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Como saber se é hora de investir em uma pós-graduação?

Conversamos com diversos profissionais para entender qual o melhor momento de começar uma pós-graduação na área de negócios

Por Rafael Carvalho, do Na Prática
26 jan 2017, 17h15
Como saber se é hora de investir em uma pós-graduação?
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Quando o assunto é pós-graduação, é unânime entre quem entende do assunto – sejam recrutadores, coaches, professores ou ex-alunos – que não vale a pena fazer apenas para engordar o currículo. Pelo contrário, é preciso saber exatamente o que se quer do curso e qual o objetivo de carreira que a pós vai ajudar a conquistar.

Claro, sempre existe a possibilidade de fazer um curso apenas por curiosidade intelectual. Porém, em tempos de economia morna e mercado de trabalho altamente competitivo, essa é uma possibilidade cada vez mais restrita. “Eu posso querer fazer uma pós porque quero aumentar meu conhecimento num determinado assunto ou porque o trabalho exige. São modalidades diferentes”, explica o psicólogo e coach Márcio Souza.

Se a sua intenção com a pós-graduação está relacionada a trabalho, é preciso refletir bem antes de investir em um curso do tipo. A seguir, conversamos com diversos profissionais para entender qual o momento certo de investir em uma pós na área de negócios.

Considere os desafios

Para Guy Cliquet, coordenador dos cursos de pós-graduação lato-sensu do Insper, o ponto de partida dessa reflexão deve ser a sua carreira. Uma pergunta relevante é: o quanto você está preparado, em termos de habilidades e conhecimento, para enfrentar os seus desafios profissionais atuais?

“Se você está entrando em um determinado tipo de carreira, numa área de administração ou finanças ou o que quer que seja, você precisa ver se está pronto pronto para isso ou se te faltam alguns conhecimentos”, ele explica, acrescentando que é importante fazer essa autoavaliação não só com competências técnicas mas também com as comportamentais. “Ainda mais saindo de uma graduação, uma boa parte de nós não teve a oportunidade de conhecer um ambiente de trabalho – como as pessoas se comportam numa organização, como trabalho minha comunicação, como dou feedback, o que fazer numa situação de conflito”, exemplifica. 

A menção prévia aos recém-formados não é acidental. É cada vez maior o número de jovens recém-formados que, impulsionados pela competitividade do mercado para os iniciantes, buscam algum tipo de aprimoramento ou especialização. No Insper, por exemplo, são os cursos de pós-graduação chamados de Certificate, com duração de 21 meses, aulas duas vezes por semana e voltados para profissionais com até 3 anos de formados e que estão na fase inicial da carreira. “Enquanto você não se classifica para uma pós de mais peso, tanto por questão de diploma quanto de investimento, pode fazer formações intermediárias”, explica o coach Márcio.

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Muitas outras faculdades oferecem a mesma modalidade, como a FGV (Masters) e a própria Harvard Business School (HBx CORe, online). O currículo costuma cobrir habilidades interpessoais e os temas essenciais de administração, como marketing, finanças, operações e projetos. 

Mudança de carreira

Foi essa a escolha de Ana Luiza de Paula, dois anos depois de formada, quando decidiu ingressar no Master in Business and Manegement da FGV, em São Paulo – espécie de curso introdutório à administração, voltado para quem não teve uma formação sólida na área ou vem de outras graduações, como era o seu caso. No Insper, o curso com proposta análoga é o CBA (Certificate in Business Administration), e ambos costumam atrair um nicho expressivo de estudantes: aqueles que se formaram nos mais variados cursos de graduação e agora querem mudar de área e fazer uma transição para o mundo corporativo.

Formada em Arquitetura pela USP, Ana já sabia desde a metade do curso que gostaria de trabalhar com negócios. A entrada no mundo corporativo veio ainda durante a faculdade, por meio de um estágio em marketing, mas foi o curso de pós-graduação que a preparou para crescer na hierarquia da empresa – durante o MBM, passou da posição de analista em que estava para reportar diretamente ao presidente.

Para ela, um curso com abordagem generalista ajuda a ganhar uma visão geral da empresa, e não se fechar na própria área. “A questão é você não ficar sem entender nada. Se você está no universo corporativo, tem coisas que você vai ter que entender, tanto de  vocabulário como de conceitos”, diz. 

Mesmo as aulas de contabilidade, que não estão diretamente relacionadas ao seu atual cargo no marketing, também foram úteis. “Você aprende a ler o raio-x de uma empresa.”

