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Primeira fase da Fuvest 2025 mostrou que USP busca alunos críticos

Mudanças climáticas e questões indígenas foram temáticas de destaque na prova

Por Taís Ilhéu, Luccas Diaz
18 nov 2024, 12h37
Candidatos realizam a prova da primeira fase da Fuvest
 (Marcos Santos/USP Imagens/Reprodução)
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Do sequestro do manto tupinambá por europeus à xenofobia de Donald Trump, a primeira fase da Fuvest 2025 demonstrou que o vestibular da USP (Universidade de São Paulo) está cada vez mais conectado ao mundo em que vivemos – e os candidatos, para garantir uma vaga na maior universidade brasileira, precisarão saber muito mais que fórmulas. De acordo com professores ouvidos pelo GUIA DO ESTUDANTE, essa tendência já vinha se estabelecendo nos últimos anos, e mostrou que veio para ficar.

“A prova continuou a exigir dos candidatos não apenas conhecimento técnico nas áreas das disciplinas, mas também habilidades refinadas de interpretação, análise crítica e aplicação prática dos conceitos”, comenta Ademar Celedônio, diretor de Ensino e Inovação do SAS Educação.

Ao longo das 90 questões de múltipla escolha, a pauta indígena ficou em evidência, com quatro questões dedicadas ao assunto. O pensador Davi Kopenawa teve um trecho de seu livro “Queda do Céu: palavras de um xamã yanomami” como apoio para uma das questões. A prova também problematizou, com mapas e tirinhas, o garimpo ilegal e o impacto na vida de comunidades tradicionais.

O “extrativismo digital”, a cultura do cancelamento e a crise climática também apareceram nas questões.

Veja abaixo a análise da primeira fase da Fuvest 2025 por disciplina.

+ Passaria na USP? Tente acertar as questões mais difíceis da Fuvest 2025

Língua Portuguesa

A prova de Língua Portuguesa mostrou-se muito interpretativa, mas nem por isso menos exigente. Os candidatos deveriam interpretar textos filosóficos, charges e poemas, com destaque para o excerto de Byung-Chul Han. Além disso, como de costume, também foram cobrados tópicos de gramática. Na questão de número 3 da prova V1, o candidato deveria analisar o efeito semântico obtido por uma inversão da ordem direta da frase. O sentido denotativo e conotativo também apareceram em outra pergunta.

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+ “A Sociedade do Cansaço”: sobre o que fala o livro de Byung-Chul Han

Obras obrigatórias

Na parte das obras obrigatórias, a Fuvest aumentou o número de questões, passando de seis para nove, em relação ao ano passado. Todos os livros da lista foram cobrados, com exceção de “Água Funda”, de Ruth Guimarães, que deve ficar para a segunda fase. Foi uma prova que valorizou o candidato que conseguiu ler a lista toda. Textos de “Os Ratos”, de Dyonélio Machado, e “Romanceiro da Inconfidência”, de Cecília Meireles, apareceram com destaque nas questões.

Inglês

Avaliada como de nível médio para difícil, a prova de Inglês focou na interdisciplinaridade. Questões que conectaram a Língua Inglesa a disciplinas como Física, Filosofia e Biologia foram destaque. Além disso, uma abordagem variada de gêneros textuais, incluindo músicas, artigos e textos literários também marcaram as perguntas. Duas questões envolvendo a música “I hate it here”, da cantora Taylor Swift, levaram a internet à loucura. De forma geral, uma prova considerada inteligente e que abordou diversos assuntos, mas que pode ter dado mais trabalho do que o normal, exigindo muita leitura e interdisciplinaridade.

+ Fuvest 2025 tem questão com música de Taylor Swift; veja qual

História

Em História, a Fuvest 2025 apresentou uma prova de nível médio para difícil. História do Brasil foi o destaque, com questões sobre colonização portuguesa, escravidão indígena e a Confederação do Equador. Em História Geral, houve menos questões do que o habitual, mas temas como descolonização africana mostraram como a prova se mantém atualizada em relação às temáticas.

