EaD: Entenda por que essa modalidade de ensino não para de crescer
Apesar de responder por apenas 3,6% do total de cursos de graduação oferecidos no país, a educação a distância é modalidade de ensino que mais cresceu no Brasil nos últimos anos
Nem sempre lugar de aluno é na sala de aula! Hoje, mais de 15% dos estudantes universitários brasileiros optaram pela educação a distância (EAD). Nesse sistema, o aluno não frequenta regularmente uma escola ou faculdade nem assiste presencialmente a uma aula dada por um professor. Em geral, ele acessa todo o conteúdo do curso em seu computador, de qualquer lugar e na hora que desejar. E o professor ou tutor orienta os estudos da turma por meio de ferramentas virtuais, como fóruns de discussão.
Apesar de responder por apenas 3,6% do total de cursos de graduação oferecidos no país, a EAD é modalidade de ensino que mais cresceu no Brasil nos últimos anos. Só entre 2011 e 2012, de acordo com dados do Censo da Educação Superior do MEC/Inep, o aumento no número de matrículas foi de 12,2%, enquanto nos cursos presenciais esse índice fcou em torno dos 3%. A EAD também já responde por 19,7% dos ingressantes e 16,6% dos concluintes da Educação Superior.
Pequenas e grandes cidades e grandes metrópoles
Nos primeiros anos da EAD no país, no início dos anos 2000, a maior parte dos alunos era formada por moradores de pequenas cidades do interior do Brasil, onde não existiam faculdades. Esse foi o principal campo de desenvolvimento do modelo até mais ou menos 2008. A partir daí, os cursos passaram a atrair também, cada vez mais, habitantes de regiões metropolitanas. “Quem mora nas grandes cidades precisa economizer tempo. Por isso, pode ser mais interessante estudar em casa do que fcar horas no trânsito para se deslocar até uma universidade”, diz a professor Ivete Palange, da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed). “Além disso, o aluno tem fexibilidade de horários. Ele pode acessar seu curso de qualquer lugar do mundo na hora que quiser”, complementa.
Mais qualifcação
Outro fator que explica esse rápido crescimento é a própria exigência do mercado de trabalho. “Além de as empresas passarem a exigir nível universitário dos candidatos a uma vaga de emprego, elas valorizam profssionais com competências que alunos de EAD, mais do que os de cursos presenciais, desenvolvem durante a graduação”, conta Aline Reali, secretária-geral de educação a distância da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Ela cita algumas dessas habilidades apreciadas pelos empregadores: proatividade, autonomia, disciplina, capacidade de organização e familiaridade com ferramentas tecnológicas.
Preços atrativos
A ascensão social e o aumento do poder aquisitivo dos brasileiros também contaram a favor da EAD. Com o crescimento da classe média, mais pessoas puderam ingressar em cursos de Educação Superior. Para muitos, a melhor alternativa foi a graduação a distância, que geralmente é mais barata do que a modalidade presencial. A diferença de preços pode variar de 15% até 40%.
Alunos mais jovens
E a mudança no perfl do aluno de EAD, que está fcando cada vez mais jovem, implica que uma parcela de estudantes, que comumente optaria pela modalidade presencial, está migrando para a educação a distância. Eles são atraídos, principalmente, pela possibilidade de maior automia e personalização dos estudos. “A cada ano, as turmas ingressantes da UFSCar estão mais jovens”, confrma Aline.
O desafio da qualidade Com a expansão, tornou-se necessário controlar a oferta |
Apesar da crescente popularidade, ainda são comuns os questionamentos sobre a qualidade da formação recebida por quem faz uma graduação a distância. Um dos maiores problemas da EAD, Segundo José Manuel Moran, professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP) e especialista no tema, é a massifcação. “Instituições grandes abrem centenas de vagas porque querem captar o maior número possível de alunos e não se preocupam com o atendimento personalizado do estudante, o que é muito importante”, diz. A fm de avaliar a qualidade das graduações oferecidas a distância, o Ministério da Educação (MEC) realiza, desde 2008, a supervisão desses cursos. Até maio de 2014, das 40 instituições analisadas, três foram descredenciadas e uma teve suspensão de autonomia. Outras 31 assinaram termos de saneamento de defciências, em que se comprometem a cumprir as exigências apontadas pelo MEC, e o fzeram no prazo previsto. Cinco instituições ainda estão em análise. Além da busca da qualidade, outro grande desafo da EAD, de acordo com o professor Moran, é fazer com que o desenvolvimento de novos modelos pedagógicos acompanhe os avanços tecnológicos pelos quais passou a EAD. |