Escolher uma profissão – e um curso para chegar a ela – geralmente não é nada fácil. E, por mais que se possa pedir a opinião de outros, é uma decisão que cabe apenas a você. Neste processo, fazer a si mesmo algumas perguntas é fundamental para chegar a uma conclusão. Por isso, conversamos com especialistas e pedimos para que eles listassem quais são as mais importantes – e quais são aquelas que, apesar de parecerem úteis, podem confundi-lo ainda mais.
Etapa 1: Para você se conhecer melhor
Responda essas perguntas por escrito, em forma de lista. Você vai usar as respostas para as etapas seguintes.
– Quais são os traços de minha personalidade? Sou reservado, comunicativo, estratégico? |
– Quais são as minhas habilidades – tanto as gerais quanto as mais específicas? O raciocínio numérico é mais desenvolvido? Ou seria o abstrato e o verbal? |
– Quais são meus interesses? O que me desperta curiosidade para investigar e ler a respeito? |
– O que gosto de fazer? Gosto de atividades ao ar livre? Gosto de liderar? Gosto da vida urbana? |
– O que eu NÃO gosto de fazer (seja por falta de habilidade ou por outro motivo)? |
Etapa 2: Para encontrar o curso certo
Ok, você já listou as coisas de que gosta e de que não gosta. Agora é hora de fazer algo mais trabalhoso: reunir dados de profissões que podem lhe interessar. A seção “Profissões e Universidades” deste site e o Guia de Profissões impresso serão ferramentas importantes nesta etapa.
“As perguntas anteriores são extremamente importantes para que o estudante possa realmente conhecer seu perfil pessoal (o que chamamos de mundo interior), para que, quando tiver acesso a informações sobre mercado de trabalho e sobre as múltiplas opções de carreiras (o que chamamos de mundo exterior), possa compatibilizar, de forma consciente, estes dois mundos, explica Denise Retamal, diretora-executiva da RHIOS Recursos Humanos e responsável pelo programa de orientação de carreiras “Jobs of the Future”.
Agora, você precisa responder as seguintes perguntas:
– Que profissões me permitirão usar essas habilidades?
“Se você conseguir usar suas habilidades na profissão que escolher, seu grau de satisfação poderá ser muito maior”, diz o psicólogo Rafael Lourenço de Camargo, consultor de cursinhos pré-vestibulares e diretor do Instituto de Psicologia Cognitiva Comportamental de Franca (IPCC-Franca). Se você for muito criativo e agitado, conseguiria ser feliz em uma profissão que valoriza mais outras características, como precisão e concentração? Pode ser que sim ou que não; é você que terá de responder.
Dica: FEIRA GUIA DO ESTUDANTE |
Feiras de profissões são ótimos programas para ajudar você na escolha. A Feira Guia do Estudante, que vai acontecer entre os dias 29 e 31 de agosto em São Paulo, terá palestras, testes de orientação profissional, simuladões e vários estandes que permitirão vivenciar certas profissões na prática por um dia. Tudo de graça. Para participar, é só fazer sua inscrição neste link. |
– Sentirei falta, tanto no curso quanto na profissão, de alguma habilidade que ainda não consegui desenvolver? Conseguirei desenvolvê-la durante o curso?
“Se não sou um cara detalhista e minucioso, por exemplo, teria dificuldade em profissões que exigem isso, como a de dentista, cirurgião. Pode ser que na graduação sinta a falta dessa habilidade”, diz Rafael. Outro exemplo: estudar engenharia sem curtir matemática será um problema porque envolverá um esforço a mais que você não teria se dominasse e gostasse da matéria; mas não é impossível. Cabe a você avaliar o quanto deseja seguir a profissão e o quanto está disposto a se esforçar para adquirir as habilidades necessárias.
– Tenho conhecimento suficiente sobre o curso e a profissão ou estou baseando minhas expectativas em algo fantasioso?
Filmes, programas de TV e livros de ficção muitas vezes mostram o cotidiano de certas profissões, mas você não deve basear suas opiniões e expectativas neles. Pesquise (o GUIA DO ESTUDANTE tem páginas dedicadas a cada profissão), converse com quem já está na faculdade e também com profissionais formados, veja a grade curricular dos cursos. E fale com o maior número de pessoas possível (que estejam diretamente envolvidas com a profissão) para ter certeza de que sua opinião se baseia em informações confiáveis e não no ponto de vista de uma única pessoa.
Perguntas perigosas
Para chegarmos a boas conclusões, também precisamos fazer as perguntas certas. Alguns questionamentos podem parecer úteis, mas acabam desviando a atenção dos fatores que realmente importam. Veja dois exemplos:
– Que carreira quero pra mim?
O início da nossa vida profissional envolve duas grandes escolhas: a de uma profissão para exercer (que vai levar à escolha do curso que melhor sirva a esse objetivo) e a de uma carreira para seguir. A profissão é aquilo que você vai fazer – médico, advogado, jornalista, engenheiro, professor de história etc. A carreira envolve o caminho que você quer seguir e aonde quer chegar com essa profissão – o que envolve, por exemplo, onde vai trabalhar e em que irá se especializar. Se você ainda nem decidiu qual graduação quer fazer, limite-se a escolher uma profissão. Segundo Rafael, a carreira é algo que você leva anos para definir (e irá, provavelmente, mudar de ideia várias vezes durante a sua vida), e dá para começar a pensar nisso durante a graduação – ou até depois que começar a trabalhar, quando você já tiver adquirido mais experiência na área e tiver descoberto todas as possiblidades que tem dentro dela. “É uma escolha muito ampla e insistir em decidir agora gera uma ansiedade desnecessária”, diz ele.
– O que meus pais (ou qualquer outra pessoa) gostariam que eu fizesse?
“O que atrapalha a decisão do aluno é basear-se em opiniões alheias e não consultar a si próprio, seus desejos e suas expectativas em relação ao futuro”, diz a psicóloga Ana Cristina Alves Lima, especialista em psicologia escolar. Lembre-se de que será você quem vai enfrentar as consequências de sua escolha e quem terá de ir para as aulas e para o trabalho todos os dias. Assim, escolher uma profissão que você nem curte porque é o sonho dos seus pais, por exemplo, não é uma boa.
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