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Geografia

A prova de Geografia foi equilibrada e variada em temas, com um nível de dificuldade intermediário – houve questões mais complexas e outras mais acessíveis. Moderna, abordou temas como garimpo na Amazônia, ilhas de calor, industrialização brasileira, e agropecuária na região do Matopiba. Recursos como gráficos, tabelas e mapas auxiliaram os candidatos na resolução das questões, que também trataram de temas globais, como comércio global, relação entre o PIB dos países e sua produção científica, e continente africano. As questões apresentaram um estilo de pergunta mais direto, porém apoiadas em bons materiais de apoio – como já é esperado da Fuvest.

Matemática

Nesta edição, Matemática foi uma das disciplinas mais desafiadoras. A prova exigiu cálculos extensos e uma análise mais profunda dos enunciados, o que pode ter comprometido o tempo dos candidatos. Na avaliação dos professores, o vestibular se aproximou bastante do estilo Enem, com o estudante dedicando um tempo maior à interpretação dos enunciados antes de partir para os cálculos. Estes, inclusive, presentes em maior quantidade comparado às edições anteriores. Questões como a que envolvia a construção de uma rampa conectaram o conhecimento técnico ao teor social da prova. Temas clássicos da Fuvest, no entanto, como probabilidade e logaritmos, ficaram de fora.

Física

Questões de cinemática, dinâmica impulsiva, óptica e ondulatória fizeram parte da prova de Física da Fuvest 2025. Embora algumas perguntas trouxessem aspectos práticos da Física (como a da colisão entre um navio cargueiro e uma ponte), era necessário conhecimento técnico específico da área – o que já é de praxe na Fuvest. Também chamaram a atenção as questões interdisciplinares, em especial uma associada à prova de inglês.

Biologia

A relação entre corais e algas, a fragmentação de populações e processos evolutivos em mudanças climáticas foram algumas das temáticas de destaque da prova de Biologia. A “doença da vez” foi a dengue – indicativo de que a prova está antenada à atualidade. Para os professores, faltaram questões de botânica, normalmente um forte da prova de Biologia da Fuvest.

Química

Química na Fuvest 2025 veio como uma prova abrangente e com conteúdos clássicos, como estequiometria, reações orgânicas, pH e óxido-redução. Questões sobre baterias de lítio e matriz energética exploraram as aplicações práticas dos conteúdos. Por outro lado, gráficos e textos mais longos exigiram do candidato uma interpretação aguçada. Por fim, os cálculos também marcaram presença e pediram dos estudantes um raciocínio lógico afiado.

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Colaboraram: Vikor Lemos, diretor do Curso Anglo; Ademar Celedônio, diretor de Ensino e Inovação do SAS Educação; Felipe Mello, professor de história do Colégio Oficina do Estudante; André Bourg, professor de Biologia do Colégio Oficina do Estudante; Carlos Alexandre Maria Torres, professor de Inglês do Colégio Oficina do Estudante; Luis Felipe Valle, professor de Geografia e Atualidades do Colégio Oficina do Estudante; Mario Fernandes, professor de Matemática do Colégio Oficina do Estudante; Silvio Sawaya professor de filosofia e sociologia do Colégio Oficina do Estudante; Marcelo Bredariol, professor de Física do Colégio Oficina do Estudante; Marcos Cesar Formes, professor de Química do Colégio Oficina do Estudante.

Calendário Fuvest 2025

Divulgação dos locais de prova: 1º de novembro;

Aplicação da 1ª fase: 17 de novembro;

Divulgação da lista de convocados para a 2ª fase: 2 de dezembro;

Provas de habilidades específicas: 10 a 14 e 18 a 20 de dezembro;

Busca de Cursos

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Provas da 2ª fase: 8 e 9 de dezembro;

Lista de aprovados: 24 de janeiro de 2025.

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