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Trabalho voluntário: veja como começar

Sim, é possível realizar um trabalho voluntário em diferentes fases da vida

Por Redação do Guia do Estudante
1 abr 2021, 23h59
Voluntários
 (Getty Images/Reprodução)
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Este texto foi originalmente publicado no portal Na Prática, parceiro do Guia do Estudante.

Embora não seja de conhecimento geral, é possível realizar um trabalho voluntário em diferentes fases da vida. Com a devida autorização e acompanhamento dos pais, até mesmo crianças e adolescentes – a depender do projeto – podem realizar essa atividade não-remunerada, cujas ações, em geral, visam o interesse social e comunitário.

Apesar disso, apenas 3,3% da população brasileira realiza esse tipo de atividade, segundo aponta a mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Continua (Pnad), referente a 2019. Sobre o assunto, o Na Prática reuniu pessoas de diferentes idades para compartilhar suas experiências com o voluntariado.

Por que os brasileiros fazem voluntariado?

Não é uma tarefa simples desenhar um rosto para os voluntários brasileiros – na verdade, há dados suficientes para isso. Contudo, é possível tracejar quais são os seus pensamentos, ou melhor, propósitos.

De acordo com o Brasil Giving Report 2020, do Instituto para o Desenvolvimento Social (IDIS), as cinco principais motivações para a realização do voluntariado ou doações são:

  1. Porque faz com que se sintam bem;
  2. Preocupam-se com a causa;
  3. Querem ajudar pessoas menos favorecidas do que elas;
  4. Acreditam que todos precisam ajudar a resolver problemas sociais;
  5. Pois percebem que podem fazer a diferença.
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A pesquisa do instituto contou com dados oriundos de respostas de voluntários de diferentes faixas etárias, regiões e grupos de renda. A seguir, será possível perceber, na prática, tais propósitos entre pessoas que fizeram algum trabalho voluntário em diferentes fases da vida.

Voluntariado na infância

A Lei do Voluntariado não especifica a idade necessária para tornar-se apto para realizar atividades voluntárias. Giovanna Villarrubia Rucci, por exemplo, ainda era uma criança quando começou – tinha aproximadamente nove anos. Na época, suas ações já tinham por foco o apoio à comunidade. “Eu apoiava no recolhimento, organização e entregas de doações, seja ao longo dos meses de frio, épocas festivas ou nos momentos de necessidades.”

Dentre as campanhas que participou, estão as do agasalho, Páscoa, de Natal, entre outras bastante populares e de fácil possibilidade de adesão. Suas atividades, em geral, centravam-se na distribuição de brinquedos, cestas de alimentos e até cartas com mensagens de carinho.

“Era incrível poder fazer parte do momento de alegria de pessoas que eu nem conhecia, mas que importavam tanto para mim e que eu tinha enorme consideração”, revela a consultora de Negócios e Estratégias. Ela ainda conta que uma das entregas que mais a emocionou na infância aconteceu no Lar Vicentino, instituição que atende idosos em situação de risco social.

“Lá eu pude ficar o dia todo fazendo companhia para os idosos, conversando e trocando experiências de vida com eles. Fui nomeada a ‘neta’ de alguns deles, que criaram conexão verdadeira comigo.”

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Hoje, aos 23 anos, Giovanna é mentora dos times de voluntários de Vendas da Fundação Estudar. Antes disso, ela havia sido voluntária na organização da qual o Na Prática é uma das iniciativas por três anos. Segundo ela, a conexão foi imediata.

“O que me motivou a ser voluntária de vendas da Fundação Estudar foi querer fazer parte de algo que tem um propósito maior: ajudar as pessoas a extraírem e darem o melhor delas. Sempre tive paixão por levar impacto positivo e pelo autodesenvolvimento, além de que eu teria a oportunidade de deixar um pouco do meu legado com cada pessoa que eu conhecesse”, conta.

Arregaçando as mangas na faculdade

Existem momentos da vida que também podem promover o interesse de contribuir para o impacto social. Um desses, aliás, é durante a graduação. Sabemos o quão enriquecedor a experiência é para o currículo, porém foi por uma necessidade de retorno que Daniel Junio, que atua como consultor, iniciou o voluntariado.

“Veio essa vontade por um tipo de gratidão por ter passado em uma universidade federal. Eu queria passar um pouco do conhecimento que tinha para as pessoas. Ainda no primeiro período, entrei em um projeto de extensão e dava aulas de matemática para crianças do 9º ano para as Olimpíadas. Fiquei um ano nele.”

