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“Achei que ia morrer”, desabafa estudante soterrado em campus da Uerj

Casa de Davi José Martins e Silva, localizada no campus de Nova Friburgo, foi destruída na chuva que danificou parte das instalações da universidade

Por por MARIANA NADAI
Atualizado em 16 Maio 2017, 13h58 - Publicado em 28 jan 2011, 16h45

Na madrugada de 12 de janeiro, a cidade de Nova Friburgo, na região serrana do Rio de Janeiro, recebeu a pior chuva da sua história, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Enquanto a tempestade caía na cidade, até mesmo locais considerados seguros foram danificados. Como o Instituto Politécnico do Rio de Janeiro (IPRJ), campus regional da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Instalado desde 1993 em Nova Friburgo, pela primeira vez a instituição foi prejudicada pela chuva.

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Na universidade para concluir a sua tese de mestrado, o estudante Davi José Martins e Silva, que mora em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro, viveu na pele os problemas ocasionados pela força da água. Além da casa que ocupava ter sido totalmente destruída, Davi e sua família foram soterrados pela avalanche de lama que atingiu o campus da instituição.

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“A chuva começou no dia 11, lá pelas 10 da noite. À 1h da madrugada a luz acabou. Estava chovendo muito, nunca vi coisa igual, mas fui dormir numa boa, porque considerava a universidade segura”, diz Davi.

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A paz do estudante acabou no meio da madrugada, quando o morro que fica em volta da universidade desabou. “Não deu tempo de nada, quando percebi estava soterrado, apenas com a cabeça e um braço de fora. Depois que consegui sair dali, e tirar minha filha e minha mulher, segui a luz do celular de um vizinho. Ela me ajudou a me nortear”, lembra o estudante.

Lama para todo lado
“Foram duas ondas de lama. Senti um aperto muito grande no meu peito e não consegui respirar. Mas depois de alguns segundos a lama escorreu um pouco. O problema é que em seguida veio outro monte de terra molhada, foi quando ficamos presos”, descreve Davi.

Para o estudante, aquele pareceu ser o fim de tudo. Sem perspectiva de conseguir sair dali, Davi chegou a pensar que ia morrer soterrado. “Tudo foi destruído, só sobrou o chão da casa. Foi a pior sensação que tive. Achei que ia morrer e pensava como seria ruim morrer daquela forma”, desabafa. Apesar de tudo, apenas Davi ficou ferido, com um corte na cabeça.

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Na casa de seu vizinho, Davi começou a se dar conta do que estava acontecendo. “Não tinha dimensão de nada, nem se havia mais pessoas soterradas na universidade e muito menos os estragos da chuva na cidade. Quando meu vizinho ligou para os bombeiros percebemos que Nova Friburgo deveria estar o caos, pois não havia nenhuma equipe para vir nos ajudar”, lembra.

De fato, por conta da força das águas, a cidade foi parcialmente destruída, deixando milhares de pessoas desabrigadas e centenas de mortos (segundo a Polícia Civil do Estado eram 408 até a manhã de 28 de janeiro) e desaparecidos.

Após horas de aflição, um grupo de moradores do campus conseguiu sair da universidade por uma rota alternativa, uma vez que a estrada de acesso havia sido totalmente destruída, levando Davi e o filho de uma professora que havia fraturado a perna.

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O estudante de mestrado voltou para a universidade logo após receber atendimento médico. “Não tínhamos onde ficar em Nova Friburgo e era impossível deixar a cidade. Mas, no dia seguinte – 13 de janeiro – fomos aconselhados a sair de lá”, diz.

Pensando no futuro

Davi perdeu tudo com o soterramento: roupas, computador e o trabalho de um dia inteiro na sua tese. “Agora estou negociando prazos com o meu orientador, mas devo defender o meu mestrado no campus da Uerj do Rio de Janeiro, capital”, divaga o estudante.

A tragédia não fez com que Davi desistisse de pensar no seu futuro doutorado em Nova Friburgo, mas uma coisa é certa: não voltará a dormir mais no mesmo lugar. “Quem tem juízo tem medo. Não vou deixar que o que aconteceu me impeça de fazer o doutorado na Uerj de Nova Friburgo, pois é onde tem o melhor curso da minha área – modelagem computacional. Entretanto, se o campus continuar naquele local, nunca mais dormirei na cidade, voltarei todos os dias para São Gonçalo”, afirma Davi.

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