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Doutorado sanduíche: entenda como funciona

Essa experiência pode ser enriquecedora, pois permite acesso a mais recursos, materiais e pessoas

Por Redação
Atualizado em 28 nov 2019, 14h38 - Publicado em 28 nov 2019, 12h50

Se você está na pós-graduação, já deve ter ouvido a expressão “doutorado sanduíche” (ou, em inglês, doctoral stay ou sandwich doctorate). E apesar do nome curioso, ele não tem nada a ver com comida. De maneira resumida, o doutorado sanduíche é um programa de estudos no qual o estudante de pós realiza parte de seu trabalho em uma universidade no exterior.

A ideia é que o pesquisador aproveite a infraestrutura ou as condições de outra instituição de ensino superior para enriquecer o seu trabalho. Dependendo do tema de sua pesquisa, ele pode precisar de recursos que a sua universidade não tem, e nesse caso o intercâmbio pode ajudar bastante. Pode acontecer também de um professor estrangeiro já ter muita experiência sobre um tema relativamente novo no Brasil.

Para o trabalho de doutorado, essa experiência pode ser enriquecedora, pois permite acesso a mais recursos, materiais e pessoas. Mas para o pesquisador, também representa uma oportunidade de conhecer uma nova cultura e ter contato com novas perspectivas sobre sua área de atuação. É também uma chance para que ele se destaque globalmente em sua vertente de pesquisas, e ajude a colocar o Brasil no mapa da ciência.

Por que fazer um doutorado sanduíche?

 

Em alguns casos, o pesquisador pode precisar de um laboratório que não existe na sua instituição de ensino. Caso a pesquisa dele tenha um enfoque local, sobre alguma região ou país estrangeiro, visitar essa região pode ser interessante. Isso não só para que ele tenha acesso a bibliotecas e materiais originais daquela região, como também para que ele fique imerso naquela cultura.

Às vezes, mesmo que a pesquisa seja referente ao Brasil, pode ser essencial que parte do trabalho seja feito no exterior. Por exemplo: um botânico que estude uma planta que ocorre em território brasileiro, mas que não é nativa do Brasil, pode querer viajar até o local de origem daquela espécie. Com isso, poderá entender como ela se desenvolveu por lá, e comparar com o desenvolvimento dela no nosso ambiente.

Como normalmente esse intercâmbio dura um ou dois semestres e acontece no meio do programa de doutorado, ele acaba sendo o “miolo” da pesquisa. Daí o nome “doutorado sanduíche”: os anos de pesquisa na instituição de ensino brasileira são as ” fatias de pão”, e o intercâmbio é o “recheio”.

Isso porque o pesquisador precisa começar e terminar o seu projeto de doutorado na mesma universidade. Afinal, a instituição que aprova o projeto de pesquisa deve ser a mesma que avalia o resultado final do trabalho. Por isso, o intercâmbio deve acontecer no meio do projeto, e não no começo ou no fim. Caso contrário, trata-se de outra modalidade de doutorado.

Como funciona?

 

Para fazer um doutorado sanduíche, você precisa primeiro estar matriculado em um programa de doutorado. Em seguida, será necessário conseguir permissão tanto junto à sua universidade quanto junto à universidade de destino para poder fazer parte do seu trabalho em outro local.

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Em alguns casos, a universidade brasileira e estrangeira já têm uma parceria. Isso acaba facilitando, e às vezes até permite que o aluno estude no exterior com a sua própria matrícula da universidade brasileira. Por outro lado, há casos também em que o aluno precisa fazer matrícula nas duas instituições.

O mais comum é que oportunidades e bolsas de doutorado sanduíche exijam que o estudante já tenha completado um ano de seu plano de estudos. A partir daí, pode começar a avaliar opções que façam sentido para a sua linha de pesquisa.

Como conseguir bolsa para doutorado sanduíche?

 

Pela universidade

Uma boa ideia para quem deseja fazer doutorado sanduíche é começar na própria universidade. Algum órgão de relações internacionais da instituição provavelmente poderá direcionar o aluno a universidades pelo mundo com as quais ela já tem parcerias de intercâmbio.

Em conversa com seu orientador, o pesquisador conseguirá avaliar se aquelas universidades tem a contribuir para o seu trabalho. Nesse caso, a universidade brasileira também poderá direcionar o estudante a oportunidades de bolsa de estudo ou de ajuda de custo para que ele se mantenha fora do país durante o período.

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Em alguns casos, se ainda não houver uma parceria com a universidade desejada pelo pesquisador, o departamento pode tentar entrar em contato com ela para firmar essa parceria. Nessas situações, os termos da parceria (duração do intercâmbio, bolsa, etc.) são negociados para aquele caso.

Pela Capes

A Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) também oferecem bolsas para programas de doutorado sanduíche. Na Capes, isso é feito por meio do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior, ou PDSE. as bolsas contemplam um valor mensal, auxílio-instalação, seguro saúde e um valor adicional para cidades com custo de vida elevado.

As exigências para concessão de bolsas podem variar bastante. No entanto, sempre é exigido um certificado de língua estrangeira (ou inglês, conforme a instituição de destino) e ORCID, um registro internacional de pesquisadores de nível superior.

Atualmente, a Capes está com um edital para bolsas de doutorado sanduíche com duração de seis meses a um ano. O edital completo pode ser visto neste link, e as inscrições vão até o dia 8 de março.

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Pelo CNPq

Outro órgão do governo brasileiro que oferece auxílio a pesquisadores que queiram fazer doutorado sanduíche é o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). As bolsas são oferecidas por meio do programa SWE da instituição.

As bolsas do programa SWE oferecem auxílio-deslocamento, auxílio-instalação, seguro saúde e um valor mensal para que o pesquisador se mantenha no país de destino. Ela também cobre eventuais taxas escolares e taxas de bancada do trabalho do pesquisador, e dura de 3 a 12 meses.

Para se candidatar a essas bolsas, o candidato deve estar matriculado em um doutorado no Brasil, demonstrar conhecimento do idioma usado na universidade de destino, e ter a anuência tanto de seu orientador brasileiro quanto do professor responsável por orientá-lo no país de destino.

Por outros meios

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Além desses recursos, pesquisadores interessados em um doutorado sanduíche também podem procurar por bolsas junto a outras instituições. A Comissão Fulbright, por exemplo, costuma oferecer bolsas para programas desse tipo com alguma regularidade.

Existem também oportunidades específicas da Capes em parceria com instituições de ensino superior específicas. É interessante ficar de olho nas comunicações da Capes para ficar sabendo dessas oportunidades quando elas surgem.

Também é possível verificar a existência de bolsas para doutorado sanduíche junto a associações culturais do país de destino. Um exemplo é o Study in Sweden, um órgão dedicado a oportunidades de estudar na Suécia para estrangeiros.

Este texto foi originalmente publicado no portal Estudar Fora, da Fundação Estudar, parceira do Guia do Estudante. 

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