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A autossabotagem em ano de vestibular

História inspiradoras para ajudar você nessa fase de inseguranças que é o vestibular

Por Juliana Morales
Atualizado em 12 fev 2021, 09h45 - Publicado em 11 fev 2021, 15h30
ano de vestibular
 (Juliana Vitória/Guia do Estudante)
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Vestibulando, você já deve ter procrastinado o estudo algum dia, ou deixado a inscrição para última hora, ou até atrasado sem querer, querendo no dia da prova. Tudo isso na tentativa, muitas vezes inconsciente, de fugir do seu objetivo por medo de se decepcionar com uma possível reprovação. Afinal, quem, por insegurança, nunca se autossabotou tomando atitudes que vão na direção contrária dos seus sonhos?

Semanas atrás, passou pelo meu feed do Instagram o relato do Gilberto, participante do Big Brother Brasil, sobre entrar na faculdade. Em conversa com os colegas na cozinha da casa, o pernambucano hoje doutorando em Economia relembra o dia em que prestou o vestibular. Gil (como é chamado no reality) conta que, após um conhecido falar que ele não conseguiria passar direto, se sentiu muito inseguro. Então, no dia da prova, saiu sem RG. Ele sabia que, se não apresentasse o documento, não poderia entrar. “Eu queria ter um motivo para não conseguir fazer. A gente bate tanto na trave que fica com medo. Naquele momento, pensei: se eu arriscar e não conseguir, é o carimbo. Vai machucar muito”.

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Emocionado, ele lembra que a mãe foi correndo ao seu encontro entregar o documento que ele tinha “esquecido”:  “Meu filho, a gente sofreu muito nessa vida e a última felicidade é ver você em uma faculdade”, disse ela. Mesmo com medo de se frustrar e frustrar quem confiava nele, Gil foi fazer o vestibular. E, de primeira, conseguiu a tão sonhada vaga.

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História de muitos

O discurso de Gil, brother já muito querido pelo público, inspirou e tocou muita gente, que se identificou com a história, como a estudante do quarto ano de Psicologia Jennifer Ester de Sousa Bastos, de 21 anos. Nascida em uma cidade do interior de Goiás, ela conta que “nunca tinha nem viajado de ônibus sozinha”. No entanto, sempre sonhou morar em outra cidade e estudar em uma universidade federal. Após um terceiro ano do Ensino Médio conturbado, ela acreditava que não tinha muita chance de passar – “mesmo sendo um sonho”.

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Diferente do que havia imaginado, conseguiu tirar uma boa nota no Enem. “Mandei bem na redação, o que me ajudou muito, fiquei bastante empolgada”, conta. Mas os gastos para mantê-la fora da cidade para estudar não cabiam na situação financeira da família. Mesmo assim, os pais aconselharam a filha que prestasse o Sisu: “só para ver se você passa”,.

“Eu não queria nem tentar. Pensei: ‘depois não dá certo, vou ficar com essa expectativa e não vai servir de nada’. Faltava meia hora para acabar as inscrições quando decidi fazer a minha”, conta Jennyfer, que preencheu a opção de cota racial e também de estudante de escola pública e lançou a sorte. “Até brinco que sou cria de bolsa e de cota. Faz toda a diferença, né? Sabemos que nesse país as oportunidades nunca são as mesmas para todos”, diz com bom humor.

Jennifer conseguiu uma vaga em Psicologia na Universidade Federal de Catalão, em Goiás. “Minha família toda se empolgou muito, eu era a primeira pessoa do nosso núcleo familiar mais próximo que estava indo para fora estudar”, relembra.

Fazendo bico no “butequinho” do avô, com doações de um jogo de copos e talheres que estava sobrando dos tios, cada pequena e valiosa ajuda fez com que ela conseguisse fazer a mudança. “Dividi o aluguel com uma colega. No começo, a gente não tinha nem geladeira, mas depois foi melhorando”, conta a estudante a um ano de se formar.

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Jennifer Ester está no quarto ano de Psicologia

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Valeu a pena

Histórias como a de Gil e Jennifer despertam lembranças significativas para a doutoranda em Ciências da Saúde Jamile Taniele. Em 2005, aos 18 anos, ela se mudou de sua cidade natal, Paulo Afonso (BA), para Maceió (AL) para cursar o ensino superior. “Comecei a cursar Enfermagem em uma faculdade particular, sem nem tentar a federal. Não me sentia capaz de ser aprovada”.

No terceiro ano da graduação, a ficha caiu que não era aquele seu caminho e decidiu que queria cursar Ciências Biológicas para ser uma pesquisadora. “Eu me inscrevi sem acreditar, apenas para dizer que não tentei”. Na época, fazia seis anos que ela havia terminado o Ensino Médio e já não lembrava de muita coisa. E ainda precisou lidar com um baita problema: poucos dias antes da prova, foi assaltada e levaram todos os seus documentos. 

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“A caminho do local de prova, encontrei uma pessoa muito próxima da família que me aconselhou a desistir. Ela disse que eu estava perdendo tempo, já que não iria passar. Como eu já estava dentro do ônibus, decidi continuar”, conta. 

A carteirinha de estudante da antiga faculdade onde estudava, com foto e nome completo, foi aceita e Jamile pode realizar o exame. Meses depois, no dia do resultado, ela conta que nem procurou a lista: “tinha certeza que meu nome não estaria ali”. Até que recebeu a ligação de um amigo. “Passei em 11° lugar em Ciências Biológicas da Universidade Federal de Alagoas. E isso mudou minha vida completamente”, relembra Jamile.

Jamile quando se formou em Ciências Biológicas na UFAL
Jamile quando se formou em Ciências Biológicas na UFAL (Arquivo Pessoal/Reprodução)

Então, vestibulando, quando bater o medo de se decepcionar com o resultado e der vontade de desistir, lembre-se de que esse sentimento é comum nessa fase e não é só com você. Busque apoio em quem você confia e acolha o que está sentindo. Vai dar tudo certo!

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