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Assuntos sobre meio ambiente que podem ser tema de redação

Veja instruções para a proposta de intervenção sobre questões ambientais, além de dicas de estudo e repertório

Por Juliana Morales
Atualizado em 2 jun 2022, 18h18 - Publicado em 2 jun 2022, 18h18
Queimada na Chapada dos Veadeiros
Fotos aerea da queimada do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (Valter Campanato/Agência Brasil)
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A Semana Nacional do Meio Ambiente é comemorada nos sete primeiros dias do mês de junho. Isso porque no dia 5, especificamente, celebra-se o Dia Mundial do Meio Ambiente. Diante da relevância do tema, é aconselhável que o estudante fique por dentro do cenário ambiental brasileiro, avaliando os avanços, problemas e as consequências para o futuro.

“A grande maioria dos vestibulares tende a trazer à tona temas vinculados à atualidade. Com isso em mente, basta uma rápida pesquisa nas principais notícias dos últimos anos para percebermos que pautas ambientais estão frequentemente nas manchetes. Isso as torna, portanto, uma possível aposta para as propostas de redação de 2022″, afirma Aline Benevides, coordenadora de Redação do Poliedro Colégio São Paulo.

Como já apareceu nos vestibulares

Aline diz que apesar dos temas relacionados ao meio ambiente estarem a todo momento nas mídias, eles começaram a ser cobrados com mais frequência nos vestibulares apenas nos últimos anos. O mais recente, segundo a coordenadora, foi o Vestibular de Medicina da Santa Casa de 2022 (banca realizada pela Fundação Vunesp) que trouxe a frase temática: “O agronegócio no Brasil: entre a importância para o crescimento econômico do país e a necessidade da preservação ambiental”.

Antes disso, em 2021, a proposta de redação da Fuvest perguntou: “O mundo contemporâneo está fora de ordem?”.

“Ao olharmos com mais cuidado os textos motivadores, deparamo-nos com uma tirinha da Mafalda em que é retratado o globo terrestre com vários machucados. A partir dela, era possível que os estudantes fizessem relações entre o neoliberalismo e os impactos ambientais”, lembra Aline.

Já em 2020, a Unicamp solicitou em uma de suas propostas um podcast sobre a biodiversidade e o caráter multiétnico e multicultural do Brasil. A coletânea trazia textos que mostravam tanto a diversidade quanto os impactos das ações humanas no Cerrado e na Amazônia, principalmente.

Se resgatarmos temas ainda mais antigos, é possível citar o Enem 2001 que propunha um texto sobre o “desenvolvimento e preservação ambiental: como conciliar interesses em conflito?”. Depois, em 2013, o exame (na 2ª aplicação) trouxe o tema “Cooperativismo como alternativa social”.

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Em 2012, a redação da Unesp tratou da “questão das queimadas no Brasil”.

Novas apostas

Pensando em possíveis temas para as provas de 2022, Wellington Costa, coordenador de Redação do Curso Etapa, faz uma divisão de acordo com as características das propostas de redação do Enem e de outros grandes vestibulares.

De um modo geral, os vestibulares contemplam os temas como debates. O Enem, por sua vez, como problemas. Tanto num caso como no outro, os estudantes podem e devem mobilizar seus conhecimentos adquiridos ao longo da vida escolar”, explica Costa.”Trata-se de um eixo temático que favorece bastante a interdisciplinaridade com Ciências Humanas (Geografia, principalmente) e com Ciências da Natureza (Biologia, Química)”, completa.

Confira os temas levantados pelo coordenador para que os estudantes fiquem atentos, tanto no caso específico de Enem, como para outros vestibulares em geral.

Situações-problema (como no Enem):

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  • Gestão do lixo e descarte adequado de resíduos;
  • Mobilidade urbana: alternativas mais sustentáveis;
  • Preservação das culturas indígenas;
  • Consumo consciente contra esgotamento de recursos naturais;
  • Contenção do desmatamento crescente na Amazônia.

