Na Uninove da Barra Funda (SP), maior polo de aplicação da primeira fase da Fuvest, Marcus Aquino, 65, aguardava do lado de fora do prédio ao lado do filho e xará, Marcus Nobre, 18. Nobre presta neste domingo (10) o vestibular para o curso de Engenharia Aeronáutica na USP. Só que, para chegar até o local da prova, pai e filho tiveram que viajar quase três mil quilômetros, de Fortaleza (CE) até a capital São Paulo.
Vindo de tão longe, Aquino conta que teve medo que a pandemia afetasse o planejamento. “Felizmente, deu tudo certo: hospedagem, segurança e agilidade do metrô, graças a Deus”, disse.
O jovem Nobre admitiu que a pandemia afetou psicologicamente os estudos e que o apoio do pai foi importante nesse momento. “Não necessariamente comerei as frutas, mas é muito bom estar com meu pai e ter todo o seu apoio aqui nessa jornada em São Paulo”, contou, fazendo referência à sacola de frutas pequenas que o pai carregava. Como se sabe, por causa da pandemia, os inscritos terão que sair da sala para se alimentar.
Na porta da Faculdade de Economia da USP, na cidade universitária, Sebastian tem um relato parecido. Ele e a namorada também vieram de longe para que ela pudesse prestar Artes Cênicas. Ele lamenta que a organização do vestibular não tenha pensado em aplicar a prova em outros estados neste contexto de pandemia.
“A gente é de Curitiba (PR) e veio aqui só para fazer a prova, e com a pandemia complica tudo, para viajar também”. Ele conta que os dois estavam cumprindo a quarentena antes de precisarem viajar. Sebastian ficaria do lado de fora do prédio esperando a namorada acabar a prova. Do lado dele, uma mãe também aguardava o filho, que presta Ciências da Computação. “Eu estava mais ansiosa que ele, viu”, contou.
Ivone Manente, que também aguardava em frente o prédio da Faculdade de Economia, estava tão tranquila quanto a filha Bianca. A jovem está prestando Biomedicina, um dos cursos mais concorridos da USP este ano. No caso delas, nem mesmo a pandemia foi capaz de afetar a paz de espírito: “A gente está tranquila em relação a isso. Tomando todos os cuidados, lógico, mas só esperando tudo isso passar”.
No Twitter no GUIA há mais relatos de estudantes sobre como a pandemia afetou a preparação para a Fuvest
“Me esforcei, mas aula online é complicado. Pra #Fuvest, fiquei noiado com os riscos e comprei uma máscara 3M para não contaminar ninguém.”
Inácio Cordeiro, 18 anos. Vai prestar a prova da #Fuvest2021 para Biologia. pic.twitter.com/LSv67cVH5H
— Guia do Estudante (@guiadoestudante) January 10, 2021
Laila Kalil, 17, vai prestar medicina. “Prefiro não fazer uma pausa de lanche. Foi difícil a preparação online e quero aproveitar da melhor forma o tempo da prova”, conta. Já a sua amiga Ingrid Baptista 20, também vai prestar para medicina, mas vai adotar outra estratégia. “Não consigo pensar bem com fome. Vou fazer uma pausa. E olha, no meu caso, a preparação online foi até melhor. No meu quarto eu consegui o foco que eu precisava”, afirma Ingrid.
Adriana Lopes, 51, bancária, e Edmílson Dias, 54, contador, esperaram os portões da Uninove fecharem e começar a chover para irem embora, de fato. Os pais do Vinicius, que vai prestar Relações Públicas na Fuvest, estavam orgulhosos: “O nosso incentivo é diferente de um incentivo de um professor, mas demos apoio. A gente está muito feliz pelo caminho até chegar nesse vestibular tão atípico. Independentemente do resultado, a gente só quer mostrar para o nosso filho que estamos felizes e emocionados com a luta dele”, contam.
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