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Diversidade

“Apesar de ter colegas formados em administração e que foram fazer uma pós só para ter diploma da FGV, também tinha muita gente de outras formações, e isso é uma troca muito rica”, explica Ana sobre a composição da sala. “As pessoas vêm com experiências diversas, é um pessoal novo ainda e ninguém está com nenhum vício de trabalho, é todo mundo muito aberto para aprender”, conclui.

Guilherme Amorim, que também fez o MBM da FGV, não considera o networking um ponto forte desse tipo de graduação, já que os alunos costumam ser mais novos – embora seja um entusiasta do curso. Formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp, já no terceiro ano ele percebeu que não queria trabalhar na área e preferia o mundo das finanças. Como Engenharia é um curso que permite uma migração acessível para a carreira financeira, ele decidiu se formar, embora tenha passado a estudar contabilidade por conta própria.

Assim, um ano depois de ter concluído a graduação, decidiu complementar sua formação com a pós-graduação. “Para quem tem uma formação diferente da administração, é um curso que agrega muito, tanto no conhecimento de como funciona uma empresa como também na questão de oportunidades profissionais”, explica. Ele, que considerava sua graduação muito técnica, gostou do MBM exatamente pela aplicabilidade prática de todo o conteúdo abordado. “Não teve nenhuma matéria que não fosse completamente aplicada no meu dia a dia da área financeira de uma organização. Foi o primeiro contato que eu tive com contabilidade, com conceitos que eu uso até hoje”, explica.

No começo do curso, trabalhava em Campinas (SP), no setor automotivo. Como as aulas eram na capital paulista, a distância entre as cidades acabou inviabilizando a jornada dupla e ele preferiu ficar com a pós-graduação. Algum tempo depois, foi pela intranet da própria FGV que ele conseguiu uma vaga para seguir carreira na área financeira, como planejava.

A escolha por um curso de pós-graduação mais abrangente, e não um específico em finanças foi consciente. “Para poder se aprofundar em certos assuntos você precisa primeiro ter um estudo mínimo na área de administração”, ele opina. Hoje, depois de ter concluído também um MBA em finanças no Insper, curso voltado para profissionais mais experiente, ele considera que o conteúdo visto no MBM ajudou muito a aproveitar a segunda pós-graduação ao máximo.

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Rodrigo Perez Duarte, ex-aluno do CBA no Insper, também é formado em Engenharia (pelo Mackenzie, em São Paulo) e decidiu fazer a pós-graduação motivado pela vontade de mudar de mercado. “O CBA foi escolhido em razão da formação muito técnica da graduação de engenharia, de forma que pudesse abrir horizontes em questões relacionadas à gestão, administração, etc”, ele conta.

Já para os alunos egressos de uma graduação consistente em administração, cursos como o CBA e o MBM vão soar repetitivos, e os próprios coordenadores desencorajam esse perfil de candidato a seguir nessa modalidade de pós. Existem (para esse público ou quem quer que seja mais letrado em administração) cursos de especialização que já aprofundam em aspectos específicos, como gestão de projetos, finanças, gestão de pessoas, marketing e por aí vai. O leque é amplo e vale a pena pesquisar com calma tanto os cursos como as pós-graduações.

Pós-graduação e timing

“Aconselho não fazer a pós apenas visando engordar o currículo, e sim procurar algo com aplicabilidade direta com seu objetivo”, explica Rodrigo, que depois do CBA no Insper também fez um MBA na FGV. É a mesma opinião que demonstraram os próprios coordenadores de cursos consultados pelo Na Prática.

Embora divergissem quanto ao número exato, todos os especialistas com que o portal conversou para esta matéria recomendaram que o jovem interessado em complementar a graduação com uma pós buscasse sempre refletir sobre o conteúdo que seria aplicável na sua carreira dentro dos próximos dois ou três anos, no máximo.

Fazer uma pós-graduação mirando um sonho de carreira a longo prazo é uma armadilha: o curso estará datado quando você chegar lá, e os próprios aprendizados da pós, quando não são aplicados no dia-a-dia de trabalho, acabam se perdendo. “O que traz impacto é quando a pessoa faz o curso mas percebe que é um caminho para desenvolver o que é necessário para sua carreira, e não somente um pedaço de papel”, explica o coach Márcio.

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O ponto de partida é, como em muitas outras questões, o autoconhecimento: aonde você quer chegar?

 

Este artigo foi originalmente publicado por Na Prática, portal da Fundação Estudar

 

 

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Mundo do Trabalho, Pós-Graduação
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