A primeira fase do segundo maior vestibular do país acontece em 24 de novembro. A prova da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), que seleciona alunos para a Universidade de São Paulo (USP), se aproxima e, com ela, cresce a tensão de quem sonha em estudar por lá. Afinal, a Fuvest não é conhecida por ser uma prova fácil.
A prova, de 90 questões, é dividida entre as disciplinas básicas do ensino médio – português, história, geografia, matemática, física, química, biologia e inglês – e algumas interdisciplinares. “Diferentemente do Enem, que apresenta uma matriz mais restrita de competências, habilidades e conteúdos que podem ser cobrados, a da Fuvest é bastante extensa. Grosso modo, podemos dizer que a Fuvest se propõe a cobrar praticamente tudo o que é estudado no ensino médio”, explica a professora Ana Paula Dibbern, do cursinho Maximize.
É claro que seria impossível cobrar tudo em apenas 90 questões, e, por isso, a Fuvest tem seus temas favoritos. Abaixo, você encontra os assuntos mais recorrentes nos exames dos últimos anos. Como as últimas semanas até a prova devem ser dedicadas a revisar e tirar dúvidas, dê uma olhada nos temas e verifique quais precisam de mais atenção.
PORTUGUÊS
Consultoria:
Prof.ª Tássia Osipoff, do cursinho Maximize
Prof. César Ceneme, do cursinho Poliedro
Temas que mais caem |
Modernismo (as três fases) |
Livros obrigatórios |
Interpretação de texto |
Análise sintática |
Conjugações verbais |
Elementos de coesão |
Figuras de linguagem |
Compreensão argumentativa |
Segundo o professor César Ceneme, a Fuvest costuma dividir as questões de português em literatura (predominante), gramática e interpretação de texto. “Observamos que essas três áreas mesclam-se nas questões, ou seja, solicita-se análise sintática de um ou mais períodos da narrativa de um livro obrigatório, ou cobra-se o conhecimento de uma figura de linguagem em um enunciado do mesmo livro”, explica.
Na segunda fase, a gramática ganha um pouco mais de destaque: “Na primeira fase, aparecem somente um ou dois exercícios de gramática, área que aparece mais para a segunda fase, quando a avaliação da redação dá um peso grande para a correção gramatical do vestibulando”, explica a professora Tássia Osipoff.
GEOGRAFIA
Consultoria: Prof. James Pio Carvalho, do cursinho Maximize
Temas que mais caem |
Problemas ambientais urbanos |
Processos de urbanização no Brasil e no mundo |
Domínios morfoclimáticos do Brasil |
Estrutura agrária brasileira |
Protocolos e conferências mundiais para preservação do meio ambiente |
Globalização |
Migração |
A prova de geografia preza por ser bastante atual: a base de formulação das questões quase sempre está em tópicos de atualidade e textos especializados em economia e política. Segundo o professor James, as questões de Brasil vêm se sobrepondo às de geografia geral: “Das cerca de 10 questões, 3 ou 4 costumam ser de geral e as demais ficam para os conteúdos de Brasil.
Há, ainda, algumas questões interdisciplinares, que normalmente mesclam geografia com história, literatura, biologia ou matemática. Vejo isso ocorrer, por exemplo, nas questões envolvendo os conteúdos de escala e coordenadas geográficas”.
HISTÓRIA
Consultoria:
Prof. Alexandre Takata, do cursinho Maximize
Prof. Rodolfo Neves, do cursinho Poliedro
Temas que mais caem |
Grécia e Roma |
Feudalismo e crises da Idade Média |
Iluminismo x Absolutismo |
Revoluções Burguesas (Americana, Francesa, Industrial) |
Imperialismo |
Primeira e Segunda Guerras Mundiais |
Revolução Russa |
Funcionamento do Brasil Colônia (Capitanias, plantation) |
Repúblicas da Espada e Oligárquica |
Era Vargas e ditadura militar no Brasil |
Segundo o professor Rodolfo Neves, a Fuvest cobra três tipos de questão: diretas, sem imagens ou texto de base, pedindo um conhecimento específico do candidato; de interpretação de gráfico ou imagem, que exigem conhecimento e utilização da obra para completar o raciocínio; questões onde dois períodos históricos devem ser comparados.
O professor Alexandre Takata destaca, em história geral, a recorrência de questões sobre a Revolução Francesa; em história do Brasil, os períodos da Era Vargas e da ditadura militar. “Costumamos ver também questões exigindo comparações entre as constituições brasileiras ou entre as noções de Estado”, completa.
MATEMÁTICA
Consultoria: Prof. Bonfim Eron de Souza Alencar, do cursinho Maximize
Temas que mais caem |
Funções (1º e 2º graus) |
Probabilidade |
Análise combinatória |
Geometria (espacial e analítica) |
Trigonometria |
Extra: Porcentagem, juros, matrizes, determinantes, logaritmos, números complexos, polinômios, PA e PG |
A prova de matemática não costuma variar muito na gama de temas que pede. Em geral, os considerados mais relevantes são os que estão na lista acima, e apostar neles é garantia de acerto. “A Fuvest adora exercícios com funções. Na maior parte das vezes apresentam diretamente a função, mas às vezes ela pode aparecer em gráficos também”, explica o professor Bonfim.
Além disso, a geometria merece atenção: “Vemos tanto a plana quanto a espacial e analítica. Ao menos duas delas são cobradas na primeira fase, e a que não cair agora, provavelmente irá aparecer na segunda fase”. O professor alerta que, para ir bem neste exame, é essencial dominar os tópicos básicos, como potenciação e frações, que podem aparecer em muitas questões.
