Pandemia: vale a pena trancar a faculdade e voltar ano que vem?
Separamos as vantagens e desvantagens para você avaliar se a decisão compensa para a sua realidade
A pandemia do novo coronavírus afetou a educação em todos os níveis, do ensino básico ao superior, e cada um encara diferentes desafios. Os universitários, além da perda de aulas práticas em ambientes adequados, do adiamento da formatura e do prejuízo à vivência universitária como um todo, também precisaram se adaptar aos processos seletivos e estágios à distância.
Com todos esses agravantes, é normal se questionar se não vale a pena esperar uma melhora na situação para retomar os estudos, por exemplo trancando a faculdade para voltar ano que vem. Mas será que essa decisão vale a pena?
“A resposta para esta questão é: depende! Cada aluno deve analisar a sua realidade e os benefícios e malefícios de um trancamento de matrícula”, explica Alfredo Terra Neto, orientador Educacional da Oficina do Estudante.
Um aluno que não consiga, por exemplo, acompanhar o curso por causa das limitações de sua internet, falta de espaço adequado para os estudos em sua casa ou falta de um computador ou tablet, pode cogitar essa ideia.
“Agora, para um aluno em que o problema é ‘apenas o acompanhamento’, mas provido de todas as tecnologias e conforto necessários para o estudo remoto, daí o ideal é fazer um esforço pontual e finalizar o período letivo”, diz o orientador. Segundo ele, possíveis defasagens que sejam criadas podem ser resolvidas com cursos e formações extracurriculares.
É fundamental colocar a situação no papel, e verificar o impacto desse adiamento na data de formatura e nos custos financeiros futuros embutidos na realização de uma faculdade, seja ela pública ou privada. Após todos os detalhes serem analisados, é a hora tentar minimizar os impactos, fazendo uma poupança, por exemplo, e se preparando psicologicamente para um atraso na formação.
Faculdades com muitas aulas práticas
Alguns cursos são mais teóricos e os alunos conseguem se adaptar melhor no estudo à distância. Outros exigem atividades mais práticas em salas de aula e laboratórios. Mas, segundo o orientador, por maior que seja a diferença de experiência entre os cursos, é importante o esforço e a flexibilização por parte dos graduandos. “Não defendo que os cursos se tornem todos online, mas estamos vivendo uma das maiores pandemias da história e, nesse contexto, muitos profissionais precisaram se reinventar”, diz Terra Neto.
De acordo com o especialista, um esforço temporário por parte dos alunos, independentemente do curso, é fundamental. Se por um lado podem ocorrer perdas em função do trabalho remoto, por outro foram descobertas novas formas de ensino e aprendizagem. Trancar a matrícula seria ficar de fora da vivência de algo novo. “Insistir é uma forma de continuar aprendendo e o esforço sempre nos traz crescimento pessoal e profissional”, afirma.
Mas ele também reforça que, no caso de alunos sem acesso aos meios tecnológicos e/ou estruturais que permitem o ensino e a aprendizagem remotos, é preciso analisar a situação com cautela e o trancamento pode ser a melhor alternativa.
O que deve ser avaliado antes da decisão?
Segundo o orientador, existem quatro perguntas fundamentais que você deve fazer a si mesmo:
– Qual será o impacto financeiro da minha decisão? Ou seja, quanto a mais terei de pagar em aluguel, água, luz e mensalidade (caso a faculdade seja particular)?
– Qual será o impacto para a minha entrada no mercado de trabalho?
– Qual será o impacto emocional (ao ficar longe de amigos e de pessoas do meu convívio na faculdade)?
– Se tenho estrutura física e tecnológica para continuar estudando de forma online, o que me impede de continuar?
Se mesmo com essas respostas você ficar na dúvida, temos mais algumas vantagens e desvantagens para considerar na hora da decisão:
Principais vantagens
– Supor que irá estudar com mais afinco e determinação (no pós-pandemia);
– Deixar de arcar com os custos do curso temporariamente (caso o aluno e/ou a família estejam passando por problemas financeiros);
– Aproveitar o tempo livre para leitura de livros que permitam crescimento pessoal e profissional e/ou aproveitar para revisar assuntos da faculdade que já foram dados e precisam ser consolidados.
Principais desvantagens
– Atraso na formação e consequente retardo na realização de estágios e entrada no mercado de trabalho;
– No caso de pessoas que têm a estrutura tecnológica para continuar estudando: deixar de passar por uma situação que exige esforço, flexibilidade e força de vontade, atributos que serão exigidos na vida profissional;
– Deixar de ter uma experiência com ensino e aprendizagem de forma remota e assim adquirir bagagem para realização de cursos online no futuro (já que existem inúmeros cursos de pós-graduação e especialização que são ofertados em EaD).