O perfl-padrão do aluno de educação a distância no Brasil está mudando. Hoje, a maioria é de mulheres que trabalham e têm entre 18 e 30 anos de idade. Essas informações são do ultimo CensoEAD.BR, da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), realizado em 2012.
“Em anos anteriores, o Censo da Abed mostrou que os alunos eram mais maduros e que já tinham alguma formação”, conta Ivete Palange, coordenadora da pesquisa. “Ainda não sabemos as causas dessa mudança de perfl, pois é preciso investigar melhor. Mas acredito que os jovens estão buscando novas formas de estudar por meio das tecnologias da informação e da comunicação (TICs). Eles estão cada vez mais conectados com esses novos recursos”, afrma a professora.
Mulheres na linha de frente
E por que as mulheres são a maioria? Ainda não há um estudo específco mostrando as razões para o domínio feminino das vagas em EAD, mas Ivete arrisca um palpite: “As mulheres costumam ter múltiplas atividades (trabalham, estudam, cuidam da casa etc.) e, por isso, poderiam se adaptar melhor à metodologia, que necessita também de autonomia, disciplina e dedicação, características que possuem”.
Um exemplo desse novo perfl de estudante de EAD é a carioca Maiara Oliveira Marinho. Ela tem 26 anos e cursa o 8º período de Administração na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), pelo consórcio Cederj. Além da graduação, ela também faz um cursinho preparatório para prestar concurso público. E dá aulas particulares de inglês. Mas estudar a distância não foi sua primeira opção logo de cara. “Antes tentei o curso presencial na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mas não deu certo. Era muito longe da minha casa. Gastava cerca de seis horas de Niterói até a Ilha do Fundão. Por isso, achei melhor mudar para EAD. Agora tenho mais tempo para estudar e trabalhar”, diz a aluna.
Os mais requisitados
O curso escolhido por Maiara está entre os mais procurados na EAD e só perde para o de Pedagogia. Eles são campeões em número de candidatos e de matrículas, de acordo com o último Censo da Educação Superior do MEC/Inep, realizado em 2012. Mas a chegada de alunos mais jovens à EAD também leva à oferta de um maior leque de cursos, alguns deles, como Engenharia, Enfermagem e Educação Física, até pouco tempo atrás existentes só na modalidade presencial.
Foco em Educação
Pedagogia e Licenciaturas continuam no topo da lista dos cursos mais procurados, somando 40% do total de matrículas de EAD no país. Isso se deve à expansão do mercado de trabalho, à carência de professors com formação adequada para atuar na Educação Básica e, consequentemente, aos investimentos do governo na educação a distância para formar e qualifcar esses docentes. “Cursos como esses não necessitam de infraestrutura cara para os polos de apoio presencial. Os estágios, por exemplo, são feitos fora, em escolas. Com o custo mais baixo, fca mais fácil ofertar essas graduações”, explica José Moran, professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP) e estudioso de novas tecnologias aplicadas à educação.
Administração “versátil”
Os cursos de Gestão e Administração também são muito procurados: correspondem a 34% do total de matrículas em EAD no país. Assim como Pedagogia e as licenciaturas, eles não necessitam de polos superequipados. O currículo dessas graduações tem boa carga de disciplinas teóricas, e o conteúdo passa, principalmente, pela leitura de textos. Dessa lista, Administração é o destaque. “É uma carreira muito requisitada porque é generalista e versátil. O formado pode trabalhar em diversas áreas”, afrma Moran. “Já os cursos de gestão (tecnológicos) são muito procurados por serem de curta duração (geralmente dois anos) e formam profssionais que querem entrar rapidamente no mercado de trabalho ou que desejam se aperfeiçoar”, completa ele.