FÍSICA
Consultoria:
Prof. Rodrigo Mirarchi Vieira (Zizo), do cursinho Maximize
Prof. Venerando Santiago de Oliveira (Venê), do cursinho Poliedro
Temas que mais caem |
Trabalho e conservação de energia |
Leis de Newton |
Dinâmica do movimento curvilíneo |
Princípios de óptica |
Princípios de eletrodinâmica |
Quantidade de movimento |
O professor Venê indica três tipos de questão em cada etapa do vestibular:
1ª fase: questões mais diretas envolvendo cálculos
2ª fase/2º dia: questões de nível médio, mais conceituais e interdisciplinares
A prova de física é bastante tradicional, o que significa que concentrar nos temas que mais caem costuma ser um bom método. “As questões, tanto em sua 1ª quanto em sua 2ª fase, não costumam ser temáticas e, portanto, não se pode apostar em determinados assuntos ligados à atualidade e à contemporaneidade”, explica o professor Venê.
Além disso, as dicas mais importantes envolvem relacionar conteúdos. “A minha dica mais importante é que o aluno estude os princípios de conservação de energia, de quantidade de movimento, de calor e de carga. Além disso, que estude representações: Como a mecânica newtoniana representa um problema de hidrostática? E de gravitação? Como, num circuito elétrico, é possível relacionar tensão, corrente, resistência e potência?”, explica o prof. Rodrigo.
QUÍMICA
Consultoria:
Prof.ª Renata Ferrari, do cursinho Maximize
Profs. Ricardo Calçada e Mauro Oto, do cursinho Poliedro
Temas que mais caem |
Entalpia |
Equilíbrio químico (título e pH) |
Mol e cálculo estequiométrico |
Funções orgânicas |
Soluções |
Propriedade e classificação das substâncias |
“Em química não é necessário ficar preocupado com pegadinhas. O enunciado sempre tem um comando claro, uma pergunta direta”, explica o professor Ricardo Calçada. Ele destaca que tudo que é apresentado na questão será utilizado, sendo que raramente uma informação é colocada sem ter um uso específico na resolução. “Podemos dizer que as questões de química da Fuvest exigem dos candidatos o conhecimento técnico e a interpretação de dados químicos. Quando uma questão não aborda esses dados temos uma questão que provavelmente trabalhará a ideia de cotidiano, podendo ser qualquer transformação química que ocorre na natureza”, explica Mauro Oto.
“Agora na reta final, se o vestibulando tiver pouco tempo e precisar optar por alguns conteúdos para estudar, sugiro que foque na parte de entalpia, estequiometria em geral, equilíbrio químico, pilha, eletrólise e radioatividade. Também é importante revisar todos os grupos funcionais de orgânica”, explica a professora Renata Ferrari.
BIOLOGIA
Consultoria:
Prof. Tony Manzi, do cursinho Maximize
Prof.ª Paula Martins, do cursinho Poliedro
Temas que mais caem |
Evolução |
Mitose e meiose |
Genética |
Fisiologia humana (digestão, respiração e sistema hormonal) |
Botânica (reprodução, fotossíntese, respiração) |
Fisiologia celular |
Ecologia |
O mais importante, na prova de biologia, é saber conectar os temas de forma ampla e, também, relacioná-los com assuntos atuais, como a vacina contra a esquistossomose, casos de microcefalia, metabolismo de atletas olímpicos, entre outros. Para a professora Paula Martins, “vale a pena estudar tanto os grupos animais como vegetais, analisando suas novidades evolutivas, inclusive com a interpretação de árvores filogenéticas. O candidato deve ir para a prova com o domínio das diferenças e semelhanças entre as ideias de Lamarck e Darwin sobre a origem e evolução das espécies”.
Outra dica é do professor Tony Manzi. “Quem vai fazer a prova deve estudar bastante a parte de bioenergética: fotossíntese, respiração celular e fermentação sempre aparecem. Esses assuntos são abordados tanto na citologia como na botânica, ecologia e fisiologia humana.”
INGLÊS
Consultoria:
Prof.ª Tássia Osipoff, do cursinho Maximize
Prof. Marcelo Santos, do cursinho Poliedro
Temas dos textos-base |
Meio ambiente |
Tecnologia |
Saúde |
Economia |
As questões da Fuvest são, basicamente, de interpretação de texto e pouco focam em gramática – que é necessária somente para uma boa compreensão da leitura. “As questões são, geralmente, muito próximas do que diz o texto, sem exigir do candidato a interpretação de informações trazidas pelo texto. Basta que o candidato localize o trecho que fala sobre o que se pede. Por conta disso, o candidato deve ficar atento a palavras-chave no enunciado, pois são elas irão direcioná-lo na localização da resposta”, explica o professor Marcelo Santos.
“Analisando ano a ano a prova de inglês da Fuvest, é possível perceber sobretudo o uso de textos de atualidades nas questões. Os textos, que serão utilizados para questionamentos que avaliam leitura e interpretação, costumam tratar de temáticas como meio ambiente, tecnologia, saúde ou economia, e são retirados de veículos de comunicação impressos ou da Internet”, ressalta a professora Tássia Osipoff. “Neste último mês de preparação, o candidato deve ler notícias em inglês diariamente, e refazer provas anteriores, para entender como a banca examinadora concebe sua prova”, explica Marcelo.