Malala Yousafzai, ativista paquistanesa e ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, se pronunciou nas redes sociais e lamentou o novo fechamento das escolas para meninas no Afeganistão. “Eu tinha uma esperança para hoje: que as meninas afegãs não fossem mandadas de volta para casa. Mas o Talibã não cumpriu sua promessa", escreveu no Twitter na quarta-feira (23). Impedidas de frequentarem as aulas desde que o Talibã assumiu o poder no país, em agosto de 2021, as meninas se viram esperançosas com uma aparente permissão do grupo extremista para que pudessem retornar aos estudos nesta semana, mas não foi o que ocorreu. Apenas algumas horas após o início das aulas, os líderes do Talibã ordenaram o retorno das garotas para suas casas. Agências internacionais relataram revolta e decepção entre as estudantes.Para Malala, que já sofreu com a repressão do Talibã e tornou-se um símbolo na luta pelo direito à educação, o grupo continuará "encontrando desculpas para impedir que as meninas aprendam porque tem medo de meninas educadas e mulheres empoderadas.”I had one hope for today: that Afghan girls walking to school would not be sent back home. But the Taliban did not keep their promise. They will keep finding excuses to stop girls from learning – because they are afraid of educated girls and empowered women. #LetAfghanGirlsLearn— Malala (@Malala) March 23, 2022A chefe da Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura), Audrey Azoulay, também criticou os talibãs: "Hoje a promessa de um retorno à escola para milhões de alunas de ensino médio foi quebrada no Afeganistão. É um retrocesso enorme. O acesso à educação é um direito fundamental".Desde que afastou as meninas de 12 a 19 anos das escolas, o Talibã afirma que precisa de mais tempo para reorganizar as escolas e, assim, garantir que homens e mulheres estudem em espaços separados e sob uma administração de princípios islâmicos.O Talibã no AfeganistãoEm agosto de 2021, o Talibã tomou a capital do Afeganistão, Cabul, e voltou ao poder após quase 20 anos. A reascensão do grupo aconteceu em paralelo à retirada das tropas americanas do país. O presidente, Ashraf Ghani, apoiado pelos Estados Unidos, fugiu e não ofereceu resistência.A volta do Talibã colocou entidades defensoras dos Direitos Humanos em alerta, já que histórico do grupo no país (e em outros) aponta para graves violações. Entre 1996 e 2001, quando o os talibãs controlavam o Afeganistão, foram estipuladas medidas rigorosas especialmente para as mulheres, que perderam o direito à educação e a liberdade de ir e vir sem estarem acompanhadas de um homem. Três livros para entender o Talibã e as mulheresEu sou Malala: A história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo Talibã - Aos dezesseis anos, Malala Yousafzai tornou-se a pessoa mais jovem a ser agraciada com um prêmio Nobel da Paz. O motivo? A jovem paquistanesa virou um símbolo de resistência contra o Talibã ao defender o direito das meninas e mulheres à educação. Malala quase pagou com a própria vida quando foi baleada à queima-roupa pelo grupo extremista dentro de um ônibus escolar. A história da menina que sobreviveu ao Talibã é contada por ela própria neste livro escrito em parceria com a jornalista Christina Lamb.As meninas ocultas de Cabul: Em Busca De Uma Resistência Secreta No Afeganistão - Neste livro, a jornalista sueca Jenny Nordberg lança luz sobre uma prática afegã que, por muito tempo, foi desconhecida no Ocidente: a “bacha posh”. Durante os primeiros anos de controle do Talibã no país, familiares escolhiam criar suas filhas como meninos para que elas pudessem usufruir de mais direitos.O segredo do meu turbante - Diferente das meninas do “bacha posh”, que desde o nascimento são criadas como meninos, a afegã Nadia Ghulam foi criada como menina até os 8 anos. A partir daí, no entanto, sua vida sofreu uma virada. Sua casa foi destruída por uma bomba, seus familiares morreram e ela acabou com o rosto e o corpo deformados pelas queimaduras. Escolheu, então, assumir a identidade do irmão morto na tragédia e viver como um homem para fazer frente ao Talibã. Este livro reconta sua história.*O Guia do Estudante tem uma parceria com a Amazon e recebe uma comissão pelas vendas feitas por meio dos links indicados nesta página. A curadoria de produtos segue critérios exclusivamente editoriais. O estoque disponível refere-se ao momento da publicação deste post.Prepare-se para o Enem sem sair de casa. Assine o PASSEI! e tenha acesso a centenas de videoaulas com professores do Poliedro, que é recordista em aprovações na Medicina da USP Pinheiros.