O tema de redação da Fuvest 2023 foi “Refugiados ambientais e vulnerabilidade social”. Os 30.155 candidatos aprovados para esta etapa elaboraram uma dissertação-argumentativa sobre o assunto, apoiando-se nos textos da coletânea. Além de reportagens e dados sobre o assunto, a banca utilizou textos dos escritores Graciliano Ramos e Ailton Krenak, e a fotografia Êxodos, de Sebastião Salgado.
A Fuvest afirma que, com a proposta, esperava que os candidatos refletissem sobre os deslocamentos forçados por desastres ambientais e pelas mudanças climáticas, que afetam especialmente grupos socialmente vulneráveis.
Para Felipe Leal, professor de redação do Curso Anglo, é possível afirmar que houve uma mudança no tipo de tema solicitado pela Fuvest. A banca tem uma tradição de abordar temas mais abstratos e filosóficos – como o da última edição, que tratava das “diferentes faces do riso”.
Segundo o professor, a escolha do tema se aproxima mais de exames como o Enem, que tratam de problemas sociais, e reforça uma mudança já notada na primeira fase da Fuvest 2023, que teve maior incidência de temáticas do tipo. Alerta, no entanto, que a estrutura do texto e os critérios de correção seguem sendo os mesmos de edições anteriores.
Uma outra tradição mantida pela banca foi a de apresentar, junto de excertos explicativos e textos jornalísticos, referências literárias associadas ao tema. O coordenador de redação do Curso Poliedro, Arthur Medeiros, destaca que a presença da obra Vidas Secas na coletânea ajudava a aproximar o assunto do contexto brasileiro. Para ele, o tema deste ano não foi particularmente difícil.
“O trabalho maior ao qual o candidato deveria se dedicar era o de refletir sobre essa questão e mostrar, com uma argumentação bastante consistente, o que é que leva determinados lugares do mundo a enfrentar esse desafio de forma tão mais alarmante do que outros”, analisa. É neste sentido que os candidatos poderiam ligar os refugiados ambientais à vulnerabilidade social, também presente na proposta.
“Assim, o candidato seria capaz de construir uma redação com senso crítico, coerente e organizada e que de fato explicasse o
tema proposto”, conclui Arthur.
A criticidade na elaboração do texto, por sinal, é uma das maiores exigências da banca da Fuvest. Felipe Leal afirma que o candidato poderia demonstrá-la mobilizando repertórios geopolíticos, criticando o modelo político que resulta na degradação ambiental ou até utilizando conceitos como o da necropolítica para discutir o porquê das populações mais vulneráveis serem desproporcionalmente atingidas.
O que são refugiados ambientais
Diferentemente do termo “refugiados”, definido pela Convenção das Nações Unidas em 1951 e amplamente aceito desde então, a variação “refugiados climáticos” ou “refugiados ambientais” ainda gera dissenso – em partes porque estes deslocamentos ocorrem majoritariamente dentro de um mesmo país, e também pelos impactos econômicos e políticos que o reconhecimento destas pessoas como refugiadas poderia gerar.
Entre os fenômenos que podem forçar este deslocamento estão furacões, deslizamentos, enchentes e o próprio aquecimento global. Cientistas alertam, por exemplo, que o Nordeste brasileiro pode passar por um processo de desertificação no futuro, obrigando a população que reside na região a se deslocar para outras.
De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, o número de pessoas refugiadas como resultado da mudança climática gira em torno dos 21,5 milhões por ano desde 2010. Neste texto do GUIA DO ESTUDANTE, você entende melhor quem são os refugiados climáticos e como o aquecimento global pode mover populações.
*Este texto está em atualização
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