Em processos seletivos mais tradicionais, os vestibulares costumam aplicar provas com questões objetivas, dissertativas e uma redação. Você se prepara o ano inteiro para colocar seus conhecimentos no papel e uma das preocupações, inclusive, é saber se precisa usar caneta azul ou preta. Mas algumas faculdades têm ido além e usado uma maneira diferente de avaliar os estudantes: as entrevistas.
É normal que esse método gere uma tensão nos vestibulandos, afinal, o foco das escolas e cursinhos é a parte escrita. Conversar com os entrevistadores e participar das dinâmicas propostas é um desafio e tanto, por isso, vale a pena se preparar para essa etapa também.
A prática é comum em faculdades dos Estados Unidos e do Canadá e, aos poucos, vêm sendo adotada no Brasil. Segundo Paulo Lima, coordenador pedagógico do cursinho CPV, essa é uma forte tendência para os vestibulares das faculdades privadas e de excelência de cursos, como Administração, Economia e Direito.
Hoje, alguns exemplos das instituições que já exigem as entrevistas são Fundação Getúlio Vargas (FGV), Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Insper e também a Faculdade de Medicina do Albert Einstein. “Essas faculdades perceberam que para formar bons profissionais que se enquadrem ao mundo atual do trabalho, elas precisam avaliar as chamadas soft skills, entre elas a comunicação assertiva e o raciocínio crítico”, diz Lima.
Ou seja, esse tipo de “teste” sai do lugar comum e traz muitas vantagens para quem está selecionando um candidato. Entre elas, o professor cita:
- promover um processo seletivo mais humano, avaliando as competências e habilidades não-cognitivas dos candidatos, além do conteúdo formal do Ensino Médio
- escolher candidatos que tenham mais certeza da escolha da carreira
- escolher candidatos que conheçam bem a faculdade em questão e que tenham o perfil desejado por elas
Também entrevistamos a Mayra Temperine, psicóloga do Curso Anglo, que reforça como a entrevista permite às universidades conhecer outro lado dos candidatos, que não necessariamente apareceria em uma prova objetiva ou até mesmo na discursiva. “Essas provas mais conteudistas são boas para estabelecer o grau de preparo do candidato quanto às habilidades cognitivas. Mas as entrevistas permitem que o candidato expresse habilidades, como comunicação, motivação, empatia”, diz. A especialista é a responsável pelo treinamento extra oferecido pelo curso para quem deseja prestar o vestibular do Einstein.
O CPV também oferece uma preparação específica para os diferentes tipos de entrevistas. “Os cursos são formados por aulas teóricas para aumentar o repertório cultural dos alunos e simulações das entrevistas e dinâmicas em grupo, para os alunos treinarem as situações reais que terão que enfrentar nos exames, e recebem feedbacks para evoluírem ao longo do processo”. explica Lima.
Tome cuidado!
Os especialistas separaram 4 erros cometidos pelos candidatos na hora da entrevista:
1 – Abuso na informalidade
Durante a entrevista é importante se soltar e realmente encará-la como uma conversa, com tranquilidade e sem ser formal demais. Mas cuidado também para não abusar da informalidade e usar gírias ou palavrões. Não se esqueça que esse é um processo seletivo formal.
2 – Decoreba
Outro erro comum é tentar decorar respostas, falando frases prontas e clichês. Com isso, a conversa fica mecânica e artificial, com pouca naturalidade.
3 – Mentiras
Nada de mentir sobre aspectos da própria vida e formação. Seja honesto sobre a sua trajetória e cuidado para não cair em contradições.
4 – Personagens/adivinhações
Tentar adivinhar um perfil que o entrevistador estaria procurando e, a partir disso, agir de forma diferente do que agiria normalmente ou tentar interpretar um papel também não é o melhor caminho. Além de ser perder no personagem, não dá para adivinhar as características buscadas.
Dicas de preparação
Agora que você sabe o que não deve fazer, confira 3 dicas dos especialistas para se preparar para as entrevistas:
1 – Aprenda com outras experiências
Converse com alunos que já passaram pela entrevista em vestibulares anteriores e tiveram bons resultados
2 – Conheça o entrevistador (a)
Assista às lives com os coordenadores das faculdades para ter acesso a mais informações, além das que já constam nos editais
3 – Treine falar em voz alta
Muitas vezes os candidatos se preparam pensando em diferentes respostas que dariam a diferentes perguntas, mas esquecem de treinar a oratória
Na hora da entrevista
Ficar nervoso ou até mesmo se atrapalhar na fala são comportamentos normais. Os entrevistadores sabem que essa é uma situação tensa então, caso isso aconteça com você, pare, respire fundo e tente retomar o que estava dizendo.
“Se precisar de um tempo para se recompor ou caso não tenha compreendido a pergunta, também é possível solicitar ao entrevistador que ele a repita ou pedir para ler novamente a questão disparadora, caso ela tenha sido apresentada no formato escrito”, explica Temperine.
Ela também recomenda que, caso tenha alguma experiência ou exemplo pessoal relacionado à questão proposta, isso seja apresentado na fala para enriquecer a resposta.
E lembre-se: o entrevistador quer te conhecer. Se estivessem buscando respostas prontas, não iriam optar por entrevistas, pois questões dissertativas já dariam conta. Treine bastante as questões mais “técnicas”, mas seja você mesmo!