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Por que só um Sisu por ano não é tão ruim quanto parece?

Acredite: a chance de escolha se você quer ingressar no primeiro ou segundo semestre não mudou tanto assim

Por Luccas Diaz
Atualizado em 18 jan 2024, 19h55 - Publicado em 18 jan 2024, 19h53

A partir de 2024, o Sisu (Sistema de Seleção Unificada), principal porta de entrada para as universidades públicas brasileiras, passa a ser anual. A mudança na frequência pegou de surpresa os candidatos, que estavam acostumados com as edições semestrais do programa. A partir de agora, todas as vagas – incluindo as destinadas ao segundo semestre – serão ofertadas de uma única vez, já em janeiro. Além disso, os candidatos não poderão escolher se querem ingressar no início ou no meio do ano. Mas, acredite, a mudança não deve ser motivo de pânico, e neste texto explicamos o porquê.

O GUIA DO ESTUDANTE leu editais, consultou as regras do programa e conversou com professores craques no assunto para compreender melhor como irá funcionar o novo Sisu. E, claro, saber quais são as mudanças que o candidato deve esperar na prática.

+ Sisu 2024: entenda todas as mudanças dessa edição

Por que o MEC acabou com o Sisu do 2º semestre?

Uma das razões que levaram o MEC (Ministério da Educação) a mudar a frequência do programa são as chamadas vagas ociosas e remanescentes. Resumidamente, eram vagas que chegavam ao fim do processo sem serem preenchidas, seja pela falta de procura dos candidatos, seja pela desistência ou falta de documentação na hora da matrícula. As listas de espera até rodavam, mas centenas destas vagas simplesmente não eram ocupadas. O fenômeno era recorrente, sobretudo, na edição de segundo semestre do programa.

Outro fator levado em consideração pelo Governo Federal é a tática adotada por alguns candidatos que ocupavam duas vagas ao longo do mesmo ano. Especialmente em cursos muito concorridos, como Medicina, quando um candidato não conseguia nota o suficiente para passar na universidade que planejou originalmente, ele ingressava em outro curso, de nota de corte menor. Era uma forma de garantir pelo menos uma aprovação e não “perder” o semestre.

O mesmo candidato, ao chegar o Sisu de segundo semestre – em que as notas de corte tendiam a ser menores –, se inscrevia novamente no programa e, enfim, conseguia passar na universidade pretendida originalmente. Então, deixava a vaga que havia ocupado no início do ano. A estratégia não é de todo maligna, mas tirava a chance de outro candidato que, de fato, buscava a vaga na universidade tida pelo outro como um plano B.

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+ Sisu: maiores e menores notas de corte de Medicina da última edição

Nova ordem de classificação

O fim do Sisu de meio de ano muda também o funcionamento da ordem de classificação dos candidatos. Com edições anuais, o que irá definir se o candidato ingressa no primeiro ou segundo semestre do ano será o seu próprio desempenho no Enem. Inscritos com as melhores notas já ingressam no primeiro semestre. Aqueles com as notas imediatamente mais baixas, ficam para o segundo. O candidato não escolhe em qual semestre do ano ingressa.

Vejamos um exemplo hipotético para compreender melhor. Uma universidade oferece para o ano de 2024 um total de 700 vagas para determinado curso. Deste número, 400 vagas são para ingressantes no primeiro semestre de 2024, e as outras 300 para o segundo. Ao fim do período de inscrições do Sisu, os donos das 400 melhores notas serão selecionados para ingressar no curso já neste primeiro semestre. Os candidatos com as próximas 300 melhores notas ficam automaticamente para o segundo – isto é, os candidatos com as notas entre as posições 401 e 700 no ranking.

+ O que significa a mudança na classificação de cotas do Sisu?

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Por que a chance de escolha não mudou tanto assim

Sobre o que isso significa na prática, temos duas coisas a dizer: mais racionalidade e menos pânico. Ao comparar as notas de corte das edições de primeiro e segundo semestre do programa, observa-se que as notas de corte da segunda edição já costumavam ser, historicamente, mais baixas que as da primeira – principalmente nos cursos menos concorridos.

Com a nova forma de classificação, essa distribuição será naturalmente repetida. Os candidatos com as maiores notas serão alocados no primeiro semestre, enquanto os com as notas mais baixas, no segundo.

Ou seja, ainda que uma edição única do programa “tire” do candidato o poder de escolher em qual semestre ingressar, a tendência é que o mesmo cenário de distribuição de vagas aconteça. Só que agora com o benefício das vagas serem ocupadas de maneira mais democrática: zerando as ociosas e evitando a classificação estilo “plano B”.

+ Sisu: maiores e menores notas de corte de Direito da última edição

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E como fica a lista de espera?

Cada universidade seguirá o seu próprio regimento, mas a tendência é que os candidatos classificados para o segundo semestre possam participar da lista de espera para o primeiro. Conforme forem sobrando vagas na turma do primeiro semestre, os candidatos classificados para o segundo serão convocados seguindo a própria ordem de classificação. No exemplo citado anteriormente, os candidatos a partir da posição 401º.

Na URFJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), esta regra irá valer até 25% da duração do semestre letivo. Passado este período, os candidatos restantes continuam com o ingresso marcado para o segundo semestre. Os que não foram convocados nem para o primeiro e nem para o segundo, podem participar da lista de espera enquanto ela estiver valendo.

Os editais de outras universidades, como a UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) e a UFPB (Universidade Federal da Paraíba), por exemplo, também prevêem que os candidatos classificados para o segundo semestre poderão concorrer na lista de espera para vagas do início do ano.

Colaborou: professor Rafael Duarte.

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+ Veja quais foram as maiores e menores notas do Enem 2023

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