E não parou por aí: em seguida, deu aulas de informática em um projeto social e em organização sem fins lucrativos. “Foram experiências incríveis, pois as crianças conheciam um pouco sobre redes sociais, porém não sabiam nada sobre informática. Foi bom, pois além de ajudar o próximo, eu também fui me capacitando e ficando melhor em algumas ferramentas.”

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Atualmente, Daniel é voluntário da Fundação Estudar e facilita o curso de liderança. Além disso, ele também dá suporte a outras atividades da Ong, como treinamentos e entrevistas, por exemplo.

“O que me motivou muito a começar é porque acredito que só conseguiremos evoluir, como país e sociedade, quando for possível disponibilizar conhecimento e educação para todos. Todos os programas de voluntariados que participei tinham como premissa levar o conhecimento. Eu quero contribuir com essa missão”, afirma.

Quem também iniciou o voluntariado durante a graduação foi Vinicius Lima Caldeira, profissional de Recursos Humanos com foco em Treinamento e Desenvolvimento. Foi aos 24 anos, quando ingressou na faculdade, que iniciou as atividades voluntárias.

“Cresci em uma comunidade carente no Rio e vi de perto a necessidade de Ongs e de voluntários. Iniciei essas atividades por gratidão, já que fui ajudado. Eu tinha essa vontade de também ajudar outras pessoas. Hoje, vejo o quanto isso foi enriquecedor. Talvez eu não tivesse uma profissão, nem me conheceria e descobriria o que gosto de fazer”, revela.

Além de voluntário da Fundação Estudar, ele ainda realiza atividades em outras duas instituições. Na Demostudo, a adolescentes e jovens pré-vestibulandos ele fornece mentorias de autoconhecimento e soft skills. Enquanto isso, na Engenheiros Sem Fronteiras, presta apoio à carreira, com reformulação de currículo, LinkedIn e preparação para processos seletivos.

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“Atualmente, tenho uma profissão que comecei a exercer voluntariamente. Isso, aliás, ajudou no meu processo de autoconhecimento – permitindo que eu pudesse descobrir que tipo de trabalho me realiza e me motiva. Me sinto realizado por ajudar outras pessoas e eu mesmo me sinto muito ajudado também – é uma via de mão dupla”, conta Vinicius.

Longevidade com impacto social

E se de um lado não há uma idade mínima para iniciar um programa voluntário, também não há uma máxima. Este fato, porém, não impediu que Eliane Kreisler, consultora de Carreira, se percebesse como a pessoa mais velha durante a imersão de voluntários da Fundação Estudar. Após mais de 30 anos atuando no mundo corporativo e fazendo doações para causas sociais, era hora de fazer “a transformação acontecer com as próprias mãos”.

“Trabalhei por mais de três décadas na área de Recursos Humanos da Petrobrás. Porém, aos 57 anos, quando me desliguei dessa posição e tive a chance de repensar sobre como investir o meu tempo e dedicação, prontamente me lembrei do voluntariado”, afirma.

Apesar disso, foram quase dois anos para Eliane dar início a essas atividades. No primeiro momento, ao tentar se reinserir no mercado de trabalho, mesmo com vasta experiência e pós-graduação, encontrou portas fechadas por conta da idade. Foi após um período de mentoria que, com formação em Pedagogia, Eliane encontrou na educação o seu propósito.

“Inicialmente, fiz a inscrição para ser voluntária facilitadora da Fundação Estudar, porém acabei não sendo selecionada por não ter conseguido enviar um vídeo não-listado. A tecnologia me pegou naquele momento”, brinca, revelando que logo em seguida soube de outra oportunidade. Arriscou se inscrever para o voluntariado de Vendas e Marketing, área que não tinha experiência, porém curiosidade. Passou.

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“Foi a melhor experiência que já tive na vida. No curso de formação havia aproximadamente 50 pessoas. Depois de mim, a pessoa mais velha tinha 29 anos. Foi ali que entendi que o caminho para que não haja ‘gaps’ entre as gerações é estar junto. Foram dois dias de muita troca, pois aprendi com aquelas pessoas e acredito que também proporcionei isso a eles.”

Hoje, prestes a completar 61 anos, Eliane segue como voluntária da Fundação Estudar e também de outros projetos. Na Fundação Dom Cabral, atuou no Mãos de Maria, destinado a empreendedoras em situação de vulnerabilidade em Paraisópolis, zona Sul de São Paulo. Além disso, também participa da Rede Longevidade, iniciativa sem fins lucrativos que visa desenvolver e capacitar o público 60+.

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