Este texto foi originalmente publicado no portal Estudar Fora, da Fundação Estudar, parceira do GUIA DO ESTUDANTE
Quais características em comum podem ser encontradas na apresentadora Oprah Winfrey, no músico Bruce Springsteen, no criador do Twitter, Jack Dorsey, e em presidentes dos Estados Unidos, como Richard Nixon e Kimmy Carter? Certamente uma delas são boas habilidades de debate desenvolvidas durante o Ensino Médio. Aprender a debater traz vários benefícios para todo estudante e profissional, como desenvolver habilidades de diálogo, pensamento crítico e autoconfiança até ajudar outras pessoas a compreenderem melhor algum tema.
Saber falar em público e estruturar pensamentos em forma de bons argumentos são habilidades exigidas em um mundo em que a palavra “liderança” se torna cada vez mais comum. É sobre os benefícios de saber debater que o bicampeão mundial de debate e ex-instrutor do time australiano de debate, Bo Seo, aborda no livro Good Arguments (Bons Argumentos). Em artigo ao The Wall Street Journal (TWSJ) intitulado “Why Young Debaters Make Good Leaders” (na tradução direta “Por que jovens debatedores se tornam bons líderes”), o autor explica um pouco sobre a habilidade.
Entre os principais aprendizados proporcionados pela habilidade de debater, estão o desenvolvimento do pensamento crítico, a capacidade de se manter equilibrado diante de situações incômodas, a melhora da pronúncia e da fala em público, a melhora da retenção da informação abordada, o aumento da capacidade de escutar, da autoconfiança e de estruturar pensamentos de forma clara. A apresentadora e empresária Oprah Winfrey afirma que debater “é sobre o poder das palavras para influenciar ideias, descobrir verdades mais elevadas, mudar mentes e, para muitas pessoas, até mesmo mudar vidas”.
Como funciona um debate
A estrutura de um “duelo” de debate é simples: dois debatedores ou grupos de debatedores são encarregados de defender pontos de vista opostos sobre um determinado assunto. O potencial de discordância é o aspecto central e estrutural de um campeonato de debate. Cada lado tem a mesma quantidade de tempo para expor os próprios pontos de vista e apresentar os argumentos diante de um júri imparcial. Ganha quem convencer melhor o corpo de jurados.
De acordo com o artigo do The Wall Street Journal, há uma série de motivos que levam pessoas a debaterem, desde “impulsos” da adolescência que levam jovens a confrontar opiniões contrárias até àqueles que desejam ser o “centro das atenções” mas “carecem de talento atlético ou artístico”. Participar de debates também é uma forma de se inserir como ator em um ambiente diferente, apresentando novas visões de mundo para quem frequenta o lugar.
Debater é quase uma forma civilizada de brigar. A emoção está presente em todas as etapas dessa atividade. É preciso saber escutar e ficar em silêncio ao ouvir a opinião contrária, esperar o outro falar e prestar atenção no que está sendo dito. O bom argumento só pode ser construído após compreender as opiniões opostas.
Aspectos que não podem ser deixados de lado
A parte curiosa de um campeonato de debate é que aquele que fala não necessariamente precisa concordar com o ponto de vista que está defendendo. Mas Bo Seo lembra que “uma voz recém-descoberta não vem sem instruções sobre como usá-la de forma persuasiva”. Isso significa que somente estar correto não é sinônimo de ser persuasivo, é necessário saber o que se pensa e trabalhar as habilidades de expor esse pensamento de forma clara e estruturada, uma vez que “a certeza convida ao descuido”.
Paralelamente, para quem acompanha um debate de fora, é interessante ter em mente que aquele que ganha a competição não necessariamente tem razão. De acordo com o texto, “os limites do debate fornecem um lembrete urgente de que a verdade não prevalecerá sozinha”, e para a boa comunicação é necessário entender o que se defende e saber a melhor forma de expor a ideia.
As duas principais lições que tiramos de bons debates são:
1. Aprender a discordar é importante
As redes sociais deixaram claro que uma parcela significativa da população não sabe lidar, escutar ou respeitar opiniões contrárias. Treinar a habilidade de escutar e conviver com aquilo que não se gosta é um desafio que bons debates podem ajudar a desenvolver. O exercício de se autoquestionar é fundamental para estruturar o que se defende – é preciso entender qual é o ponto do que se diz, por que isso é ou não verdade, qual é a importância desse tema etc. Quanto melhores e mais racionais forem os argumentos, maiores as chances de todos saírem com algum novo aprendizado.
2. Explicar a verdade dá trabalho
Como explicado anteriormente, defender a verdade não é suficiente para ganhar um debate. Estar do lado da verdade não significa que aquele que escuta irá naturalmente concordar com o que está sendo dito, principalmente em tempos de crescimento da desinformação. Bons argumentos e capacidade de persuasão também são necessários para convencer, assim como calma e gentileza.
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