A divulgação do resultado do vestibular é o momento mais aguardado para quem passou o ano estudando para as provas. Com a lista de chamada nas mãos, o estudante tem dois tipos de reações diferentes: a alegria da aprovação ou a tristeza da reprovação. Saber que será preciso outro ano de estudo é uma notícia difícil de encarar. “É nessa hora que você pensar em desistir”, revela a estudante Natasha Alves dos Santos, de 21 anos, que fará o vestibular pela quarta vez.
Depois de prestar a prova para Engenharia Ambiental e não conseguir, Natasha conta que o choque da reprovação a fez refletir se faria cursinho para passar em uma universidade pública ou se tentaria uma particular. As condições financeiras da estudante traçaram seu caminho. Por não ter condições de bancar a mensalidade de uma instituição paga, ela decidiu começar o cursinho, conciliando o trabalho com os estudos.
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Estudante de escola pública, Natasha conta que sua maior dificuldade foi a de se adaptar a grande quantidade de assuntos que não tinha visto antes. Mesmo assim, ela garante estar determinada a batalhar pelo sonho de entrar em uma universidade. “Já que tenho que abrir mão de muita coisa para estudar e lutar pelo que quero, o sabor da vitória será muito melhor”, conta ela animada. Para a garota, que este ano tentará uma vaga no curso de Ciências Sociais, o estudante que inicia um novo ano de cursinho não deve se menosprezar por isso: “Uma prova de raciocínio lógico nunca vai dizer quem você é. É um jogo, você precisa treinar e se preparar mais”, diz.
Como lidar com a pressão
Saber lidar com a própria pressão de não ter passado nas provas é o primeiro passo para enfrentar mais um ano inteiro de estudos. Essa é a dica da estudante Natasha: “é preciso primeiro aprender a lidar com a própria pressão. É uma tentativa, o preparo emocional é o principal”, comenta.
Mas, além de ter que lidar com os próprios sentimentos, muitos estudantes precisam enfrentar a pressão dentro de casa. Juliana de Souza Lima, de 18 anos, que assim como Natasha está há três anos tentando uma vaga na universidade, sabe bem o que é isso. “Meu pai pega no meu pé, mas é preciso aprender a lidar com isso”, desabafa a estudante, que quer fazer Engenharia Química na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), a mesma faculdade que seu pai se formou.
Mas, para ela, a cobrança é normal. “Ele se preocupa comigo. Quando ele vê que estou me dedicando aos estudos, ele me apoia”, diz. Para que pudesse se dedicar completamente aos estudos, seu pai resolveu pagar um cursinho. “Quando não passo, fico triste pelo meu pai”, admite. Mas ela não se abate: “Se esse ano eu não conseguir, vou começar a trabalhar, mas não vou desistir”.
A dica de Juliana para quem sofre com a pressão dos pais é a conversa. “A saída é conversar e tentar mostrar para a família que você se esforça, que vestibular é assim mesmo, precisa estudar”.
Não existe culpado pela reprovação
“É um erro tentar encontrar um culpado quando o estudante não passa”, garante Luís Ricardo Arruda, coordenador do cursinho Anglo de São Paulo. Para ele, o vestibular, além de uma prova, é uma competição. Mesmo que o jovem tenha se dedicado, também existe a chance do fracasso. “Depois da tristeza, a única atitude que deve ser considerada é a retomada dos estudos”, diz o coordenador.
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Mas, se não há culpados, há pelo menos alguns motivos que podem ser a razão para a reprovação. Um deles é a preparação insuficiente. De acordo com o professor, é preciso considerar a bagagem cultural do estudante e saber se a formação dele foi suficiente como base para a prova. “O vestibular cobra conhecimentos não só do Ensino Médio, mas da vida”, explica.
O coordenador diz que outro motivo pode ser o fato de o ano de estudos não ter sido aproveitado de forma apropriada. “Não é para estudar feito um louco. Louco a gente trata. É preciso estudar de forma regular”. Arruda explica que o ideal é estudar 40 minutos por dia para cada aula assistida.
O sucesso de quem soube esperar
Mas a espera pode valer a pena! Se você pensa em desistir porque acha que nunca vai passar no vestibular, esqueça isso. Depois de seis anos tentando uma aprovação, a estudante Nathália Mates Viana, de 23 anos, comemora a aprovação para o curso de Medicina em quatro universidades públicas.
No primeiro ano de estudo, a jovem admite que não se dedicou tanto quanto podia. “Quando sai do colégio não pensei que iria encontrar tantas pessoas boas concorrendo comigo”, explica. Deste momento em diante, a estudante aumentou sua dedicação.
Passou a frequentar um cursinho e para conseguir pagar pelos estudos, trabalhava no local. Ela conta que foi complicado conciliar a rotina e que, por isso, decidiu dar preferência por estudar as matérias que tinha mais dificuldade. “Com o tempo a gente sabe quais são os nossos pontos fracos, comecei a focar neles”, diz.
A partir do terceiro ano de estudos, Nathália conta que foi ficando cada vez mais nervosa na hora das provas. Para mudar isso, ela passou a equilibrar o estudo com os momentos de lazer: “você não pode deixar de fazer o que gosta, mas precisa estudar”.
Confira dicas para aproveitar o ano de estudos |
– Estude regularmente: para cada aula assistida o ideal é estudar 40 minutos em casa. |
– Equilibre suas atividades e tente encaixar na sua agenda momentos de lazer. |
– Analise os seus pontos fracos e concentre-se nas matérias que você mais tiver dificuldade. |
– Aprenda a lidar com a pressão de si mesmo e dos outros. |
– Trace planos de estudos possíveis. Exagerar no tempo de estudos vai atrapalhar o seu desempenho. |
– Resolva os últimos vestibulares e simulados. Isso te ajudará a reconhecer seus pontos fracos. |
– Se você não gosta de um professor ou de uma matéria, cuidado para não criar um bloqueio. Tente outras abordagens para estudar o conteúdo de uma maneira atrativa. |
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