O crescimento de estudantes matriculados em cursos de graduação ligados ao meio ambiente foi de apenas 13,8% entre 2010 e 2016, enquanto no mesmo período o percentual de ingressantes no ensino superior brasileiro aumentou quase três vezes mais, 36,4%.
Dados foram revelados em levantamento feito pela plataforma Quero Bolsa a partir dos dados disponibilizados pelo Censo Nacional da Educação em 20 cursos do setor ambiental, conforme enquadramento da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Veja abaixo tabelas com o número total de alunos matriculados em todos os cursos de graduação no Brasil e os matriculados somente em cursos da área ambiental, em sete anos:
Todos os cursos
Ano | Nº Total alunos | Variação anual | Variação (2010-2013/ 2014-2016) | Variação (2010-2016) |
2010 | 1.935.863 | |||
2011 | 2.105.028 | 8,74% | ||
2012 | 2.486.892 | 18,14% | ||
2013 | 2.429.862 | -2,29% | 25,52% | |
2014 | 2.805.678 | 15,47% | ||
2015 | 2.585.236 | -7,86% | ||
2016 | 2.640.628 | 2,14% | 8,67% | 36,41% |
Cursos da área ambiental
Ano | Nº Total alunos | Variação anual | Variação (2010-2013/ 2014-2016) | Variação (2010-2016) |
2010 | 68.059 | |||
2011 | 74.311 | 9,19% | ||
2012 | 81.932 | 10,26% | ||
2013 | 83.010 | 1,32% | 21,97% | |
2014 | 86.609 | 4,34% | ||
2015 | 80.696 | -6,83% | ||
2016 | 77.463 | -4,01% | -6,68% | 13,82% |
Apesar das diferenças na variação entre 2010 e 2016, é possível observar que os cursos ligados ao meio ambiente conseguiram seguir a tendência de crescimento do ensino superior até o ano de 2013. Segundo o diretor de inteligência de mercado do Quero Bolsa, Pedro Balerine, isso pode ser explicado pela intensidade em que ocorria o debate mundial sobre as mudanças climáticas, além do protagonismo exercido pelo Brasil no tema com a organização da Rio+20.
“Com a chegada da crise em 2015 no País, o assunto sustentabilidade aos poucos acabou saindo de cena. Na educação superior, o reflexo direto foi a queda de interesse dos estudantes pela área. A perspectiva é de que esse quadro seja pouco modificado nos próximos anos, uma vez que o alto nível de desemprego e a lenta recuperação da atividade econômica impedem que os assuntos ligados ao meio ambiente voltem a conquistar a merecida atenção da sociedade”, explicou Balerine.
Procura por cursos
A partir de 2014, os cursos que tinham um número maior de procura em anos anteriores também tiveram queda nas matrículas. É o caso de Gestão Ambiental e Engenharia Ambiental, que apresentavam aumento de demanda de 20% e 30,9%, respectivamente, entre 2010 e 2013, mas teve recuo de 21,5% e 30,3% de 2014 a 2016. Confira na imagem:
Em contrapartida, Agronomia, mais voltada ao setor do agronegócio e não exclusivamente às relações do homem com a natureza, registrou crescimento de 70,3% no total de ingressantes nos sete anos.
“Esse cenário mostra a força e relevância do agronegócio na economia. Diante das crescentes exigências de qualidade e controle dos produtos de origem animal e vegetal no mercado internacional e nacional, o engenheiro agrônomo acaba sendo um profissional visado por boa parte dos produtores rurais do País”, disse Balerine.
Já entre os cursos com menor demanda de alunos, Engenharia Bioquímica e graduações ligadas aos Estudos de Energia revelaram uma intensa mudança: obtiveram evolução de 90,7% e 114,1%, respectivamente, no total de matriculados entre 2010 e 2016. Em contrapartida, Engenharia Agrícola apresentou retração de 36,1% no período.