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O ensino da educação financeira e o impacto na vida das pessoas

O assunto pode ser tema de redação de vestibulares e a adoção da disciplina nas escolas pode mudar a dinâmica financeira das famílias

Por Danilo Thomaz
Atualizado em 23 dez 2021, 11h03 - Publicado em 9 nov 2021, 12h23

A educação financeira é parte da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no Brasil desde 2017. Porém, apenas em 2020 passou a ser implantada nas escolas do ensino infantil e fundamental. Já no ensino médio os conteúdos relacionados ao assunto entrarão em vigor a partir de 2022, na grade do Novo Ensino Médio

Gabrielle Cavalin, coordenadora de redação do Poliedro, explica: “O brasileiro tem o hábito cultural de gastar mais do que poupar. E pouco conhecimento sobre taxa de juros, créditos, financiamento, endividamento. Todos esses pontos se devem à ausência da educação financeira. A BNCC provoca a necessidade do estudo para mudar a relação que a população adulta tem com o dinheiro”.

O Guia separou algumas ideias para ajudar você a entender melhor o assunto na vida e a se preparar caso o tema seja cobrado nos vestibulares. 

De estudantes para estudantes

remuneração dinheiro salário
Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o conceito de educação financeira é o processo que permite melhorar a compreensão em relação aos produtos e serviços financeiros, o que torna a pessoa capaz de fazer escolhas conscientes. (eternalcreative/iStock)

Para ajudar os adolescentes a entender não apenas a sua relação com o dinheiro – mas também com o mundo e como este sistema em que vivemos nasceu e se desenvolveu – os estudantes do colégio  2ª série do Ensino Médio do Colégio Marista Arquidiocesano, localizado em São Paulo (SP), criaram um projeto chamado Academia do Dinheiro

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Por meio dele, são disponibilizadas apostilas de temas como inflação, consumo excessivo e endividamento. Um dos assuntos abordados é a obsolescência programada, ou seja, aquela atitude muito ligada à empresas de tecnologia que desenvolvem produtos que em pouco tempo se tornam ultrapassados, forçando o consumidor a comprar uma nova versão. São questões que podem gerar desperdício ou então um circuito de substituição e compra que é quase interminável. As apostilas podem ser acessadas por este link. 

Conhece-te a ti mesmo

A consultora Cássia D’Aquino é uma das pioneiras do tema no país e vem trabalhando junto a escolas, jovens e adultos do desde 1994. Segundo ela, para compreender e tirar o melhor proveito da educação financeira, primeiro é preciso ter um objetivo: “É fundamental que os adolescentes percebam o que querem da vida porque isso vai ajudar a lidar com o dinheiro. É importante que esses jovens se sintam estimulados a entender a relação de interdependência entre as coisas. É importante saber o que acontece na China, nos Estados Unidos e fazer exercícios de imaginação sobre como isso pode interferir na vida deles, por exemplo.”

Grande parte das pessoas passa por aquele momento em que precisa escolher uma profissão o que se traduz em cinco, seis, sete horas em frente a cadernos, livros, anotações, exercícios e provas passadas para conquistar o objetivo de ser aprovado no vestibular. Mas isso é só o começo.

CASSIA DE AQUINO/ CONSULTORA FINANCEIRA - ESPECIALISTA EM EDUCA‚AO FINANCEIRASAO PAULO - PRA‚A BUENOS AIRES18.08.2008FOTOS: DANIEL WAINSTEIN
Cassia D’Aquino é educadora financeira e atua em escolas e empresas (Daniel Wainstein/Divulgação)
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“Os jovens precisam começar a pensar não só na faculdade, mas os próximos passos de sua vida adulta. O vestibular é importante, mas não é só essa aprovação que conta. A gente precisa se organizar para ter uma vida profissional. Tudo isso é educação financeira”, diz Cássia.

Em países como os Estados Unidos é muito comum jovens e adolescentes terem trabalhos temporários em períodos de férias ou finais de semanas para terem seu próprio dinheiro. Essa é uma maneira de compreender o mundo do trabalho e até mesmo conhecer a si próprio e a seus talentos, continua Cássia. 

No Brasil, para algumas famílias das classes média e alta, ver filhos trabalhando cedo pode não ser bem visto. “É muito impressionante como ofende os pais a ideia de ter filhos adolescentes trabalhando, como se isso fosse um indicador de incompetência. O que é um absurdo porque inibe os jovens de irem tateando o mundo de modo que possam compreender o que querem e o que não querem. Os caras vão crescendo numa rotina absolutamente banal e chega no terceiro ano sem nenhuma experiência, sem ter nenhuma ideia do que vão encontrar [na vida adulta]. O ideal seria que esse jovem fosse amadurecendo aos poucos.”

E na redação?

A professora de Linguagens no Colégio Anglo Chácara Santo Antonio, Andréa Santos Neiva Godoy, trabalha a questão da educação financeira em sala com seus alunos. “O tema tem bastante relevância no momento em que estamos vivendo”, diz a professora. “A educação financeira é importante para uma boa qualidade de vida. Ela ajuda a organizar os rendimentos, planejar ações futuras.”

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Segundo a professora, a temática pode ser abordada em redação por meio da questão do envelhecimento da população, por exemplo. “Em 2030, o Brasil será a quinta população mais idosa do mundo e somente 21% dos brasileiros aproximadamente se preparam de alguma forma para a velhice”, afirma.

++ Resumo Atualidades: Demografia e envelhecimento populacional

Outro ponto que pode ser abordado nas redações é o impacto da educação financeira na vida familiar. Ao contrário do que se supõe, não é só o estudante que se organiza melhor e passa a refletir sobre o dinheiro. A criança que é exposta à educação financeira impacta positivamente a família.

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Andréa destaca também que o tema pode ser analisado pelo viés do empreendedorismo. “O brasileiro tem uma ‘alma’ empreendedora. Só que quando a gente vai ver os dados econômicos a gente vê que inúmeras empresas acabam indo à falência porque as pessoas não têm um mínimo entendimento do planejamento financeiro.”

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Redação
O ensino da educação financeira e o impacto na vida das pessoas
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