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Saiba como funciona o trabalho de quem pesquisa a cura do câncer

Conheça a história do brasileiro que está com essa missão nos Estados Unidos

Por Na Prática
Atualizado em 20 fev 2018, 17h35 - Publicado em 19 fev 2018, 13h28
Saiba como funciona o trabalho de quem pesquisa a cura do câncer
(iStock/iStock)

Quando o brasileiro Mateus Taveira decidiu embarcar para os Estados Unidos, foi para investigar uma das questões do século: a cura do câncer. Um dos Líderes Estudar, ele já havia saído do país durante a graduação e desenvolvido pesquisas menores em Yale e em Harvard. Uma vez concluída a graduação, Mateus estava pronto para um pós-doutorado na Harvard Medical School.

Tomar a decisão de estudar nos Estados Unidos, depois dos anos que passou na Universidade Estadual de Campinas, no interior de São Paulo, foi uma etapa planejada. Já na graduação, Mateus adiantou os documentos para a equivalência do diploma em território americano, para garantir que conseguisse avançar academicamente por lá.

Isso porque, ao contrário do que acontece no Brasil, os Estados Unidos exigem duas etapas distintas na formação dos médicos: uma graduação, em que os alunos são comumente chamados de “pre-med”, e a pós-graduação (quando se tornam graduate students) em medicina. Ao todo, são cerca de oito anos de dedicação para se tornar um “doctor in Medicine”.

Depois de conseguir a validação do diploma nos Estados Unidos, candidatou-se a uma vaga no pós-doutorado na Harvard Medical School. Aceito, contou com o apoio do programa Líderes Estudar. A edição 2018 do programa está com inscrições abertas até o dia 26/03.

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Como é pesquisar a cura do câncer no exterior

Enquanto pesquisador na Harvard Medical School, em parceria com o Beth Israel Deaconess Medical Center, Mateus logo percebeu a diferença entre a experiência nos Estados Unidos e no Brasil. “Aqui, a barreira entre o paciente, o leito e a bancada de pesquisa é quase inexistente”, conta ele.

Em outras palavras, quando o assunto é pesquisa, as universidades americanas têm muito a ensinar. Outro ponto essencial na experiência por lá tem a ver com os recursos disponíveis para o pesquisador. Enquanto desenvolve estudos na área de biologia das células tumorais, Mateus tem à disposição equipamento e testes variados. “Se você pede um exame, em meia hora você já tem. A disponibilidade de exames complementares é muito maior”, observa o brasileiro.

E isso faz toda a diferença em matéria de pesquisa em medicina. Com o apoio da indústria e, principalmente, do governo americano, na figura do National Institute of Health, estudioso na área conta com uma estrutura consistente. “Qualquer reagente é caro, recrutar paciente é caro. Tudo fica caro porque é tecnicamente muito complicado, e os objetivos a longo prazo são muito mais ambiciosos”, resume Mateus.

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O objetivo ambicioso de Mateus tem tudo a ver com o bem-estar das pessoas e com o combate a uma doença que acomete milhares de mulheres todos os anos. Seu campo de pesquisa trata do câncer de mama, o segundo mais comum entre as mulheres no Brasil, depois do tumor de pele não-melanoma. Para ter uma ideia, só em território nacional, as estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) dão conta de 57.960 casos novos em 2016.

O foco da investigação é um tipo específico de tumor, o câncer de mama triplo negativo. “Ele não manifesta nenhum dos três marcadores que a maioria dos tumores de mama expressa”, explica ele. Com a dificuldade em identificar marcadores, fica ainda mais complicado elaborar um tratamento que ataque o tumor de maneira eficaz.

Uma das apostas para as medicações vem de um ramo batizado de imuno-oncologia, que busca utilizar as células defesa do paciente como aliadas no tratamento da doença, associada às drogas propriamente ditas. Esse campo também faz parte dos estudos de Mateus, bem como de muitos estudiosos em universidades de ponta.

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A perspectiva dos pesquisadores é aliar terapias diferentes e desenvolver drogas com maior previsão e menos efeitos colaterais. “Hoje em dia, os tumores são plenamente curáveis. Em 80% dos casos descobertos precocemente, o paciente sobrevive”, aponta Mateus. Conhecer de perto as inovações em pesquisa na área em um país como os Estados Unidos é, então, uma chance e tanto.

Este post foi originalmente publicado no Portal Na Prática, da Fundação Estudar. 

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