O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) cobrou, em 2009, na prova de ciências da natureza uma questão sobre o mar de Aral. Localizado entre o Uzbequistão e o Cazaquistão, na Ásia Central, este peculiar mar interno, que na realidade era um grande lago de água salgada, ganhou importância nos vestibulares de todo o Brasil por ser um exemplo de destruição do meio ambiente causado diretamente pela ação humana.
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Em cinquenta anos destruição, o mar de Aral perdeu 90% de sua área, |
Em 1960, o mar de Aral era considerado o quarto maior mar interno do mundo. Ele ocupava uma área de cerca de 68 mil quilômetros quadrados, quase três vezes maior que o estado de Sergipe. Naquela época, o mar era alimentado por rios que mantinham baixa a concentração de minerais na água, permitindo a existência de um ecossistema aquático, que garantia o sustento de mais de 60 mil pescadores.
Cinquenta anos depois, o mar se transformou em uma porção de água poluída e ultrassalgada, que recobre uma área equivalente a 10% da original. Em alguns pontos, o litoral chegou a recuar mais de 100 quilômetros, tornando o que antes era água, em um grande areal.
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A culpa desse desastre ambiental é 100% humana. O mar começou a secar após o desvio dos rios Amu e Syr para irrigar lavouras da União Soviética (URSS), nos anos 1960. Apenas 15 anos após o desvio, o nível de água já havia caído tanto que o mar se dividira em dois. Como não era mais irrigado por rios, ele também se tornou supersaturado e, pior, a água que resta acabou ficando extremamente poluída pelos agrotóxicos que escorriam das lavouras.
Essas mudanças destruíram o ecossistema do Aral. Das 32 espécies de peixes que viviam ali, restaram apenas seis, e das 319 espécies de aves que habitavam suas margens, cerca de 160 ainda resistem no local.
Veja as mudanças no mar de Aral nos último dez anos – Fonte: Nasa
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A sequência de imagens mostra a diminuição do nível da água do Aral. Repare que em 2010 a quantidade de água aumenta, mas isso ocorre apenas porque a foto foi tirada em um período de chuva
Além de afetar a vida dos animais, a insalubridade também prejudica o homem. A areia poluída do leito seco do Aral voa quilômetros com o vento, afetando populações da área. O resultado disso foi o crescimento de incidências de doenças respiratórias, do fígado e dos rins e câncer da garganta e do esôfago. Para se ter uma ideia, a expectativa de vida da população local caiu de 65 para 61 anos.
Infelizmente, especialistas consideram que é praticamente impossível que o mar de Aral recupere a vida que tinha há cinquenta anos. Ao que parece, hoje é mais fácil corrigir os problemas de salinidade e poluição em cada parte isoladamente.
E é o que está acontecendo. Para tentar revitalizar o mar, o Cazaquistão realizou uma experiência na parte norte, no Pequeno Aral, construindo um grande dique para reter a água naquela região. Em menos de oito meses, o nível de água já havia subido dois metros, aumentando a área em 500 quilômetros quadrados e diminuindo a concentração de sal. Os peixes voltaram e a pesca também.
Mas, essa iniciativa parece ser isolada. Para as partes mais ao sul, no chamado Grande Aral, as perspectivas não são boas. Essa região exige obras maiores e mais caras e dependem de acordos entre nações que dividem a bacia do rio Amu.
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