Vilões ou aliados? Como os videogames interferem nos estudos
Veja o que os cientistas tem a dizer sobre o assunto - e surpreenda-se!
Sabe quando bate aquele cansaço em meio aos estudos e você decide fazer uma pausa para relaxar, jogando um pouco de videogame? Provavelmente sua mãe ou seu pai já te chamaram a atenção por isso, alegando que os jogos são uma distração. Talvez a sua hora de argumentar tenha chegado! Os cientistas não são unânimes sobre o assunto, e há quem defenda os jogos. Afinal, videogames são vilões ou aliados do aprendizado?
Existem vantagens?
Um estudo realizado com 9 mil crianças e publicado na revista Scientific Reports mostrou que meninos e meninas que passaram um tempo acima da média jogando videogame aumentaram sua inteligência mais do que a média.
“Os jogos são sempre postos como vilões frente à educação, no entanto, não é isso que os números dizem”, afirmou Francisco Tupy, pesquisador de convergência da aplicação de videogames pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, em entrevista ao Jornal da USP. Segundo o especialista, existem diversas pesquisas que já enxergam a possibilidade dos jogos eletrônicos contribuírem para o desenvolvimento de habilidades cognitivas.
No Karolinska Institutet, na Suécia, por exemplo, pesquisadores realizaram vários testes psicológicos que avaliaram as habilidades cognitivas, ou a inteligência, de crianças entre 9 e 10 anos de idade por dois anos. Tanto as crianças quanto os pais foram questionados sobre quanto tempo elas passavam assistindo TV e vídeos, jogando videogame e interagindo com as mídias sociais – o que deu uma média de 2,5 horas por dia assistindo TV, meia hora nas redes sociais e uma hora jogando videogame. O resultado? Aquelas que jogaram mais jogos aumentaram sua inteligência em aproximadamente 2,5 pontos de QI a mais do que a média. Ou seja, das três atividades o videogame pareceu a mais promissora.
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Mas como os videogames afetam as habilidades na prática? “Há uma infinidade de jogos que testam memória e outras competências cognitivas, portanto ajudam a desenvolver o cérebro como se estivéssemos numa academia. Ou seja, não só existem jogos desenhados para ajudar em processos de ensino e aprendizagem como alguns títulos aparentemente fora do universo educacional podem ser criativamente adotados por professores e alunos”, disse Gilson Schwartz, professor da USP (Universidade de São Paulo) e diretor da Games for Change na América Latina, em entrevista ao UOL.
Segundo Schwartz, “o uso dos games surge na medida em que percebemos o potencial de recorrer às novas tecnologias para desenvolver práticas pedagógicas capazes de combinar o pensar, o fazer (em especial, fazer novos games) e o brincar”.
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E os impactos negativos?
Em 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a classificar o vício em jogos eletrônicos como uma doença. Para ser considerado efetivamente um transtorno, os parâmetros estabelecidos são: a perda de controle sobre o uso do jogo, a troca das atividades do cotidiano — como higiene básica — por conta do jogo e a troca do convívio social com pessoas próximas.
Além disso, apesar dos aspectos positivos, como as aplicações na educação, Valdemar Setzer, professor titular sênior do Departamento de Ciência da Computação do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP, ressalta que o uso de videogames tem outros pontos negativos para o cérebro, como a velocidade com que as ações e imagens aparecem na tela, prejudiciais à concentração.
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“Os meios eletrônicos induzem à distração”, disse em entrevista ao Jornal da USP. Esse fenômeno, segundo ele, cria um vício que inibe a capacidade de foco. Entre outros fatores, Setzer também cita os danos ao desenvolvimento neurológico.
Por isso, o importante é saber tirar o melhor proveito possível dos jogos, mas manter o equilíbrio, não deixar os estudos de lado e saber a hora de parar.
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