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Projeto que previa o fim da meia-entrada em São Paulo é vetado

Projeto previa meia-entrada para todos, mas UNE argumentou que o valor do ingresso não reduziria e que a medida resultaria em preço inteiro para todos

Por Juliana Morales
Atualizado em 1 nov 2021, 23h18 - Publicado em 28 out 2021, 15h11
Cinema
 (Andresr/Getty Images)
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Atualização 30/10 – No sábado (30), o governador de São Paulo em exercício, deputado Carlão Pignatari (PSDB), vetou o projeto de lei que acabaria com a meia-entrada proposto por Arthur do Val e aprovado na Assembleia Legislativa. O argumento é de que a nova lei, que determina cotas máximas e acaba com a concessão para categorias específicas, conflitaria com a legislação federal atual que direciona 40% do total de ingressos para cada evento.

Na quarta-feira (27), a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou um projeto de lei que acaba com o benefício da meia-entrada em eventos culturais e esportivos no estado de São Paulo. Aprovado em votação única, o projeto deve seguir para sanção do governador, João Dória (PSDB), nas próximas semanas.

O texto assinado pelo deputado Arthur do Val (Patriotas) determina que a meia-entrada passe a valer para “todas as pessoas com idades entre 0 e 99 anos” ao ser o preço padrão cobrado pelas bilheterias. A principal crítica ao texto é que não existe garantias que o valor dos ingressos seja realmente reajustado para que todos tenham acesso ao valores de meia-entrada.

Além disso, o direito à meia-entrada é garantido por leis federais, como a de número 12.933, sancionada em 2013. Segundo a lei, estudantes, idosos, pessoas com deficiência e jovens de 15 a 29 anos comprovadamente carentes têm direito ao pagamento de meia-entrada em espetáculos artístico-culturais e esportivos.

Em post nas redes sociais, “Mamãe Falei”, como é conhecido o deputado Arthur do Val, defendeu o projeto e celebrou a aprovação na Alesp: “Todo mundo sabe que a meia-entrada destrói todo um setor cultural e ainda causa a seguinte distorção: a empregada doméstica financia o “cineminha” do estudante rico! Vamos acabar com esse absurdo!”.

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Para André Sturm, ex-secretário municipal de cultura de São Paulo, a meia-entrada é uma política elitista que não cumpre sua função. “Com certeza os preços vão baixar. Existe um público enorme que não consome cultura porque ela é cara. Um ingresso mais barato aumenta o público e passa a valer a pena”, disse em entrevista ao Guia da Folha.

Entidades estudantis reagem

As entidades estudantis  União Nacional do Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e  Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) se manifestaram contra a aprovação do Projeto de Lei 300/2020.

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Para Bruna Brelaz, presidente da UNE, o projeto não proporcionará valores de meia-entrada para todo o público e sim valores inteiros para todos. “Em um momento de grave crise econômica, com uma taxa de desemprego entre jovens de mais de 25% e ainda sob as expectativas de retomada do setor cultural, o que ele propõe é absurdo. É destoante e hipócrita. Deveríamos estar discutindo formas de ampliar o acesso à cultura e não de dificultá-lo.”

Rozana Barroso, presidenta da UBES, ressalta que o projeto deturpa a ideia de meia-entrada e amplia os abismos sociais, intensificados pela pandemia. “Há milhares de jovens que nem voltaram à escola. A família está desempregada, em situação de insegurança alimentar, e o deputado fala em extinguir a distorção social acabando com um direito garantido? Estamos nos mobilizando para barrar mais esse absurdo.”

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Projeto previa meia-entrada para todos, mas UNE argumentou que o valor do ingresso não reduziria e que a medida resultaria em preço inteiro para todos

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