de História do Brasil.
O incrível Museu de Zoologia da USP dá uma mãozinha nas aulas de biologia. Atenção à estratégia: em casa, dê uma olhadinha na tabela Taxonomia (Reino, Filo, Classe, Ordem, etc). No museu, tente classificar cada um dos animais (não esqueça do caderninho). Você pode também fazer uma dobradinha com o Museu do Ipiranga que passou por uma reforma que durou quase uma década e está tinindo. Repare no quadro “Independência ou Morte”, de Pedro Américo e leia os painéis que propõem uma leitura mais cuidadosa sobre aquele momento.
Para reforçar seus conhecimentos em formação de palavras, gramática e literatura, a dica é o Museu da Língua Portuguesa, que também passou por uma longa reforma após um incêndio e foi reaberto em 2021.
São Paulo também traz um de seus cartões-postais como excelente passeio cultural: o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, ou Masp. Localizado no coração da Avenida Paulista, seu acervo de cerca de oito mil peças é composto dos grandes nomes brasileiros, como Di Cavalcanti e Anita Malfatti, além de obras de Van Gogh, Monet, Picasso, entre outros. Às terças-feiras a entrada é gratuita: ótimo jeito de estudar arte, história e os movimentos artísticos no Brasil e no mundo.
RIO DE JANEIRO: aula de História ao ar livre
Ninguém nega que a praia de Copacabana seja linda e que o calçadão de Ipanema mereça ser cruzado de ponta a ponta. Mas se for à Cidade Maravilhosa, reserve também um tempinho para passear pelo centro do Rio, uma aula magna de História do Brasil a céu aberto. Comece pelo Paço Imperial e atenção ao nome: ele nos lembra que a capital fluminense já foi, também, capital do Império Português. Em 1807, a Família Real Portuguesa largou Lisboa, fugindo das ameaças de Napoleão Bonaparte.
Os imperadores instalaram-se no Rio de Janeiro, mais especificamente no casarão construído à beira-mar. Ali Dom Pedro proclamou também o Dia do Fico (1822), e Princesa Isabel assinou a Lei Áurea (1888).
Um pequeno salto no tempo nos leva ao Palácio do Catete, no bairro de mesmo nome. O prédio foi local de trabalho de 18 presidentes do Brasil República e foi palco do famoso suicídio de Getúlio Vargas. Depois de a capital ter sido levada para Brasília, virou um centro cultural.
Documentos históricos, manuscritos, obras raras e mais e mais livros (mais de um milhão!) formam o acervo da Biblioteca Nacional, também no centro. Menos badalado, mas não menos interessante, é o Real Gabinete Português de Leitura, com livros antiquíssimos e cara de biblioteca de filme medieval. Machado de Assis passava tardes lendo por lá. Quer inspiração maior?
MONTANHAS: Geografia ao vivo
Destino de milhares de turistas na temporada de frio, as serras e montanhas do Sudeste estão também na lista de temas preferidos dos vestibulares. Por isso, se você vai a cidades como Campos do Jordão (SP), Petrópolis (RJ) ou Poços de Caldas (MG), atenção à paisagem. Ela revela um dos aspectos mais curiosos da geografia física brasileira, os “mares de morro”.
O nome vem da sensação que se tem ao olhar as montanhas desde cima. Resultado de uma erosão de longuíssima data (período Pré-Cambriano), essas serras têm formato arredondado e suave, como se fossem um mar. Em vez de água, no entanto, há morro! Essa formação acompanha o litoral brasileiro desde Santa Catarina até o Nordeste.
Outro aspecto interessante a se observar é o clima: tropical de altitude. Ele se caracteriza por elevados índices de chuva e pela temperatura mais baixa que no clima tropical. E por que faz frio nas montanhas? A explicação tem a ver com uma regra da física: quanto mais comprimido o ar, mais calor ele guarda. Em grandes altitudes, acontece o contrário: há menos pressão (menos ar) e, em conseqüência, menos calor!
SALVADOR: a capital negra do Brasil
Difícil saber se o título de “maior cidade negra fora da África” deve ser levado ao pé da letra. Mas é fato que a capital baiana sintetiza um dos capítulos mais tristes da história brasileira de forma natural e até colorida.
As marcas da Escravidão estão por todas as partes do Pelourinho, um dos bairros mais antigos do Brasil. O nome é referência a colunas de pedras usadas para castigar escravos e foi epicentro da vida colonial de Salvador – a primeira capital brasileira. Hoje, suas casas coloridas abrigam diversas instituições culturais baianas, da Casa Jorge Amado, um dos ícones da literatura brasileira, ao Convento de São Francisco, com pinturas em mais 50 mil azulejos que retratam a vida de São Francisco.
Imperdível também é o Elevador Lacerda, um dos maiores monumentos de engenharia do século XIX. Inaugurado em 1873, ele conecta a Cidade Baixa à Cidade Alta, um trajeto de 72 metros feito em 30 segundos. Aliás, qual seria a velocidade desse elevador em km/h?
GRAMADO E PORTO ALEGRE: Colônias de povoamento e tradição gaúcha
Se o seu destino são as terras frias do Sul, aproveite para se deliciar, também, com a história peculiar da região. O Rio Grande do Sul foi palco de um dos movimentos republicanos mais fortes do Brasil, a Revolução Farroupilha. Em Porto Alegre, o Museu Júlio de Castilhos tem objetos de Bento Gonçalves, um dos mártires da causa.
A paisagem europeia de Gramados também tem raízes históricas: a cidade é um dos pólos de imigração da região sul, que recebeu principalmente alemães e italianos no século 19. Prove o resultado dessas influências com os deliciosos fondues e linguiças artesanais da região.
Se cansar do programa histórico, dê uma esticadinha ao Planetário de Porto Alegre, no campus da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Dá para entender tudo de sistema solar e constelações sem ter de abrir as apostilas!
Dicas para aproveitar as férias para aprender! |
1. Seja curioso. Procure explicações históricas ou científicas para as coisas que vir ou experimentar. Por que os gaúchos tomam chimarrão? Ou como o elevador Lacerda funcionava já no século 19? |
2. Leve um lápis e um bloquinho no bolso. Podem ser úteis para registrar uma ideia que você tiver, ou anotar uma dúvida que vale a pena tirar mais tarde |
3. Leia as placas. Muita gente deixa passar batido os cartazes com informações turísticas de museus, praças, etc. Uma pena: eles contêm dados históricos e científicos que podem ser úteis para uma redação ou um trabalho escolar. |
4. Separe um bom livro. Antes de dormir, enquanto a sua mãe termina de arrumar a bolsa, depois de andar quilômetros… sempre sobra um tempinho para um livro! Peça dica para um amigo e escolha algo bacana para ler nas férias |
5. Vá ao cinema. Aproveite o tempo livre para pegar sessões de cinema em horários mais vazios – e baratos. Um bom repertório de filmes também ajuda na prova de redação! |