Não passou no vestibular? Veja como superar a decepção e voltar aos estudos
Conheça histórias de estudantes que não foram aprovados de primeira, mas conseguiram dar a volta por cima
A rotina de um vestibulando não é nada fácil: horas e horas de leitura, resumos, exercícios, fórmulas e, quase sempre, uma boa dose de tensão. O combustível para essa determinação é o sonho de ver o próprio nome na tão desejada lista de aprovados. Mesmo assim, apesar de tanta dedicação, muitos candidatos não atingem o objetivo. O resultado é seguido de muito choro, frustração, e as perguntas que não param de martelar: "por que não consegui?", "o que deu errado?".
Se você está nessa situação, respire fundo: há maneiras de superar a decepção e recuperar a fé em si mesmo. Para te ajudar nesse momento, o GUIA conversou com estudantes que já enfrentaram a sensação de não encontrar seu nome na lista e conseguiram dar a volta por cima.
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Pare de se cobrar
Vinícius Crevilari |
Em primeiro lugar, é importante entender que você não é o primeiro e muito menos o último a ter que enfrentar uma reprovação – e isso não é, nem de longe, sinal de incapacidade ou falta de esforço. Segundo a psicóloga e orientadora profissional Fátima Orsi, "é fundamental que o estudante tenha consciência de que cumpriu seu dever e fez seu melhor. Isso pode minimizar a autocobrança, que, para alguns, é extremamente severa, levando ao sentimento de derrota e desamparo".
Por isso, por mais difícil que possa parecer, não pegue pesado consigo mesmo: pare de se cobrar. A aprovação em um vestibular depende de muito mais do que a quantidade de horas estudadas – envolve também fatores como a sua condição física e emocional no dia da prova ou a ansiedade acumulada. Não dá para evitar a decepção, mas um resultado negativo não deve ser o suficiente para fazer com que você questione sua capacidade.
Shayenny Muniz |
Além disso, também é importante avaliar a sua base de estudos do colégio, que pode ser fundamental na aprovação. Quem teve um ensino médio fraco pode apresentar mais dificuldade na hora das provas e precisar de mais tempo de estudo. O estudante de Jornalismo da USP Vinícius Crevilari, de 30 anos, conta que, antes de decidir pela área da Comunicação, fez cinco anos de cursinho para Medicina. "Eu estudei muito nos primeiros anos, porque tinha uma base muito deficiente do colégio de onde eu saí. No início, eu não sabia fazer equações de primeiro grau e tinha dificuldade em ler textos um pouco mais complicados. Consegui driblar a ansiedade estudando, à medida que eu ia ganhando confiança para lidar com as provas e questões mais complicadas", conta.
A estudante Shayenny Muniz, de 23 anos, que tentou o vestibular por cinco anos e foi aprovada em Medicina na UFFS e na Unir, veio de escola pública e também teve que suprir a falta de um bom ensino. "Quando fiz a primeira prova do vestibular, senti realmente o peso da educação que tive. No cursinho, você enfrenta outra realidade e tenta tapar as lacunas não preenchidas no ensino público. Na escola, fui líder de sala e melhor da turma, mas no primeiro ano de vestibular fui um fracasso. Só que isso não me abateu, e resolvi reaprender tudo com mais sede ainda", relata.
Tempo de estudo nunca é tempo perdido
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Um dos medos mais comuns dos estudantes que não passam de primeira é "perder tempo". Os anos de estudo que levam à aprovação no vestibular, no entanto, podem ser encarados como um momento de aprendizado, amadurecimento e, mais importante, autoconhecimento. "Não ser bem sucedido no vestibular é uma variável possível assim como o sucesso. Uma boa estratégia para lidar com o desafio de estudar mais de um ano para passar é conscientizar-se de que o essencial não é o resultado final, mas sim todo o empenho e dedicação durante o processo de estudo", explica a psicóloga Fátima.
Para Ricardo Salemi Riechelmann, de 22 anos, que passou em Medicina na USP após tentar por três anos, os anos de cursinho estão longe de serem anos perdidos. "Para mim, foram anos de grande desenvolvimento e aprendizado. Estudei mais e me tornei sim uma pessoa mais ‘inteligente’. Mas acho que meu amadurecimento emocional, social e comportamental foi tão importante quanto", diz.
Por isso, os anos de cursinho ou de estudo em casa podem ajudar muito mais do que atrapalhar. O baque de não ser aprovado é, muitas vezes, a primeira grande decepção que o estudante enfrenta. Esse primeiro "não" serve como experiência para as frustrações com as quais um adulto se depara. "Se o estudante tem certeza do caminho profissional que quer seguir, esse fracasso deve ser reconhecido como um desafio, a parte que vem antes do sucesso", complementa Fátima.
Mantenha o foco
Ariane Camilo Alves |
Para superar o fracasso e recuperar o ânimo para voltar aos estudos, não tem coisa melhor do que manter o foco no objetivo. Antes de voltar a mais um ano de estudo, procure pesar o que deu certo e o que deu dado errado durante a preparação do ano anterior. Traçar um plano de estudos e metas pode te ajudar a superar as falhas e, mais importante, a ganhar de volta a confiança em si mesmo para voltar com tudo neste ano.
Para a estudante Ariane Camilo Alves, de 21 anos, que tentou o vestibular por três anos e foi aprovada também em Jornalismo na USP, o importante é não deixar a decepção durar muito tempo. "Se você decide que vai tentar de novo, deve começar a se preparar o quanto antes. A ansiedade é superada com a autoconfiança, porque, se você se dedica aos estudos, conhece os próprios limites e sabe onde deve melhorar", diz.
A dificuldade pode assustar, mas, para quem mantém o sonho de ver o nome na lista de aprovados, não é grande o suficiente para fazer desistir. É o caso da estudante Shayenny, que diz nunca ter vacilado no objetivo de fazer Medicina. "O resultado demora, mas não tem nada mais gratificante. Você pode não ser aceito uma, duas, três, quatro, ou em mais de oito tentativas, como aconteceu comigo. Nunca fui um prodígio, mas a diferença entre mim e outros colegas de cursinho é que não desisti. Para mim, não havia plano B, eu sabia que aquela era minha vocação, era aquilo que eu queria. E consegui."