Debates (como nos vestibulares em geral):

  • Desenvolvimento econômico x preservação ambiental;
  • Ampliação do agronegócio x preservação de terras indígenas;
  • Aquecimento global: impacto cultural ou impacto natural?
  • Rodízios e pedágios urbanos para redução de automóveis em áreas urbanas;
  • Marketing ambiental: oportunismo ou consciência ecológica?

Aline reforça as discussões acerca do desmatamento, especialmente envolvendo a Amazônia, que têm estado recorrentemente em pauta. “Esse assunto, contudo, não se limita ao Brasil, uma vez que a regulação climática e a qualidade de vida das futuras gerações do mundo todo estão vinculadas a ele”, observa a coordenadora de redação.

Ela ainda chama a atenção para como a pandemia da covid-19 trouxe questionamentos e reflexões em relação ao modo de vida contemporâneo, o qual reproduz um modelo predatório de interação com o meio ambiente.

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De acordo com Aline, repensar as relações de consumo, entender seus impactos no presente e no futuro, investigar a falta de investimento em tecnologias limpas, questionar o papel das empresas, dos governos e dos indivíduos frente a esses problemas são recortes bastante atuais e possíveis para os vestibulares deste ano.

Proposta de intervenção do Enem

Outra particularidade do Enem para a qual vale se preparar é a proposta de intervenção. Uma dúvida que pode afligir os estudantes é como resolver problemas tão complexos em poucas linhas. A principal dica de Aline para essa etapa do texto é entender com clareza as causas e as consequências do problema em questão e pensar, na prática, por quem e como ele poderia ser resolvido.

Para começar, Costa recomenda que o candidato estabeleça os contextos históricos e geográficos. Ou seja, é importante deixar claro de quando se está falando (presente, passado, futuro) e de onde (Brasil ou mundo). O coordenador do Etapa também destaca o uso do vocabulário específico desse eixo temático: “vale reservar um tempo para aprender a usar com propriedade termos como desenvolvimento sustentável, sustentabilidade, biodiversidade, ecossistema, efeito estufa, caos urbano, pegada ecológica, entre outros”, aconselha.

Além disso, para estar bem preparado para apresentar uma solução sobre temas ambientais, o recomendado é que os estudantes pesquisem sobre as principais instituições e órgãos da área, como a FUNAI (Fundação Nacional do Índio), o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e o próprio Ministério do Meio Ambiente.

Costa também destacas os agente não governamentais como a SOS Mata Atlântica, Greenpeace, Akatu, WWF, além de partidos políticos (os Partidos Verde pelo mundo, a Rede Sustentabilidade no Brasil) e agentes econômicos diretamente interessados, como agronegócio e mineração.

“Visto que essa temática muitas vezes está vinculada a questões culturais, é importante pensar também no papel das mídias na conscientização da população”, acrescenta Aline.

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Dicas de estudo e repertório

O prinipal é acompanhar os noticiários e redobrar a atenção em relação a assuntos ambientais nas aulas de Geografia, Biologia, Química. O professor de redação dá ainda duas dicas específicas para ampliar o repertório: a canção Planeta Água, de Guilherme Arantes, profética sobre a crise hídrica, e o ciclo de podcast Diálogos na USP – Meio ambiente.

Já Aline, do Poliedro, sugeriu alguns documentários para ajudar na contextualização, no desenvolvimento da argumentação ou até mesmo na reflexão acerca do tema. São eles: Oceanos de Plástico (2016), Nosso Planeta (2019) e Solo Fértil (2020), que estão disponíveis na Netflix. Além de Uma verdade inconveniente (2006), disponível no Youtube, Google Play e Apple TV, e Seremos História?, vencedor Documentário do Ano no Hollywood Film Award, em 2016. Este último está disponível na Disney+.

Já para os que preferirem se aprofundar pela leitura, a coordenadora indica as obras Ideias para adiar o fim do mundo e O amanhã não está à venda, do filósofo, ambientalista e ativista Ailton Krenak, e Por uma outra globalização, do geógrafo Milton Santos.

Por fim, uma outra dica para ficar antenado nas questões ambientais é seguir ativistas da pauta nas redes sociais.

 

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